Movimentos “do contra” se organizam contra o Pontal

Imagem: Divulgação.

Imagem: Divulgação.

O Jornal Já, um dos mais retrógrados veículos que já existiram nesta província, noticia exaustivamente as audiências públicas quer acontecerão amanhã (8) e na quinta (9).

Veja a matéria que foi publicada hoje neste blog/jornal/site:

Movimentos se organizam para audiências públicas do Pontal

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Aproveito e convido a todos para participar das audiências públicas.

São elas:

  • Dia 08 de abril, quarta-feira, no Salão Amarelo do Jockey Club, Av. Diário de Notícias, às 19h
  • Dia 09 de abril, quinta-feira, no Salão Paroquial da Igreja Sagrada Família, na Rua José do Patrocínio, 954, Cidade Baixa, às 19h

Imagens do “projeto”:

https://portoimagem.wordpress.com/imagens-do-parque-do-pontal/

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Deixo aqui um texto que redigi em 2014, por solicitação de um estudante de jornalismo:

O Pontal do Estaleiro

Por que fui (e sou) favorável ao projeto

Porto Alegre sempre careceu de áreas interessantes e urbanizadas na orla do Guaíba. Esta área da Ponta do Melo, como é chamada originalmente, sempre foi uma região totalmente distante do dia a dia da cidade. Nunca pertenceu de fato a ela. Nos primórdios do desenvolvimento da nossa cidade foi um lixão. Muito pior dos que temos hoje. Posteriormente foi cedida a uma empresa, Estaleiro Só S.A. que o transformou num dos mais importantes estaleiros navais do país, tendo exportado navios para o mundo todo até a década de 80.  Pois bem, com a ruína da indústria naval no Brasil, o Estaleiro Só faliu na década de 90.

Desde então, aquela área segue totalmente entregue ao nada. Até que um dia, uma empresa a compra e resolve construir um belíssimo empreendimento de uso misto, com torres residenciais, hotel e torre comercial, de apenas 14 andares. Para a população desavisada, são verdadeiros espigões.

A questão central era por que construir prédios residenciais em plena orla?  Não deveria ser uma área pública, para uso de todos?

Segundo esse raciocínio, sim. Mas considere o seguinte: a cidade possui 72 Km de orla, quase integralmente sem acesso da população. As únicas áreas da orla que possuem este acesso, razoável, são a praia de Ipanema e a região da Usina do Gasômetro. Todas as outras partes da orla jazem desertas, sem segurança, sem urbanização, sem estrutura para se usufruí-la.

Neste ínterim, temos o lançamento do empreendimento Pontal do Estaleiro, que, conforme a lei de uso de áreas próximas à orla, propõe a utilização de 54% do total da área do pontal para a população. Ou seja, mais da metade da área seria de uso público!

Esta é a principal razão pela qual sou totalmente favorável ao empreendimento tal qual ele fora concebido. O projeto também previra marina pública, restaurantes, amplas áreas para contemplação do Guaíba, calçadões, ciclovia, paisagismo elogiável. Todos estas características tornariam a área ímpar na cidade. Uma área com nível de urbanização que jamais imaginamos existir em Porto Alegre.

Eis que em 2009, foi realizado um referendo com o intuito de a população resolver se seria a favor de construir prédios residenciais (e somente eles) no empreendimento. Após uma estúpida e mentirosa campanha liderada por algumas empresas jornalísticas de grande expressão na cidade, há uma esmagadora vitória do NÃO à construção. Cerca de 1,9% dos eleitores da cidade compareceram às urnas (22 mil eleitores frente a um universo de 1,06 milhão de eleitores). 18.212 votaram para que o projeto tenha apenas áreas comerciais. A favor das construções residenciais, 4.362. O grande problema é que a maioria da população acredita que nada vai sair ali.

Há quem prefira um parque no local. Questões: Mas já não temos parques suficientes na orla? E eles são bem aproveitados? Possuem uma exemplar infraestrutura? O poder público tem condições de investir em mais uma grande área de lazer?

Resumindo, sou favorável ao projeto da forma como ele foi elaborado originalmente por que tornará viva uma área morta da cidade, levando população residente movimentando o local em todos os horários e não somente áreas comerciais. Uma área que nunca foi utilizada pela população e agora o será. Uma área privada que se tornará pública em 54%. O que é melhor? 0% pública ou 54% pública?  Teremos uma área pública (parcial) mas com ótima estrutura, inédita na cidade, para que todos, sem exceções, dela usufruam.

Gilberto Simon

Alguns links esclarecedores no Blog Porto Imagem:



Categorias:Arquitetura | Urbanismo, ORLA, Pontal do Estaleiro

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59 respostas

  1. Atender ao Plano Diretor é OBJETIVO. Se atende será aprovado. Se não atende, o projeto deverá sofrer modificações para atender. Não há interpretações adjacentes. É preto no branco.

  2. Não pudi ir na audiência pública hoje e não vou amanhã devido aula na faculdade. Mas acredito que a discussão vai se envolver mais na questão se o pontal deve sair do papel ou não, enquanto que a temática deveria ser em propor melhorias no projeto. Infelizmente é isso que vai acontecer.

    • Não há nada o que ser discutido em relação à formatação do projeto. É um empreendimento particular. A única coisa que ele precisa atender é ao Plano Diretor. O resto fica por conta exclusiva do incorporador e dos projetistas. Como se fosse necessário submeter projetos eminentemente privados ao crivo da opinião pública. As coisas estão ficando insuportavelmente demagógicas nesta terrinha muquirana.

      PS. E eu aposto que não sairá nenhum projeto na área do Pontal. Se os empreendedores foram um pouco mais espertos, constroem em outra cidade menos chulé.

      • “Atender ao plano diretor” é bem vago na categoria dos “projetos especiais”. O conceito de projeitos especiais só existe exatamente para agradar os amigos do rei, é ingenuidade não entender isso.

        Aliás, se o “projeto é especial” por que não pode ser discutido com a opinião pública? Não que vá ser discutida, audiência pública só existe para fazer de conta que há democracia direta aqui.

      • Não há nada de projeto especial. Há uma área especial, regulada pelo Plano Diretor. Foi uma área na qual o Plano Diretor foi alterado…seja lá pra atender o empreendimento, clientelista, não-clientelista ou coisa que o valha. O que interessa é que é uma área na qual o Plano Diretor foi alterado e qualquer projeto que atenda o Plano Diretor encerra-se em si mesmo; não depende de aval popularaesco. Existem várias área assim em Poa. Não é só no Pontal.
        A área do Olímpico e a dos Eucaliptos também foram alteradas pelo PDDUA. São as AEI’s.

  3. ^^Segundo “alguns jihadistas”, teremos TODOS que andar de bicicleta.

  4. Ao ler essa publicação do jornal JÁ, sobre o possível aumento no número de congestionamentos na região em virtude do pontal, achei importante ressaltar alguns coisas sobre mobilidade e planejamento urbano… resolvi escrever um pouco para tentar levantar uma discussão importante sobre esse assunto…

    Sou morador da zona sul há 26 anos e sou favoravel ao projeto do pontal, mas não posso negar que ficou insuportável de morar nessa região da cidade em virtude do progresso inevitável. A construção de um shopping trouxe muitas facilidades, mas também trouxe muita especulação imobiliária e um aumento importante na taxa de ocupação da região. Mas não podemos colocar toda a culpa dos problemas da região no progresso natural de um grande centro urbano ou na criação de um shopping. Há 20 anos atrás todos já sabiam que a zona sul seria a região de Porto Alegre para onde a cidade iria crescer e abrigar o seu aumento populacional. E o que foi feito?! A princípio, nada. A duplicação da orla só foi feita em virtude da copa. Projetos de mobilidade urbana como o aeromóvel sequer saíram do papel. Além disso, a prefeitura já cancelou a entrega de importantes obras para a região, como a avenida tronco, vicente monteggia, Oscar pereira etc. A cel. Marcos continua sendo uma estrada, sem calçadas e sem sistemas de coleta pluvial, porém com inúmeros congestionamentos. A Av. cavalhada continua com o mesmo traçado de 1995, apenas ganhou uma “tinta azul”, diminuindo o número de pistas para então criar uma faixa exclusiva de ônibus, afinal, seria mais caro construir uma pista para ônibus que fosse independente das já existentes. A Wenscellau Escobar está parada, mesmo com 3 pistas para cada lado, culpa do afunilamento da via próximo ao spazio e pela rotatória com a Otto, mas principalmente por culpa no aumento de automóveis circulando pela via e pelo aumento da taxa de ocupação da região, com inúmeras habitações novas em bairros como Tristeza, Vila nova, Ipanema, nova Ipanema, Belém novo, Belém velho, etc . O que me causa mais estranheza é que as inúmeras administrações públicas simplesmente ignoraram essa região por décadas, não realizaram estudos urbanísticos de ocupação, de mobilidade e de acessibilidade suficientes para englobar essa futura expansão da cidade. Houve omissão por parte da administração municipal e hoje pagamos caro por isso, não por culpa de um shopping, muito menos por culpa de projetos como o pontal, mas sim por culpa das sucessivas administrações públicas que não se preocuparam em criar condições adequadas para a cidade crescer. Qualquer grande centro urbano precisa de uma região para crescer, isso é uma regra para um centro urbano, e se não for feito de forma correta e planejada, criamos esse verdadeiro caos urbano que dificulta vida de todas as demais regiões da cidade. Nos últimos 5 anos, tornou-se impossível de trafegar na zona sul sem enfrentar 2 ou 3 engarrafamentos diários pelas vias da região, além disso, o fato do centro ser tão longe, obriga a população a utilizar o carro, já que o serviço de transporte público da cidade está muito longe de ser adequado, superlotando ainda mais o centro da cidade com os carros provenientes dessas regiões.

    Estudando mapas de grandes centros urbanos não pude deixar de notar a grande diferença estrutural e a ridícula forma desorganizada com que a nossa cidade está crescendo. Alguns mapas de cidades me chamaram mais atenção, como o mapa de Los Angeles e da Barra da Tijuca no Rio de Janeiro, por serem exatamente isso, grandes centros urbanos e com inúmeros problemas que todas as grandes cidades enfrentam. Longe de ser perfeita, a urbanização da Barra da Tijuca foi planejada em 1969 e executada em 1970 por um grande urbanista e visionário com o intuito de descentralizar o crescimento da cidade e criar um anel rodoviário na região. Obviamente que é impossível prever o que acontecerá daqui a 45 anos, e ,apesar da região também enfrentar problemas estruturais hoje, o próprio projeto do urbanista deixou margem para que se fizessem melhorias na região, sendo do meu ponto de vista um projeto visionário e com muitos acertos, algo que faltou para a nossa cidade.

    Desculpe se ressaltei algo que não esteja correto, minha ideia não é criar conflitos, apenas criar oportunidade de conversar mais sobre mobilidade urbana e sobre como queremos que a nossa cidade cresça para o futuro.

    • Desculpem os erros de digitação, não estou acostumado com IPad..

    • No geral concordo contigo. Moro na zona sul e hoje penso que quando me mudar vou para o centro. A zona sul que eu gostava não existe mais mesmo e se é para enfrentar trânsito pesado melhor morar em um lugar que eu possa fazer tudo a pé.

      E isso vem de alguém que se desloca principalmente por bicicleta e ônibus.

      • Morei na zona sul (de verdade) até 2005, lá em Ipanema perto da entrada da Serraria. Adorava, hoje vou lá e vejo outro bairro, cheio de casinhas iguais e “condomínios” onde antes existia uma casa e um pátio. Aquilo não me atrai mais. A zona sul acabou. Hoje moro no Menino Deus e não quero sair dessa região: Menino Deus / Cidade Baixa / Bom Fim.

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