Parque da Redenção perde o encanto quando o sol se põe

Ao cair da noite, diminui o movimento de pessoas caminhando ou correndo pelo Parque da Redenção devido à escuridão |Foto: Filipe Castilhos/Sul21

Ao cair da noite, diminui o movimento de pessoas caminhando ou correndo pelo Parque da Redenção devido à escuridão |Foto: Filipe Castilhos/Sul21

Jaqueline Silveira

Um dos parques mais tradicionais e visitados da Capital perde um pouco de seu encanto quando o sol se põe, dando lugar à insegurança. Com 37,5 hectares (ou 375 mil m²) de área, o Parque Farroupilha – ou da Redenção, como é mais conhecido – oferece inúmeras atrações e atrai milhares de visitantes, porém, à noite diminui o movimento devido à escuridão. No entardecer, dezenas de pessoas passam pela vegetação mais fechada caminhando ou correndo. Também famílias passeiam com os filhos de bicicleta ou com os animais de estimação. À medida que o breu toma conta, os frequentadores começam rapidamente a desaparecer do parque. As poucas pessoas que circulam pelo lugar, muitas atravessando a Redenção na volta do trabalho, caminham apressadas.

Os frequentadores reclamam da falta de iluminação e da insegurança. No mês passado, em menos de 10 dias ocorreram dois assassinatos dentro do parque – em 5 e 13 de fevereiro -, assustando quem circula pelo local. Moradora do Bairro Santana, a corretora de imóveis Joseli Oliveira costuma passear com seu cachorro pela Redenção, mas, ao escurecer, se apressa para ir embora. “À noite é bem escuro isso aqui”, diz ela, apontando o motivo de não circular no parque depois de cair a noite. Ela lembra que um grupo do bairro Cidade Baixa chegou a organizar um luau na Redenção, mas acabou desistindo devido à falta de iluminação.

Há lugares que há postes, mas as lâmpadas estão apagadas, provocando muita escuridão|Foto: Filipe Castilhos/Sul21

Há lugares que há postes, mas as lâmpadas estão apagadas, provocando muita escuridão|Foto: Filipe Castilhos/Sul21

Os amigos Moisés Almeida e Rafael Bosch tomam chimarrão todos os finais de tarde da Redenção e, devido à frequência com que vão ao local, conhecem boa parte dos frequentadores diários do parque, mesmo assim não costumam permanecer no lugar depois do entardecer, por conta dos assaltos. Depois dos homicídios recentes, então, os dois estão ainda mais receosos.  “É surreal essa escuridão”, afirma Rafael. “Moro há 14 anos e é sempre a mesma coisa”, emenda Moisés, sobre a escuridão. Ele diz que, como em um dos lados do tapume que cerca o Espelho d’ Água em obras não há iluminação, aumenta a sensação de perigo. Enquanto conversavam com a reportagem do Sul21, a escuridão chegou e os jovens logo se despediram. “Tá na hora de ir”.

Há dois meses em Porto Alegre para um intercâmbio, as estudantes chilenas Maria Fernandes e Eliza Barrio já foram alertadas sobre a insegurança no Parque à noite. Com pouca visibilidade no local, elas caminham a passos rápidos e um pouco desconfiadas em direção a uma das saídas da Redenção. “Sabemos que é perigoso”, explica Maria, sobre o caminhar apressado. Por volta das 19h30, está totalmente escuro e não é possível visualizar as poucas pessoas sentadas debaixo de algumas árvores onde há postes, mas as lâmpadas estão apagadas. Especialmente no lado da Avenida Osvaldo Aranha, quase não há iluminação. As poucas pessoas que permanecem à noite no parque procuraram sentar em lugares sob lâmpadas acesas, evitando estar em meio às árvores.

São poucas as áreas que estão com boa iluminação e que todas as lâmpadas estão funcionando. As pessoas priorizam os locais iluminados para caminhar|Foto: Filipe Castilhos/Sul21

São poucas as áreas que estão com boa iluminação e que todas as lâmpadas estão funcionando. As pessoas priorizam os locais iluminados para caminhar|Foto: Filipe Castilhos/Sul21

Prefeitura atribui escuridão à reforma

Diferentemente dos depoimentos dos frequentadores do Parque da Redenção, a prefeitura alega que a escuridão é momentânea devido às obras que estão ocorrendo para resolver, justamente, o problema da falta de iluminação. Segundo a Secretaria de Obras e Viação, “há pontos de iluminação que estão apagados em decorrência da instalação de novos equipamentos.”

A obra, de R$ 1,5 milhão, prevê a instalação de 459 pontos de iluminação, distribuídos entre as potências de 150 (245 pontos), 250 (190 pontos) e 400 watts (24 pontos). Também, conforme a Secretaria de Obras, será instalada a nova rede de iluminação pública, com adequação dos pontos existentes e implementação de novos, priorizando o entorno e os principais caminhos do interior do parque.

Supervisor de Praças, Parques e Jardins da prefeitura, Mauro Gomes de Moura diz que, por enquanto, já foi recuperada 40% da iluminação do local e que assim que a obra for concluída, a situação estará melhor. Quanto à insegurança, Moura avalia que hoje “em todo o lugar está perigoso” e que os guardas-parque fazem a segurança da Redenção, porém, pela extensão do parque, não é possível monitorar toda a área. Ele acrescenta que tem enfrentado muitos problemas, principalmente com os furtos. Recentemente, conforme afirmou, foram levadas três placas de bronze. “A gente não consegue estar em todo o lugar e há muita vegetação”, argumenta o supervisor, sobre a insegurança no local. Além disso, o supervisor diz que o número de câmeras instaladas não é suficiente para a cobertura da segurança do parque, sendo priorizados os monumentos.

Espelho d’ Água

Desde o mês de janeiro, há uma reforma em andamento na área ao redor do Espelho d’ Água e do chafariz, que está cercada por tapumes, restringindo o espaço do parque. A obra está sendo custeada por uma rede de supermercados, obrigada a fazer a compensação ambiental pela construção de novo empreendimento.  No local, conforme Moura, está sendo feita a recuperação de 76 bancos, da rede de esgoto pluvial, do piso e do ladrilho hidráulico e de parte da grama. A reforma deverá ser concluída em seis meses.

SUL 21 – para ver muitas outras fotos da Redenção a noite, clique aqui (Sul21)



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7 respostas

  1. Este parque assim como o Mercado retratam bem a atual situação dos espaços públicos da cidade, abandono geral por parte da prefeitura. É triste ver como a cidade se fecha cada vez mais em codominios , muros e shoppings.

  2. Hoje estacionei nas vagas que há entre a rótula da Paulo Gama e o primeiro espelho d’água e, quando voltei para o carro, não o encontrei. Ele não havia sido roubado, apenas estava invisível porque não havia NENHUMA iluminação. Foi necessário ligar a lanterna do celular para localizar o veículo. Breu total, como quando falta luz. As únicas almas vivas na região eram os flanelinhas – ou as únicas visíveis, claro.

  3. Só para constar, o artigo é bom e é do sul21 hein pessoal 🙂

  4. Eu cruzei o eixo do espelho da água pedalando esses tempos… foi meio assustador. Passei zunindo!

  5. Eu passo perto da Redenção de noite e não tem pouca iluminação… Não tem NENHUMA iluminação.

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