Centro Histórico de Porto Alegre – Vamos cuidar, por Adeli Sell

Centro Histórico vista parcial do alto. Foto: Gilberto Simon

Centro Histórico – vista parcial do alto. Foto: Gilberto Simon

Pensei em dar um título pessimista, pois o clima de violência é antigo no centro da cidade. Mas nos últimos dias mais parecia um campo de batalha, com mortes, facadas e muita desordem oriunda dos inferninhos. Sem mencionar a triste realidade dos moradores de rua, da cracolândia, da falta de limpeza. Coisas que setores da mídia tradicional só falam quando a pauta pode render uma “boa” manchete.

Quem ama, cuida. Quem gosta, curte. Quem vive, quer viver mais e melhor. Como não sou de chorar as pitangas, nem de fazer terror, muito menos de fazer de cada ato ou fato um rolo político-partidário, quero que o leitor nos acompanhe na busca por caminhos e mudanças.

Há muito que faço isto todos os dias, com mais um grupo de pessoas, moradores daqui e de muitos outros locais da cidade, tentando fazer de Porto Alegre uma cidade que volte aos trilhos e recomponha sua modernidade perdida. Para tanto, estamos construindo a Acevipa – Associação Centro Vivo Porto Alegre – uma Instituição que tem como objetivo levantar questões, propor soluções e fazer coisas possíveis de serem feitas por qualquer cidadão.

Num domingo, em plena Praça de Alfândega, banquinhas e banquinhas com “comida de rua”, com o Margs e o Memorial ali, esperando visitas. Já no mesmo dia, à noite para o amanhecer, uma jovem de 14 mata uma de 16 a tiros. Um jovem de 17 esfaqueia outro de 23. E surgem dois dias antes mais um inferninho na rua Marechal Floriano.

A impressão que fica é que todo mundo anda “mais perdido que cusco em tiroteio”. Nossos administradores precisam “acordar”, pois uma cidade precisa ser gerida por pessoas atentas, modernas, ousadas, que tenham diálogo com a cidade viva. Um recado direto aos órgãos policiais e à administração local. Há muita bebida sendo vendida para menores e isto é crime. Daria cadeia, se todos fossem ágeis e atentos. E talvez mortes se evitassem.

A Prefeitura não tem dado a devida atenção para a preservação do patrimônio, não usa a legislação do tombamento patrimonial, sim, este é o nome, nem o Estatuto da cidade é aplicado. Descubro uma  lei – derrelicção – que trata do abandono de espaços e construções, se usada, pode o imóvel vir para a Prefeitura. O sujeito não paga imposto, deixa o prédio cair, para daí pensar em ganhar grana com a especulação imobiliária. E disto o Centro está cheio.

Na Rua João Manoel e na sua escadaria queremos seguir os mesmos passos dados na Rua 24 de maio e sua escadaria. Criar o novo. Abrir novos pontos de lazer para as pessoas. Uma cidade só é boa quando for boa para as pessoas. Mas o medo tem afastado os moradores das ruas e dos bons botecos. Os inferninhos e a violência não só espantam, mas matam. Por isso, vamos fazer uma ampla campanha para cuidar do nosso Centro Histórico e começar a construção da nossa Acevipa.

 Adeli Sell é morador do Centro e ex vereador de Porto Alegre

adeli13601@gmail.com



Categorias:Abandono, Artigos, Revitalização do centro

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20 respostas

  1. Não há nenhum motivo lógico, social, econômico ou ético para que se mantenha vivo um criminoso contumaz, um traficante ou um psicopata. Nenhum.

  2. Concordo com o argumento de que todos somos bandidos em potencial. Grandes, médios e leves delitos devem ser combatidos exemplarmente e na devida proporção relativa a cada delito. E quanto ao radicalismo, esse jamais foi o meu ponto. Pena de morte não é uma punição radical e sim uma punição necessária. O pragmatismo acima de tudo é a minha filosofia. E o aniquilamento de criminosos e traficantes trás dois benefícios sociais. 1) A certeza de que o criminoso não estará mais aqui para repetir outros crimes, o que é um alívio a quem não é bandido. 2) A não necessidade do contribuinte ser onerado ao sustentar criminoso na cadeia.

    • Pena que não é assim que resolveram o problema. Os países que a gente vê como modelo simplesmente não implementam isso que tu tá falando. A capacidade de vomitar bobagem tirada do nada é impressionante.

      http://en.wikipedia.org/wiki/Use_of_capital_punishment_by_country

      Fora os EUA, nenhum país que eu escolheria para morar usa pena de morte.

      • Nada como a velha lei de Talião e as punições draconianas. Chega de vadiagem e tipinhos defendendo o iluminismo de boteco. Em países cuja bandidagem já tomou conta, só matando todo mundo. No Brasil não há mais saída a não ser o extermínio em massa da bandidagem.

      • “Fora os EUA, nenhum país que eu escolheria para morar usa pena de morte.” (Felipe)
        Isso é o que eu chamo de instinto de autoproteção.

      • “Isso é o que eu chamo de instinto de autoproteção.” – Isso que chamo de insistência em falar m*.

  3. Há alguns países que sabem como resolver os problemas de violência e corrupção. Eles não se apegam a pieguismos, tabus religiosos e socialismo de boteco quando o assunto é punição. Lá fazem o que tem que ser feito (se é pra resolver o problema). Lá matam traficantes, aniquilam a vida de viciados, cagam a pau os vândalos e acabam com a festa dos corruptos e corruptores. Se querem saber como se resolve esses problemas, basta por exemplo uma visita a Singapura. O resto é papo furado. Traficante tem que morrer, usuário tem que mofar na cadeia, vândalo tem que perder dinheiro e levar porretada nos cornos e corrupto tem que perder o patrimônio e apodrecer no xadrez….a não ser que não se queira resolver esses problemas. Se é pra não resolver, indico tudo o que se faz no Brasil. Passar a mão na cabecinha dos adolescentes, manter quadrilheiros e traficantes vivos e tratar viciados como doentes carentes. Aqui é o playground da bandidagem….nas ruas, presídios e no Estado. O Brasil é uma latrina.

    • O problema, Oscar, é estipular os itens dessa “cesta básica de crimes sem perdão”. Por exemplo, fazer download de mídia pirata e furtar um celular? Qual é pior? Os dois entram no mesmo balaio? Para mim, sim. Não é porque se tratar de software que o crime é menos grave.

      Sonegar impostos x traficar drogas. Ambos produzem consequências graves na saúde da população. O primeiro restringe a verba para se investir em saúde e educação; o segundo torna as pessoas dependentes e doentes. Para mim, é a mesma coisa.

      Usar cocaína diariamente x dirigir alcoolizado: qual é o pior? Difícil essa. Há quem diga que uma latinha não vai deixar você um animal incontrolável no trânsito. Porém, é crime.

      Essa lista é interminável, e vamos achar um crime em nós podemos nos enquadrar. Somos todos meio bandidos. Por isso que é tão difícil compor essa cesta básica. Os mesmos crimes podem ser mais graves e menos graves, dependendo do contexto. Não dá para condenar todos da mesma forma.

      Agora, até concordo que as pessoas poderiam ser presas com mais facilidade aqui no Brasil. Inclusive eu, tu, nossos amigos, enfim, qualquer um. Não precisaríamos ser condenados à morte, como você sugere, mas apenas levarmos um belo cagaço da força da lei. Tudo com dignidade e respeito por parte dos policiais. Acho que mais limites não fariam mal, mas tudo num bom nível de racionalidade, sem radicalismo.

    • O semiografo de onde tu tirou esta história de verdadeiro capitalismo.É obvio que todos devem ter o direito de estudar.Tu deve ta vivendo no mundo da lua ou pior dos estudantes de filosofia,só viagem.A nossa estrutura legal e prisional esta desta maneira de propósito.Parte da máquina publica e seus funcionários se beneficiam disto.Vejamos um sujeito é condenado por tal homicidio,se faz um monte de papelada se usa uma baita estrutura da justiça,custo.O querido cumpre x da pena e vai para o semi-aberto volta a delinquir,uso da máquina policia judiciário,mais papel,custo.Vai preso mas consegue sair e volta a delinquir,mais papel,mais custo.Tu e este pessoal que defende este papo furado de paz e amor e resort para notorios delinquentes tão viajando.É raro o sujeito se regenerar e a dor e sofrimento que ele causou as familias dos outros.Tu imagina um pai ou uma mae que suam para comprar algo para o seu filho e vem um sujeito e toma dele e bate nele e se for menor e for pego vai ser acolhido na fase para os filosofos e psicologos darem palestra para eles.Para ensinarem a serem bonzinhos fraternos.Isto não resolve.Deve haver penas graves para roubos com agressão,não importa a idade.Cadeia não foi feita para regenerar ninguem e sim para punir.A diferença, ai eu concordo com os filosofos que é mais facil pegar o pobre do que o rico.

  4. Uma parcela expressiva dos politicos e partidos politicos como o PT e seus satelites apoia descaradamente os trasngressores com o papo furado da recuperação da bandidadagem e coisas mais.São contra diminuir a idade para responder por crime grave,são contra o trabalho honesto de menores,no interior piá decente ajuda a familia, porque ganham dinheiro e poder bancando um monte de ongs pró direitos humanos ,mano infrator,coitadinho do crack e outras tribos.Agora a culpa mesmo é da sociedade que não vota em gente decente e não cobra açoes mais fortes.Não é so´em Porto Alegre é a sociedade brasileira que reclama, mas na hora de agir se equivoca.Não acredito que as marchas contra a Dilma e contra a corrupção vão mudar muito,mas é um bom começo.

    • Pena que redução de maioridade penal não funcionou em lugar algum do mundo né?

      Essa de menores trabalhar também acho graça, conheço muita gente que fala isso mas “deusmelivre” meu filho trabalhar, ele tem que estudar.

      • Tomara que nem tu e nem pessoas que tu goste sejam vitimas de violência.Nenhuma legislação do mundo vai impedir que as pessoas cometam delitos.Agora se cometerem elas tem de ser punidas.A redução de maioridade penal não é para impedir delitos é para punir.Quem não precisa trabalhar deve estudar,bons pais entretanto devem mostrar a seus filhos que dinheiro não cai do céu,isto ajuda a formar responsabilidade,é uma opção pessoal e a hipocrisia da lei proibe.Já disse e retorno a falar existe toda uma rede que fatura com a delinquencia juvenil,as ongs tão ai para isso.

      • Renato, discordo que “quem não precisa trabalhar deve estudar”. Acho que todos devem ter o direito de estudar. Do contrário, estamos simulando um capitalismo pseudoliberal, de cuecas.

        O verdadeiro capitalismo deve permitir igualdade de condições iniciais, de forma que os REALMENTE melhores prosperem, e não os que conseguem se destacar só porque tinham mais dinheiro durante a largada. Sou a favor de que um pobre e um rico tenham, em geral, a mesma quantidade de sucesso, caso se esforcem com a mesma intensidade.

        Sobre a maioridade penal, acho interessante em tese, afinal, quanto mais punição à violência, melhor. Só que não… essa gurizada vai fazer faculdade de barbárie na cadeia. Vai ser violentada de todas as formas e vai voltar para a rua querendo a desforra. Os nossos presídios são uma vergonha, assim como a presença policial nas comunidades periféricas. Tudo é feito para não funcionar. A violência deve ser o foco da repressão. Furto de galinhas (e smartphones) é o de menos.

        Quando tivermos presídios com lotação sob controle e polícia presente na perifa, aí podemos retomar a conversa sobre a redução da maioridade penal, que acho que é algo que até encontra algum sentido em sociedades mais evoluídas. No nosso caso, ainda precisamos terminar os alicerces antes de encarcerarmos o menor delinquente.

      • Eu já sofri violência. Isso não significa que quero alguém de 14 anos no pior sistema prisonal do mundo, até por que só vai sair pior de lá. Sério que achas que botar um adolescente no presídio central vai resolver algo? Me desculpa, mas isso é sentimento de vingança, não uma solução.

      • 90% da população é a favor da diminuição da menoridade penal, a favor de nos aproximarmos das leis ocidentais e de países de primeiro mundo. Detesto esse viés anti-esquerda do blog para justificar as coisas, mas no caso da diminuição da maioridade penal e aumento das penas é COMPROVADA a diminuição da criminalidade em até 70% dos casos, principalmente quando o aumento de pena também ocorre para menores infrações como pichação, lixo no chão etc.

  5. Olá,,,sabem, fico á catar um trecho já escrito e mencionado por algum pensador de nosso passado que, já tenha prenunciado,nosso estado e espaço atual,,,melhor não procurar mais,pois isto enalteceria ainda mais uma verdade do passado, diante de um erro previsto,mas que foi ignorado e está presente em nosso atual momento.
    Nosso atual momento, é de prisão domiciliar, já foi mostrado em tempos atrás, bem recordo qdo meu avô, certa vez, comentou: “chegará tempo, que vamos estar presos dentro de casa, rodeados por grades e muros, cercas farpadas e telas com bandido solto na rua…” Isto foi em 1974, qdo apareceram algumas cercas de aramae farpado e taquara; hoje já me vejo absorvido por esta realidade que vem crescendo abruptamente ha cada dia que se passa. Nossas leis foram feitas, num tempo, que bandido respeitava policia e temia a lei? Menor estava na escola e vara de marmelo fazia parte da decoração da sala; Policia podia trabalhar e direitos humanos tinham um pingo de decência, não pensavam em afundar a sociedade, que é quem paga as contas e seus salários, assim como, o salários altos de nosso sitema de governo, que deveria trazer organização e ordem e não deixar bandido comandar o jogo. Tenho vergonha de meus lideres partidários, pois, tdo que votam nos plenários e câmaras, são leis que vão de encontro ao bem comum e geral do Povo,nada é feito pra proteger e dar segurança a sociedade, tdo é organizado com um início e fim: ‘dar retorno á eles mesmos, o politicado.’ Não digo que precisam sair matando bandido ou qualquer um que comete um erro,mas que, façam valer o direito de ir e vir, ser real, sem hipocrizia e falta de caráter? Que a lei comece ter bom senso, já que não tem moral e ética sobre tdo que acontece em nosso meio, já ha anos, décadas e nada é feito para ser mudado esse sitema primitivo e atrasado. Não temos mais o direito de sair a rua, ás ruas, pois, podemos não voltar. Os fins de tarde nos parques??? Bah tchê, nem pensar,pois, o bandido que poderá nos roubar,já foi preso milhares de vezes em menos de um mês e está solto de novo, pronto pra jogar com nossas vidas e o pior, é que ele (bandido) sabe disso, sabe que a impunidade e os direitos humanos, estarão do lado do crime, assim como as leis, criadas por nós,cidadões, trabalhadores e sociedade. Um tempo atrás, eu temia a morte, hoje temo o sitema, que não pode me dar segurança direito de cuidar de minha vida e de minha familia, por que, não sei se amanhã, vou acordar com meus filhos ou se estraei com eles, educando e convivendo em paz. . . usufruindo de cada moeda tirada de meu suor, com meu trabalho. Nosso sistema atrasado, está formando cada dia, mais bandido e fora da lei, pois, não tem interesse em melhorar a situação. Nossa cidade, nossa capital, já foi uma linda porta de entrada, hoje porém, tornou-se em uma tapera,de porta encostada e tomada pelo cupim, envelecida e podre, onde o tempo, permitiu tdo acontecer, menos o cuidado com sua estrutura. desabafo feito,,, Att. Genivaldo D Ornellas Silva- 51 99797944

  6. Boa observação sobre a venda de álcool a menores. O jovem da periferia merece se divertir em um ambiente civilizado, livre de violência. Não é um problema apenas para os moradores que precisam dormir enquanto um mano exibe seu potente aparelho de som automotivo. É também um problema para quem usufrui do entretenimento noturno no centro.

    São verdadeiros saloons, onde olhar para a pessoa errada ou dar uma trombada sem querer num traficantezinho deslumbrado pode significar risco iminente de morte. É inadmissível que o Poder Público tolere essa situação. São estabelecimentos comerciais coniventes com crimes contra a vida. Esses locais precisam ser disciplinados. Não é possível que o funk não possa conviver com civilidade. E, se hoje não é possível, que se torne possível com presença policial, fiscalização sobre venda de drogas e álcool, etc.

    É preciso pacificar a periferia e os espaços de entretenimento da periferia. Isso não deve significar oprimir a cultura da periferia (funk, ousadia, se(ns)(x)ualidade, hip hop, etc), mas sim tolher a violência com firmeza. Eu procuro ser pés no chão. Tentar acabar com o tráfico enquanto consumidores não recebem punição alguma é uma luta inglória. A polícia tem que estar na periferia pensando em coibir a violência antes de pensar em coibir o tráfico. Se não é possível prender o cidadão de classe média que entra nas bibocas para comprar a sua cocaína, que se faça vistas grossas para quem vende. Mas se o vendedor der um tiro para cima sequer, deve haver uma devassa no local. O traficante tem que saber que qualquer ato de violência não vai ter perdão, embora se ele ficar quieto no seu canto, ninguém vai importuná-lo.

    A nossa legislação é uma verdadeira droga. A abordagem atual do tipo tolerância zero não consegue se efetivar no plano real. É uma utopia. Prende-se um, surgem dois; prendem-se dois, surgem quatro. O que tem que ser coibido é o microondas, o acerto de contas, a vingança, etc. Isso é que tem um impacto real nas vidas do morador de periferia e das regiões centrais.

  7. Quando ocorrem as reuniões da Associação Centro Vivo Porto Alegre. Tenho interesse de participar, pois também sou moradora do Centro, na Rua Duque de Caxias. Aguardo local, dia e hora da próxima reunião.

    Att.

    Maria do Carmo Arismendi Hernandorena

  8. As vezes eu acho que querem que o centro se torne um lugar livre de leis.
    hahaha

    Não sei se alguém viu um video de uma carrocinha de cachorro quente que tem perto do mercado, o pessoal lavando as bacias onde ficam salsichas, milhos, etc, tudo com água do chão, da rua mesmo.
    E o pessoal dando risada.

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