Sai São Paulo, entra Porto Alegre: as cidades médias são o futuro

Parque em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul.  Ricardo Stricher/Arquivo PMPA

Parque em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul. Ricardo Stricher/Arquivo PMPA

São Paulo – “Até executivos ocidentais bons em geografia teriam dificuldade de achar Surat, Foshan ou Porto Alegre em um mapa. Mas na próxima década, cada uma dessas cidades deve contribuir mais para o crescimento econômico global do que Madrid, Milão ou Zurique”.

A provocação é de Richard Dobbs, James Manyika e Jonathan Woetzel, trio de diretores do McKinsey Global Institute, braço econômico e de pesquisa da consultoria McKinsey, uma das maiores do mundo.

Eles publicaram um artigo na semana passado no Financial Times e estão nas livrarias com o livro “No Ordinary Disruption” (“Rompimento Incomum”, em tradução livre), sobre 4 forças globais que estão quebrando paradigmas econômicos.

Uma delas é a caminhada do centro de gravidade da economia global dos mercados avançados em direção aos emergentes. Outra força é o movimento dentro desses emergentes, das grandes cidades em direção às médias.

Isso acontece porque o mundo vive o maior processo de migração da história humana, e ele é do campo para a cidade. A população urbana global cresce a uma taxa de 65 milhões de pessoas por ano (7 Chicagos, ou todo o Reino Unido).

Esse movimento não ocorre por acaso. As pessoas sabem que é nas cidades que está o dinheiro, e sua concentração nelas aumenta produtividade, trocas, conhecimento e inovação, em um processo de escala que se retroalimenta.

De forma geral, cada 20% de aumento na taxa de urbanização de um país dobra sua renda per capita. O Brasil viveu o grosso desse processo entre as décadas de 50 e 90, mas China e Índia só começaram a tirar o atraso desde então.

E com isso, conseguiram reduzir dramaticamente a pobreza de suas populações – que combinadas, somam praticamente um terço da humanidade.

De 2012 a 2025, a contribuição das megacidades dos países emergentes (como São Paulo e Lagos, na Nigéria) para o crescimento global deve ir de 5% para 11%. Já a participação das cidades médias destes mesmos países deve saltar de 22% para 50%.

“No Brasil, por exemplo, o estado de São Paulo tem um PIB maior que o da Argentina, mas a competição é brutal. Novos atores no mercado brasileiro podem se dar melhor no Nordeste, a parte mais populosa e pobre do país, onde cidades em ebulição como João Pessoa e Natal crescem a uma taxa 50% maior do que a média nacional”, dizem os autores.

Em um ranking divulgado recentemente pelo instituto Brookings e o JP Morgan Chase, o primeiro lugar mundial em performance econômica nos últimos anos ficou com Macau, a Las Vegas chinesa, que já ultrapassou a Suíça como o maior PIB per capita do mundo.

Em seguida vem três cidades turcas – Izmir, Istambul e Bursa – seguidas por Dubai e três cidades chinesas – Kunming, Hangzhou e Xiamen.

Mesmo com a desaceleração econômica, a China emplacou metade do top 15 das cidades que mais crescem – e você provavelmente nunca ouviu falar na maioria delas.

Tianjin, a 120 quilômetros de Beijing, tinha em 2010 um PIB de US$ 130 bilhões, mais ou menos do tamanho de Estocolmo, capital da Suécia. O trio da McKinsey estima que até 2025, a cidade terá um PIB de US$ 625 bilhões – igual ao da Suécia inteira.

Claro que esse movimento também traz toda uma nova série de problemas já velhos conhecidos das metrópoles: favelização, poluição, falta de transporte, violência, etc. Pelo menos para os autores, os ganhos superam os riscos:

“Historiadores econômicos mostram que por centenas de anos, pessoas morando em cidades experimentaram um padrão de vida de 1,5 a 3 vezes melhor do que seus companheiros no campo”.

Em tempo: Porto Alegre vocês já conhecem, mas vale lembrar que Surat fica 290 quilômetros ao norte de Mumbai e responde por dois quintos da produção têxtil da Índia.

Foshan é uma das maiores cidades da área de Guangdong, na China, e tem mais de mil plantas industriais que fabricam pias, vasos sanitários e azulejos exportados para o resto do mundo.

Revista Exame

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Em inglês:

Middleweight cities to animate global growth

Even Western executives who are good at geography may have a hard time picking out Surat, Foshan and Porto Alegre on a map. Yet over the next decade, each of these cities will contribute more to global economic growth than Madrid, Milan or Zurich.

Leia a matéria completa clicando aqui.

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Leia também, na Isto É:

SP sobe em ranking de ‘cidades globais’ e aparece na 32ª posição

Além de São Paulo, no ranking de condições atuais aparecem Rio de Janeiro (53º lugar, de 56º no passado), e pela primeira vez Porto Alegre (88º), Belo Horizonte (93º), Salvador (99º) e Recife (101º). O estudo também elabora uma lista de perspectivas futuras, na qual a ordem das cidades brasileiras é: Rio de Janeiro (69º no ranking global), São Paulo (82º), Recife (88º), Belo Horizonte (92º), Salvador (94º) e Porto Alegre (96º).

Leia a matéria completa na Isto É, clicando aqui.



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4 respostas

  1. Pena que Porto Alegre não vê esse capitalismo selvagem com bons olhos.

    Acho que o mundo sabe do nosso potencial da cidade, menos uns gatos pintados da própria cidade.

  2. Aff.. que exagero dessa gente que adora criticar Poa. Morei em outras cidades do país e não é bem assim. Segurança? Anda a noite em Vitória, uma das cidades mais festejadas dos eufóricos pelo “urbanismo” brasileiro pra tu ver o que é. Quem entende de economia sabe que Porto Alegre é sim uma dessas cidades. Me admira Curitiba não ser citada, porque, pela proximidade com São Paulo, acho que ela tem vantagem sobre Poro Alegre.

  3. Só quem nunca pisou aqui, como esses três senhores, pra acreditar numa baboseira dessas.

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