Para tomarem pé da situação que envolve o transporte hidroviário nas regiões do Sul e Extremo Sul de Porto Alegre, os vereadores da Comissão de Urbanismo, Transporte e Habitação (Cuthab), da Câmara Municipal, estiveram reunidos com a comunidade nesta terça-feira (2/6), no Centro Administrativo Regional (CAR), localizado no Bairro Belém Novo. Para o presidente da comissão, vereador Engenheiro Comassetto (PT), “o projeto de implantação de uma linha de transporte utilizando o Guaíba ligando o centro da cidade até o Extremo Sul vem se arrastando”. Por isso, abriu a reunião questionando os representantes do município e do estado presentes ao encontro.
Justificativas
Para o arquiteto Antonio Selbach, da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), o transporte por água em Porto Alegre está parado há quase meio século “e fica difícil retomar os serviços de uma hora para outra”, justificando a necessidade de estudos e pesquisas de campo para viabilizar novas linhas. Disse que a experiência de colocar uma linha com um barco catamarã ligando Porto Alegre a Guaíba serviu de base para novos desafios. Um deles foi a recente ligação fluvial entre o Centro Histórico e o Bairro Cristal, onde está localizado o Barra Shopping. “Desde dezembro a linha do catamarã vem funcionando com sucesso e a perspectiva é de ampliá-la para os bairros mais ao sul da Capital”, revelou. No entanto, a execução do projeto emperra em trâmites burocráticos, lembrando que não depende só da EPTC.
O arquiteto Marcelo Allet, da Secretaria Municipal de Urbanismo, afirmou que o trabalho da secretaria é o de “aproximar o cidadão do rio” e que para tanto existem algumas estratégias que precisam ser pensadas e definidas em conjunto. Não é só colocar o barco para funcionar, é preciso providenciar o entorno como o acesso de passageiros por meio de estações hidroviárias, estacionamentos e a integração no transporte, “e isso não depende só da gente pois faz parte de um conjunto de ações”, completou.
Uma destas ações compete à Marinha do Brasil e à Superintendência de Portos e Hidrovias (SPH). O capitão tenente fluvial Dalbon alegou que seria uma irresponsabilidade da Marinha liberar o transporte sem que seja feito um estudo aprofundado do canal de navegação. “O fundo do rio pode reservar surpresas desagradáveis que colocam em risco os passageiros de um barco que transporta dezenas de pessoas, como é o caso do catamarã”, alertou. “O calado do rio é muito baixo nesta região da cidade”, disse o engenheiro Reinaldo Gambim, da SPH, revelando que a beira do Guaíba do leito à superfície “tem em torno de um metro e meio, quando precisamos de no mínimo dois metros para atracar um barco”, justificou. Por sua parte, a Procuradoria-Geral do Município revelou que não pode liberar qualquer projeto antes de ter a garantia de viabilidade “de que ele funcione”, disse o procurador Carlos Eduardo da Silveira.
Comunidade
As manifestações dos moradores seguem a linha do abandono. “Estamos esquecidos aqui, e para se conseguir alguma coisa é tudo muito difícil”, protestou a Ligia Aracy Delia, moradora do bairro Lami. Ela entende que a conquista do transporte de lotação melhorou muito a vida para os moradores do Bairro Belém Novo, tanto que “saímos do Lami para pegar a lotação em Belém, só que de lá até aqui viajamos esmagados em ônibus superlotados”, protestou. Outra moradora do Lami, Carla Rosana, disse que desde 2011 a EPTC diz que vem fazendo estudos, “mas barco que é bom não tem” e a comunidade sofre com a deficiência no transporte que deixa a desejar. Os moradores lembram que as regiões Sul e Extremo Sul vêm registrando um grande crescimento porque, segundo eles, a cidade não tem mais pra onde se expandir e a população está procurando esta zona da cidade, o que tem aumentado a mobilidade e ampliado a demora no deslocamento.
Otimismo
Todos os vereadores presentes na sessão pública da Cuthab se mostraram otimistas com o projeto e entendem que a operação de uma linha de transporte fluvial de passageiros para a região sul de Porto Alegre, mais cedo ou mais tarde, vai se tornar uma realidade. Para Cássio Togildo (PTB), “há disposição e otimismo do Executivo e de nós parlamentares para que se faça este caminho”. Para Séfora Gomes Mota (PRB), o transporte hidroviário vem mostrando que dá certo em Porto Alegre, mas entende que para a colocação de novas linhas ”é fundamental que se ofereça segurança aos passageiros”.
Calos Casartelli (PTB) entende que é preciso fazer um levantamento para saber se todas as comunidades desejam este tipo de transporte e lembra que é preciso buscar alternativas “já que não está se conseguindo resolver o problema de mobilidade na capital”. Para Paulinho Motorista (PSB), a população merece uma alternativa no transporte e que se tenha qualidade, pois “é preciso dar um basta na superlotação dos coletivos onde o passageiro viaja esmagado feito sardinha em lata”, denunciou. Delegado Cleiton (PDT) entende que o comércio e as empresas interessadas em explorar o transporte devem se empenhar. “Uma viagem pelo rio movimenta a economia, o turismo e o desenvolvimento trazendo mais segurança” concluiu.
Ao finalizar a reunião, o presidente da Cuthab lembrou que a comissão tem feito reuniões nos bairros para discutir o transporte e a segurança dos passageiros durante as viagens. Comasseto encerrou a reunião afirmando que o assunto voltará a ser debatido na comissão ainda este ano.
Texto: Flávio Damiani (reg prof 6180)
Edição: Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062)
Categorias:Outros assuntos
FIco na duvida se valeria a pena financeiramente o trajeto ate o extremo sul, ja ouvi falar em passagens de 15 a 24 reais.
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Isso vai se enrolar até as próximas eleições municipais, para os vereadores tentarem ganhar uns votos para se reeleger com a promessa de finalmente implantarem essa linha hidroviária, e ai, talvez daqui uns 4-5 anos, no final de 2019, inicio de 2020 saia algo de concreto, já que eles vá precisar conquistar os votos pra eleição de 2020.
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“(…) discutido pela Câmara (…)”
Vai atrasar mais então…
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