LAMENTÁVEL. Esta é a palavra que define a audiência do Cais Mauá realizada ontem

Contrários ao projeto gritando e vaiando os favoráveis. Foto: Gilberto Simon.

Contrários ao projeto gritando e vaiando os favoráveis. Foto: Gilberto Simon.

Vou descrever o que eu vi na Audiência do Estudo de Impacto Ambiental – Relatório de Impacto Ambiental, realizada no ginásio do Grêmio Náutico União – GNU, ontem a noite (entre 19:00 e 23:00)

Eram cerca de 400 pessoas, e em torno de 50 a favor do projeto. As demais contra. O que se observou é que os contrários ao projeto não permitiam que os favoráveis falassem. Ficavam gritando e fazendo grande barulho, inclusive com gestos obscenos. Houve uma grande hostilidade entre ois presentes.

Uma parte do público, os contrários, gritava em coro: “Não vai ter shopping, não vai ter torre”.

Um outro grupo, que estava na arquibancada no lado direito do ginásio, berrava contra os que eram contra o projeto: “Nazista, facistas, petistas”.

O som no interior era demasiado alto e não se ouvia o que era o principal objetivo da audiência: discutir o EIA-RIMA do projeto de revitalização do Cais.

Demonstrou-se uma grande imaturidade das pessoas em geral para participação em audiências. Claramente se delineou um cenário político. Os contra (PT, PSOL) e os favoráveis (em geral do PMDB).

Lamentável. Somente essa palavra que deixo como resultado da audiência. Ninguém está preocupado com a cidade ou com o projeto.

Exemplos de participações (via Correio do Povo)

  • A vereadora Fernanda Melchionna, PSol, tentou intervir junto à mesa da audiência, que respondia a perguntas feitas por e-mail. “Esta audiência foi feita pela força da lei. É um jogo de cartas marcadas, com cartas escolhidas para que eles possam responder o que querem”, apontou.
  • O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Rio Grande do Sul, (Sinduscon-RS), Ricardo Antunes Sessegolo, comemorou a apresentação e disse que conta as horas para o ínício das obras.”
  • O vereador João Carlos Nedel, PP, deu seu apoio ao projeto. “Vejo que isto vai mudar a cidade, vai trazer turismo e vai renovar Porto Alegre”, disse.
  • O vice-presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil, seção RS (IAB/RS), Rafael Passos, questionou o projeto que vai retirar 330 árvores, vai criar um estacionamento para 4,1 mil carros e 300 vagas para bicicletas. “O Cais Mauá está inserido na história de Porto Alegre desde sua construção.

Vejam mais fotos:

Vídeo de um momento da Audiência:

 

 

.



Categorias:Projeto de Revitalização do Cais Mauá

63 respostas

  1. Vejo muita gente achando que esse projeto do cais vai transformar, instantaneamente, Porto Alegre em uma cidade turística, feliz e boa de se viver. Falam da hipocrisia de quem é contra em se encantar com o Puerto Madero, mas esquecem que não foi o Puerto Madero que fez de Buenos Aires uma cidade turística. A cidade já era turística, o que aumentava o interesse por parte das empresas e das pessoas em ocuparem e estarem na cidade e, assim, acabou se desenvolvendo o tal Porto – que não foi, em momento nenhum, “enfiado goela a baixo” da população. E é isso que falta em Porto Alegre e acredito que seja isso que o “Cais Mauá de Todos” quis passar na resposta dada ao artigo da Rosane de Oliveira.

    Porto Alegre não vai ser turística entregando um dos pontos mais nobres – turisticamente falando – à iniciativa privada para construção de shoppings e outros elementos que, pra muita gente, ainda representam modernidade, beleza, imponência e qualificação do espaço urbano (rs). Invistam primeiro no humano, incentivem a ocupação das ruas por parte de TODA a população (e não só por parte daqueles que não têm outra escolha), criem uma cidade mais segura, mais aprazível, mais bonita e, consequentemente, mais humana e menos robótica para, daí sim, pensarem em projetos que QUALIFIQUEM o turismo ao invés de criarem a ideia de cidade turística que não vai existir sem uma coisa tão básica e que não vejo no atual projeto: respeito e humanidade.

    • Pelo contrário, não vejo ninguém dizendo que com a revitalização do Cais, Poa será um cidade turística, vejo pessoas dizendo que com terrenos e galpões abandonados na orla nunca teremos uma cidade atraia alguém para conhece-la.
      Para atrair milhares de turistas é precisa muito mais, dezenas de projetos como o Cais convertido num centro de lazer e entretenimento, segurança e infraestrutura. O Cais é apenas um começo não um fim.

  2. Não sei porque ainda insistem com essas Audiências Públicas? Simplesmente não servem para nada. Evoluam, inventem algo mais democrático e participativo (porque dar a palavra para grupos minoritários autoritários não é participação), usem a internet, as redes sociais, emails, qualquer coisa, menos uma reunião em que o GRUPO ESQUERDOIDE possa reunir um bando acéfalos para gritar palavras de ordem.

    • Todos que conhece um minimo do projeto de shopping e estacionamento são contra a proposta. Tirarando o pessoal da construção civil, os militantes da extrema-direita do Partido Novo, foi bem poucas pessoas na audiencia que estão a favor desse projeto. Mesmo sendo numa região que se pensa que o pessoal gosta de shopping.

      O motivo que o pessoal que utiliza os carros (acho que deve ser o publico alvo do empreendimento), quando ve que vai ter mais viagens pro centro, relaciona com algo pessimo. Vai atrapalhar a vida deles, vão ficar com mais dificuldade em transitar, principalmente na região central que já ta complicada atualmente.Como já tem um shopping no lado, não se engaja.

      • Se Porto Alegre tivesse um sistema de transporte moderno e eficiente, eu seria contra a construção de um estacionamento, mas não é o caso e nem será nos próximos 20 anos, pelo menos.
        Quanto ao shopping, quem tem de saber se precisa shopping ou não é investidor. Eu acho que terá público e será um sucesso. Se o investimento fosse feito com recursos públicos, não precisaria shopping, mas poucos ainda querem que o Poder Público tire recursos que já faltam para saúde, por exemplo, para reformar um monte de galpões e utilizá-los para feirinhas, se a iniciativa pode fazer isso muito bem.

      • “Metade do tamanho do Barra Shopping”. A desonestidade é assustadora. O shopping terá 25.000 m² de área (suponho que seja área construída a que a notícia se refira) * enquanto o BarraShoppingSul tem 96.400 m² ** . O Moinhos Shopping, por exemplo, tem 32.950 m² de área construída ***. Caso os 25.000 sejam de área bruta locável, ainda seria cerca de 1/3 da ABL do Barra.

        E que pessoa comum iria se ENGAJAR para a construção de um projeto? No mundo real, alguém empreende com base em estudos de demanda. Por acaso você se engajou para abrirem o restaurante em que você almoça? Você se engajou para abrirem o supermercado em que você compra alimentos? Você se engajou para abrirem a loja em que você compra suas roupas? Não, elas abriram “sozinhas”, calculando a demanda sem ninguém da sociedade se reunir numa assembléia e se engajar para isso acontecer. Evidentemente, o exemplo do Cais do Porto é um pouco diferente por envolver a concessão de uma área, mas dizer que não há demanda e apoio por que pessoas comuns não saíram de suas casas depois de trabalhar para combater o ponto de vista de quem tem a militancia como objetivo de vida é um absurdo.

        zh.clicrbs.com.br/rs/porto-alegre/noticia/2015/04/grupo-pede-mudanca-no-projeto-de-revitalizacao-do-cais-maua-4742852.html

        ** http://www.brshoppings.com.br/shoppings/203-barra-shopping-sul.html

        *** http://www.brshoppings.com.br/shoppings/208-moinhos-shopping.html

  3. Um pouco de informação só faz bem. Abaixo, a resposta enviada a Rosane de Oliveira sobre matéria assinada por ela sobre o Cais Mauá:
    Dizem que ninguém lê texto longo na internet, que se não tiver foto de gatinho não tem a menor chance. Mas, de qualquer maneira, fica aqui registrada a carta aberta que enviamos à jornalista Rosane de Oliveira, em resposta ao comentário que ela publicou ontem em ZH, nos taxando de atrasados , românticos, responsáveis por uma verdadeira “muralha de conservadorismo”
    É longo, mas ninguém é obrigado a ler.
    Gostaríamos de fazer algumas observações em relação ao teu texto de sábado na ZH, te passar um pouco da visão de quem está se opondo a este projeto para o cais, ou seja, o famoso “contraditório”, ok?
    Vamos lá:
    1. com todo respeito, uma “muralha de conservadorismo” se constrói por quem acredita que o combo-revitalização “shopping + torres + estacionamento ” é sinônimo de melhoria de uma cidade.
    Encarar um shopping como agente revitalizador urbano poderia ser aceitável nos anos 60 do século passado, quando o consumo de massa e a política rodoviarista estavam no topo da lista das novidades em termos de estratégias de desenvolvimento econômico e urbano de uma cidade. Hoje esse tipo de instrumento de desenvolvimento urbano torna-se a cada dia mais obsoleto, em parte pelo crescimento do sistema de vendas online (veja artigo do Estadão abaixo), em parte pela consciência de que esses bunkers no meio da cidade nada têm de urbanos, já que, entre outros efeitos colaterais, provocam o esvaziamento das ruas ao transferirem não só o comércio como também as pessoas para dentro de um ambiente fechado e controlado. As pessoas que defendem shopping e estacionamento no centro de Porto não percebem que o espaço público de uma cidade é realmente onde a cidade acontece, onde ela existe, e que portanto promover condições para que as pessoas permaneçam nas ruas, usufruam e se apropriem do espaço público de uma cidade é dever de sua gestão. Aliás, nesse sentido a Prefeitura parece ter esquecido de que ela mesma já esteve alinhada a esse pensamento, afinal o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental de Porto Alegre estabelece que um dos vetores de desenvolvimento econômico do centro da cidade é justamente o comércio de porta de rua.
    O melhor exemplo dessa crise do modelo do shopping se vê nos Estados Unidos, país criador desse modelo de equipamento urbano, e que há algum tempo já começa a sentir seus efeitos colaterais. Além dos prejuízos decorrentes da retração desse tipo de economia, o país não sabe ainda o que fazer com o crescente número de edifícios desse tipo que estão em estado de abandono. Seguem aqui dois links com breves artigos sobre o tema, caso queiras buscar mais informação a respeito:
    http://www.bbc.com/…/n…/2014/12/141219_vert_cul_fim_shopping
    http://economia.estadao.com.br/…/geral,o-desinteresse-ameri…
    2. Uma “muralha de conservadorismo” também se constrói por quem acredita que nenhum negócio prospera sem estacionamento.
    Repensar o lugar do carro nas cidades é talvez o maior desafio deste século 21.
    O que vemos hoje no mundo todo – de países desenvolvidos aos em desenvolvimento – é um movimento no sentido de diminuir o fluxo de carros em áreas centrais, qualificar transporte público e priorizar modais não motorizados, ou seja, pedestres e ciclistas. A cultura do automóvel individual, embora ainda seja propagandeada por aqueles que acreditam na ideia do “desenvolvimento a qualquer custo”, é reconhecidamente uma cadeia produtiva extremamente nociva não só ao meio ambiente mas também ao ambiente urbano e à saúde mental e social do ser humano. Falando especificamente do ciclo final dessa cadeia, o excesso de automóveis individuais nas cidades, além de congestionarem as vias e com isso dificultarem o deslocamento entre pontos, gera impactos negativos também no ambiente por onde circulam. A poluição do ar, da visão e do som faz com que ruas muito movimentadas tenham seus imóveis residenciais desvalorizados – ninguém quer morar em rua barulhenta – bem como diminuem significativamente a presença de pedestres circulando – ninguém quer caminhar por rua barulhenta – o que por consequência acarreta a desvalorização de imóveis comerciais voltados para a rua. E assim o círculo vicioso de esvaziamento e desvalorização de uma rua se completa, e é exatamente o que vemos no horizonte da nossa avenida Mauá, hoje, já vazia e desagradável, o que só tende a piorar com o aumento exponencial do tráfego de automóveis estimulados pelas 4 mil vagas de estacionamento junto ao Cais.
    3. Uma “ muralha de conservadorismo” se constrói por quem acredita que os românticos são contra a iniciativa privada.
    Pelo contrário, achamos que o instrumento PPP é bastante apropriado, desde que devidamente regulado pelo Estado em prol da cidade. A questão é que isso não está acontecendo: a regulação não existe, a iniciativa privada comanda a operação, define o que quer à revelia da lei e modifica incessantemente o projeto buscando enxugar recursos. Que fique bem claro, queremos sim a revitalização dos armazéns e seu uso para comércio, restaurantes, serviço e cultura. O que não aceitamos é o argumento de que a desfiguração da área com um projeto mutilado é a única possibilidade. Esse discurso de “ou é isso ou é nada” não cola.
    4. Uma “ muralha de conservadorismo” se constrói por quem acredita que os “românticos” veem como exemplos a serem seguidos o caso de Puerto Madero e do Porto de Barcelona.
    Não é verdade. Sem nem entrarmos no mérito de erros e acertos desses dois projetos de “referência”, a tentativa de comparação esbarra em dois fatores básicos: 1. O nosso porto é significativamente menor do que os outros dois e praticamente não há possibilidade de expansão – a área disponível nas dependências do cais é relativamente pequena, e ele está totalmente envolvido pela cidade, portanto não há para onde crescer. Essa dificuldade de expansão – e obtenção de retorno financeiro com as transações imobiliárias que daí derivam – está demonstrada claramente no atual projeto, em que se tenta desesperadamente equacionar índices construtivos de ocupação do solo na área das torres e do shopping, na tentativa de tornar o empreendimento viável – coisa que aliás parece não ter ocorrido ainda, dada a quantidade de alterações que o projeto tem sofrido nos últimos anos. 2. Porto Alegre não é uma cidade com o perfil turístico de Barcelona ou Buenos Aires. Para fins de comparação, em 2014 Porto Alegre arrecadou cerca de 19 milhões de reais com tributação relacionada ao turismo; no mesmo período, Barcelona, que é a quarta cidade mais visitada da Europa movimentou mais de 14 bilhões de euros e em Buenos Aires os turistas gastaram mais de 3 bilhões de dólares. Esses dados demonstram ainda que, além da comparação impossível em termos de modelo de gestão, tipo de equipamento urbano a ser implantado etc, a ideia divulgada pela prefeitura e empresa consorciada de propor uma ocupação da área com vistas a um retorno de arrecadação para a cidade através do turismo é uma visão, no mínimo, ingênua.
    O que sim os “românticos” veem é que um modelo de reocupação bem sucedida da área deve se basear na ideia de reintegrar esse pequeno trecho de tecido urbano ao restante do centro da cidade, não só em termos de espaço, mas também de cultura e economia. O futuro do Cais como empreendimento autossustentável – e de Porto Alegre como uma cidade referência em planejamento urbano – está na ideia de pensar aquela área como parte de um conjunto maior – a região central e a cidade – e que tipo de benefícios ela pode trazer para o todo, não só em termos de retorno financeiro imediato – geração de empregos na construção civil ou nas lojas do shopping, por exemplo – mas também em que tipo de benefícios socioeconômicos ela pode trazer em um horizonte de médio, longo prazo. Destinar parte dos armazéns para usos voltados à educação e bem-estar físico e social pode, por exemplo, ajudar a enxugar as contas da saúde e da educação das crianças no futuro, hoje tão precárias e tão carentes de investimento.
    5. Uma “muralha de conservadorismo” se constrói por quem acredita que os românticos estão atrasados em seu discurso, tentando reverter o irreversível.
    Em primeiro lugar, importante deixar claro que, ao contrário do que tem sido divulgado por correntes defensoras do atual projeto, o processo de apresentação e discussão de possíveis projetos para o cais com a população passou ao largo da ideia de um “amplo debate”. Desde o estabelecimento das diretrizes urbanísticas que delinearam o modelo de negócios até o estágio atual em que se encontra o projeto, a postura predominante foi a da tomada de decisões a “portas fechadas”, com divulgação de informações e apresentações apenas pro forma. Se houve audiências públicas anteriores a essa, a prova cabal de que não houve interesse, por parte da prefeitura ou da empresa consorciada, em estabelecer um diálogo efetivo com a população está no fato de que nem nos mecanismos de busca do site da prefeitura, nem na página da consorciada é possível encontrar qualquer referência a eventos de discussão pública anteriores a esse.
    Tu mesma pode fazer essa busca se quiseres verificar:
    http://www2.portoalegre.rs.gov.br/portal_pmpa_…/default.php…
    http://vivacaismaua.com.br/?s=audiencia
    Além disso, a legislação é clara: enquanto se analisa o EIA/RIMA para conceder a Licença Prévia, o projeto pode sim sofrer alterações ou mesmo ser negado. Portanto a Audiência Pública não serve apenas para esclarecer o projeto, mas para o órgão ambiental receber novas informações e sugestões visando a licença. Ou seja, embora seja consultiva, dependendo dos argumentos e importância do que se apresentar o órgão ambiental tem a obrigação de considerá-los na Licença Prévia. Portanto questionamentos nessa etapa estão absolutamente dentro da normalidade protocolar. Por outro lado, o empreendedor afirmar que “descarta alterar o projeto” nessa fase é no mínimo desconhecimento da legislação, para não dizer arrogância. E essa distorção tem a ver obviamente com a conduta de subserviência do nosso poder público, que fez crer que o simples recebimento do documento era uma vitória e que não caberia questioná-lo. É triste quando essa postura deseducadora da cidadania encontra eco em alguns formadores de opinião.
    O fato de estarmos questionando pontos do projeto que ultrapassam os temas ambientais e de tráfego – que em si já são suficientes para a ruína desse projeto – se embasa na constatação de que a cada nova leva de documentação divulgada há uma crescente queda da qualidade do projeto original em prol de uma melhora na “taxa de retorno do investimento” (que ainda não parece ter sido atingida). Isso demonstra não só a desqualificação do projeto atual mas também invalida qualquer consulta/aprovação pública realizada previamente, uma vez que o projeto já não é mais o mesmo e, mais profundamente, demonstra a inviabilidade do modelo formulado pelo poder público através do CAUGE (Comissão de Análise Urbanística e Gerenciamento da Secretaria do Planejamento de Porto Alegre) e portanto a necessidade de uma revisão estrutural do processo.
    6. Por fim, uma “muralha de conservadorismo” se constrói por quem acredita que os românticos não têm o poder de realizar mudanças no curso da história da cidade.
    Que fique bem claro que os românticos de Porto Alegre já conseguiram, entre outros, criar o Parcão, que antes de se tornar parque nos anos 50 quase foi loteado para a construção de cerca 40 edifícios, assim como conservar o Mercado Público e a Usina do Gasômetro, que na década de 70 quase foram demolidos para “melhorar o trânsito” da região. E é nesse mesmo espírito que seguiremos insistindo que se realize um projeto para o Cais Mauá que efetivamente seja positivo para a cidade.
    Vou te colar alguns links com referências, ok? Tudo coisa rápida. Nem vou indicar livros, porque sei que o tempo é curto.
    * Amanda Burden, urbanista de NY fala sobre a High Line, linha férrea elevada de carga dos anos 30, desativada nos anos 80, que cruza Manhattan. A linha ia ser demolida, mas um grupo de românticos impediu. E hoje ela é o espaço público mais visitado da cidade.
    https://www.ted.com/…/amanda_burden_how_public_spaces_make_… – t-46933
    * Como a cidade de São Francisco aproximou as pessoas da orla, retirando uma highway que funcionava como barreira. (aqui, ao contrário, construíram 6 pistas na orla do Guaíba. O ex-presidente Sarkozy tentou correr na orla, mas achou muito barulhento e poluído.)

    * A comissária de transportes de NY (que virá ao Fronteiras este ano) Janete Sadik-Khan fala sobre a experiência de fechar para carros a Broadway, criando uma área para pedestres e ciclistas de 50 mil m2. Os comerciantes foram contra num primeiro momento, porque acreditavam que sem carros os negócios cairiam e o que aconteceu foi justamente o contrário.
    https://www.ted.com/…/janette_sadik_khan_new_york_s_streets…
    * Em Milão, capital da moda e do design no mundo, está sendo construído um estádio para 48 mil pessoas, sem estacionamento. Qual é a lógica? Convidar as pessoas a usarem outros meios de locomoção para acessá-lo.
    http://esportes.terra.com.br/…/milan-divulga-detalhes-de-pr…
    obrigada pela atenção
    beijo
    CAIS MAUÁ DE TODOS

    • Minha resposta a alguns dos pontos:

      O shopping presente no projeto é pequeno. Por si só, não é um ponto atrator de tráfego, mas só um complemento ao resto das atrações do porto. Só isso seria suficiente para acabar qualquer discussão lógica quanto ao shopping do projeto (que deve se assemelhar muito mais aos shoppings Lindoia, Moinhos ou Rua da Praia do que ao Barra ou Iguatemi), visto que os opositores do projeto parecem achar que construirão um Mall of America na beira do cais. Ainda assim, sinto a necessidade de ressaltar que, em Porto Alegre, não há nenhuma evidência de que os shoppings de Porto Alegre tenham provocado a decadência e abandono do seu entorno, muito pelo contrário. O comércio talvez tenha sido transferido de algum outro ponto aos shoppings, mas definitivamente não foi de seus entornos. O link ao site da BBC não está funcionando, mas suponho que mostre os shoppings abandonados dos EUA, que estão inseridos numa dinâmica completamente diferente e se localizam em subúrbios ou mesmo rodovias. Seria um questionamento a se fazer quanto aos grandes shoppings urbanos de Porto Alegre se houvesse mais grandes projetos em vista, mas não há.
      Concordo quanto ao que é dito sobre trânsito de carros em perímetro urbano. Gostaria que a cidade fosse mais densa, fazendo que deslocamentos fossem menores e linhas de metrô fossem economicamente viáveis. Mas o transporte coletivo aqui e em todo o país é desagradável, e limitar o acesso a carros provavelmente inviabilizaria o projeto. Também é complicado comparar com cidades europeias com transporte coletivo em base ferroviária. Que o transporte público melhore primeiro para depois se “forçar” os motoristas a deixarem seus carros em casa. Pois, quem está acostumado a andar de carro vai preferir não ir ao Cais do que ir de ônibus se o transporte continuar igual ao atual (muito provável). Por fim, o grande fluxo de carros ao cais será aos fins de semana (visto que as pessoas geralmente trabalham de segunda a sexta), quando o Centro atualmente é deserto, por isso os impactos nos engarrafamentos da Mauá devem ser pequenos.
      Eu realmente duvido que a empresa responsável pelo projeto esteja planejando receita proveniente principalmente de turismo. Não acho que uma empresa com meio bilhão de reais para investir cometeria o erro crasso que tal projeto transformaria a cidade num grande polo atrator de turismo, mas não é impossível que tal erro de projeção tenha sido cometido. As comparações com os exemplos de portos são de substância, não de tamanho. A revitalização do Puerto Madero, por exemplo, custou um bilhão e meio de dólares nos anos 1990. O magnitude do turismo é muito menor em Porto Alegre, mas o projeto também é. Cidades com Baltimore tiveram portos revitalizados de maneira semelhante e também não são nada turísticas.

      Não consigo conceber o sentido de “destinar parte dos armazéns para usos voltados à educação e bem-estar físico e social”. Investimento em saúde e educação pode ser feito em qualquer lugar, e o centro de Porto Alegre não é exatamente onde a grande demanda não atendida por saúde e educação pública se encontram.

      • O shopping proposto tem a metade do tamanho do Barra Shopping. Possui 2700 vagas de automoveis e a região do Cais tem somente 500 (e vão ter que espremer e tirar predios para colocar carro). O shopping vai ter somente 1 entrada para carro (e 1 saida), com impressionantes 3 cancelas somente. Vai ter que ficar algumas horas de fila para lotar o estacionamento, imagina o tamanho da fila na Mauá.

        Se não limitar as viagens de carro no centro, o centro vai parar. Vai ser so congestionamento pior do que é hoje. O principal prejudicado vai ser quem ainda utiliza o transporte publico, pois nao existe faixa exclusiva para onibus na regiao central. Vão ficar presos no congestionamento.

Deixar mensagem para Leonardo Cancelar resposta