Cidade brasileira adere aos ônibus elétricos

(Foto: Luiz Granzotto/Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Campinas)

(Foto: Luiz Granzotto/Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Campinas)

Campinas comemorou o aniversário de 241 anos no último dia 14 de julho. Na ocasião, a prefeitura da cidade apresentou o que virá a ser um presente de aniversário inédito para um município brasileiro: os novos ônibus elétricos que passarão a fazer parte da frota de transporte coletivo. Os veículos funcionam a partir da energia fornecida por um conjunto de baterias feitas de íons de lítio; e oferecem múltiplos benefícios se comparados aos automóveis movidos à combustão. Afinal, são conhecidos os prejuízos da queima de combustíveis na qualidade do ar das cidades – que, infelizmente, é responsável por até 75% da poluição as áreas urbanas e é o setor cujas emissões mais crescem.

Em 2012, a poluição atmosférica foi associada a 3,7 milhões de mortes prematuras. Assim, a iniciativa pioneira de Campinas tende a ser um dos melhores presentes para a qualidade de vida da população local. O prefeito Jonas Donizzete explicou, durante o evento de aniversário, que a viabilidade do projeto se dá graças a um acordo político de redução do ISS (Imposto Sobre Serviços) para empresas de base tecnológica. A montadora de veículos elétricos, a empresa chinesa Build Your Dream (BYD), aproveitou a oportunidade e instalou uma sede em Campinas, onde fará a incorporação dos ônibus elétricos à frota local de maneira progressiva. Por enquanto, as empresas de transporte coletivo da cidade estão firmando contratos com a montadora.

A incorporação dos novos veículos à frota de ônibus também depende da estruturação das estações de recarga das baterias, o que deve ser feito em cerca de 90 dias pela CPFL, grupo privado gerador e distribuidor de energia, que desenvolveu o Programa de Mobilidade Elétrica, o projeto de Pesquisa e Desenvolvimento que estuda os impactos da utilização dos carros elétricos. A empresa, em conjunto com o governo e com a fábrica de automóveis, é uma das atuantes no sentido de transformar Campinas na Cidade da Mobilidade Elétrica e garante que o primeiro eletroposto deve ser instalado entre o final deste mês e o início de agosto, na rodovia Anhanguera.

Apesar de ser inexpressivo se comparado à frota de veículos movidos a combustível, que em 2013 recebeu 3,7 milhões de veículos novos segundo Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), o número de veículos elétricos licenciados no Brasil vem crescendo. Foram 558 veículos até agosto deste ano (eram menos de 100 em 2012). Segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), atualmente o país possui apenas 3 mil veículos elétricos em circulação, cerca de 0,04% da frota mundial. Desde 2014 circulam cerca de 7 milhões de veículos elétricos no mundo. O maior mercado está no Japão, onde 11% da frota é movida a eletricidade. Nos Estados Unidos, essa parcela é de 4%.

Além das vantagens ambientais, o estudo realizado pela CPFL Energia mostra que, para rodar com o carro considerado mais econômico, usando etanol, gasta-se aproximadamente R$ 0,19 por quilômetro dentro da cidade. Enquanto com um veículo movido à eletricidade, esse valor cai para R$ 0,05. Especialistas do setor frisam a importância de tornar prioridade como política pública a implantação de veículos elétricos, bem como fornecer a infraestrutura adequada para a circulação dos mesmos.  Por enquanto, no país, os carros puramente elétricos são usados apenas por empresas e frotistas.

Novas perspectivas

A Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) ressalta que há iniciativas para mudança desse cenário. É possível verificar hoje uma série de incentivos aos veículos elétricos e híbridos no Brasil, como, por exemplo, o incentivo do BNDES aos ônibus elétricos e a isenção do IPVA desses veículos, concedida por sete estados do país (Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Sergipe e Rio Grande do Sul) e a redução do IPVA em 3 estados (Mato Grosso do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro)

Circula hoje no Senado um projeto de lei que já foi aprovado no início de abril pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados e que prevê a obrigatoriedade dos postos de recarga para veículos elétricos em áreas públicas, sendo as concessionárias de energia as responsáveis pela realização do serviço. Apesar de alguns estados e municípios já estarem concedendo incentivos fiscais, ainda falta um grande pacote de incentivos federais para os veículos elétricos e híbridos no país.

A incorporação dos ônibus elétricos faz de Campinas um lugar com menos barulho e fumaça e, consequentemente, mais qualidade de vida para a população. Mas, ainda, o maior presente de aniversário pelos 241 anos não é esse, e sim a referência que a reequação dos espaços urbanos que a iniciativa pioneira pode trazer para o país.

TheCityFixBrasil



Categorias:Carro Elétrico, Meios de Transporte / Trânsito, onibus

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6 respostas

  1. Acho que as baterias inviabilizam em larga escala além de poluírem muito quando precisam ser descartadas. A solução para o transporte coletivo elétrico já existe há bastante tempo e até já operou em porto alegre: os trólebus. Em cidades com corredores de ônibus troncais ‘razoavelmente viável implantar a rede elétrica necessária.

  2. E aqui o Prefeito não consegue nem limpar as ruas… Basta olhar a sujeira ao redor dos contêiners de lixo…
    E a ponte de Pedra então, nunca mais terminarão??
    E o monumento com as placas (fechado para reforma), faltou dizer que por determinação do MP.
    O melhor pior prefeito da história…

  3. Em Porto Alegre, pelo que vi, estão testando ônibus hibrido.
    Diz que da uns 20% de economia.

  4. Tem uma poluição que esses motores não emitem também e faz muita diferença, já vi em outras cidades: poluição sonora.

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