Conselheiros do Plano Diretor estudam pedir que medida contida na proposta original seja incluída nas contrapartidas do empreendedor
O rebaixamento da avenida João Goulart, previsto na proposta original de revitalização do Cais Mauá e posteriormente retirado pela Prefeitura do rol de contrapartidas, pode voltar a fazer parte do projeto. É o que indicam os conselheiros do Plano Diretor de Porto Alegre, que analisam o Estudo de Viabilidade Urbanística (EVU) da iniciativa, uma das últimas etapas antes da emissão de licenças para obras no local.
“É quase um consenso de que o rebaixamento deve ser incluído”, revela o representante da Região 1 do Planejamento (RP1), Daniel Nichele, que coordena a análise conjunta do projeto, que já obteve parecer favorável do representante do Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Estado (Sinduscon-RS).
Segundo Nichele, não há, em todo o processo administrativo que registra a evolução e mudanças na proposta ao longo dos mais de cinco anos em que tramita na Prefeitura Municipal uma justificativa razoável das razões de sua exclusão. “Já pedimos esse esclarecimento à Prefeitura”, completa o conselheiro.
Apesar das inúmeras polêmicas que cercam o projeto, a preocupação central dos conselheiros é com a mobilidade urbana e, neste aspecto, o mergulhão da João Goulart serviria como um ponto a favor. “O empreendedor está prevendo quatro novos semáforos na Mauá e ainda faixas redutoras de velocidade”, justifica Nichele.
Aliado ao volume extra de automóveis que a revitalização vai atrair para a região, os conselheiros temem que a intervenção prejudique o trânsito no Centro Histórico. “Alguns conselheiros de mais idade também lembraram da importância de se ter acesso direto ao Guaíba, caminhando”, complementa.
Neste sentido, o mergulhão também seria uma solução interessante, na opinião de Nichele, pois permitiria o acesso livre, de nível, a pedestres, sem influir no fluxo de automóveis.
Prefeitura barrou iniciativa
A proposta de rebaixar a avenida João Goulart no trecho entre as praças Brigadeiro Sampaio e Julio Mesquita e a Usina do Gasômetro estava contida nos primeiros desenhos que foram apresentados à população, em 2008, pelo Governo do Estado – antes mesmo da licitação para a concessão da área à iniciativa privada, que ocorreu em 2010.
Era o conteúdo da proposta vencedora da concorrência pela Manifestação de Interesse na obra do cais, que incluía, entre outras exigências, um estudo inicial sobre como ficaria o espaço. Os esboços foram feitos em parceria pelos arquitetos Jaime Lerner, bastante conhecido no Brasil, e Fermín Vázquez, um catalão.
A ideia era não apenas rebaixar a João Goulart, mas enterrar o shopping center que ocupará uma área ao lado da Usina do Gasômetro. Do telhado do imóvel desceria uma esplanada verde que passaria sobre a via subterrânea e se integraria às praças de fronte ao Gasômetro, formando uma espécie de parque.
Primeiro foi o empreendedor que desistiu da fórmula para o shopping, alegando custo muito elevado. Depois, a própria Prefeitura Municipal liberou o consórcio vencedor da licitação de realizar o mergulhão. “O rebaixamento não foi retirado do projeto por nós. Foi decisão da Prefeitura, em razão de uma série de intervenções que serão feitas na avenida”, esclareceu o diretor de Operações da Cais Mauá do Brasil, Sérgio Lima, durante apresentação do projeto aos conselheiros, no dia 11 de outubro.
Durante as audiências públicas realizadas em 2015 e neste ano, a retirada da obra do rol de contrapartidas foi muito criticada por movimentos cidadãos. Especialmente porque o consórcio manteve na lista o prolongamento da rua Ramiro Barcelos, que terá um trecho subterrâneo, sob a Avenida da Legalidade. Essa intervenção é a mais cara entre todas as compensações que o empreendedor dará à cidade (R$ 24,3 milhões em valores de 2015), mas beneficiará diretamente o consórcio, uma vez que será por esta via, rebaixada que entrarão os veículos na área das docas do Cais Mauá, onde serão erguidas três torres com hotel e escritórios.
Diante dos protestos, o consórcio retomou a ideia do telhado verde no shopping e ofereceu uma passarela para pedestres que ligaria a praça à cobertura do centro comercial. A passarela, entretanto, foi considerada inadequada para a área pelos órgãos do patrimônio histórico, que barrou a iniciativa. Movimentos ambientalistas também contestavam a solução, que exigia o corte de mais de uma dezena de árvores na praça Brigadeiro Sampaio.
A Secretaria de Urbanismo idealizou então um acesso de nível com sinalização especial e piso diferenciado, para dar a ideia de que é uma continuidade da Rua da Praia.
O empreendedor acatou a saída e ainda acrescentou uma novidade ao projeto: decidiu abrir um grande terraço no segundo pavimento do shopping center, uma área de 3 mil m², para desobstruir a vista da Usina do Gasômetro e ampliar o contato com o Guaíba.
Ainda assim, a altura do shopping (14 metros) é superior à do cume dos armazéns, que medem 10 metros nos vértices do telhado. Não haverá subsolo, nem para estacionamento, que será distribuído no miolo do edifício no andar térreo – a parte exterior do edifício abrigará lojas.
Matéria de 16/10/2016
Categorias:Projeto de Revitalização do Cais Mauá
“Ainda assim, a altura do shopping (14 metros) é superior à do cume dos armazéns, que medem 10 metros nos vértices do telhado. Não haverá subsolo, nem para estacionamento, que será distribuído no miolo do edifício no andar térreo – a parte exterior do edifício abrigará lojas.”
Hahahahahahaha, quanta “altura”, nossa! Em PoA há pessoas que sofrem vertigem com mais de 10m, pobres iludidos!
Sonhando com o dia em que essa cidade terá uma torre de verdade com 200m ou mais e não esses nossos caixotões sem estilo nenhum de até 58m.
CurtirCurtir
Um projeto mal elaborado acaba criando situações como essa…. inviabilidade e insatisfação por todos os lados… Viaduto?! Rebaixamento?! Manutenção de muro?! A ideia era tornar a área acessível e não criar mais barreiras para as pessoas…
As compensações propostas são ridículas. É um erro não utilizar o subsolo da região no shopping… Da para ver que a empresa está mais interessada em empobrecer o projeto do que qualquer outra coisa…
Nessas horas eu vejo que aquele projeto do “porto dos casais” era muito melhor para a região do que o atual… daria para conciliar espaço público, empreendimento e compensação…
CurtirCurtir
Tem um ponto que eu tenho que concordar com a turminha dos ecoxiitas:
2/3 da tal “compensacao” se refere ao tunel que liga a Ramiro ao Cais, o que beneficiaria bem mais ao empreedimento(edificios/escritorios/hotel) do que a populacao da cidade.
“……..Uma das críticas que movimentos cidadãos fazem ao projeto é o fato de que a obra de maior vulto financeiro do consórcio para a cidade – o prolongamento da rua Ramiro Barcelos – beneficiará mais ao empreendimento do que à população da Capital , uma vez que será por esta via, rebaixada sob a Avenida da Legalidade, que entrarão os veículos na área das docas do Cais Mauá, onde serão erguidos os espigões com hotel e escritórios. Em valores de 2015, essa intervenção custaria ao empreendedor R$ 24,3 milhões……”
Ja que eles ja vao poupar milhoesssss com o nao rebaixamento da Maua proximo ao Gasometro(nem passarela vao fazer), entao que a prefeitura exija pelo menos uns outros R$10 milhoes(no minimo) para criarem algo iconico junto ao empreendimento……
E aquela ideia dos chafarizes dancantes e iluminacao especial no lago?…. nunca mais se ouviu falar…
A roda gigante….??….nada!
O tal projeto/museu da Pepsi?…..nothing!
Os grandes decks de madeira que se estenderiam junto a orla?….
Talvez fazerem um belo investimento pra transformar a Usina do Gasometro em algo descente.??
Ou seja, senao daqui a pouco vamos ficar so com a reforma dos galpoes, que possivelmente vao encher de lojinhas chinfrins e lotericas a La Shopping Total.
CurtirCurtir
Já que vão escavar, poderiam estender a linha da Trensurb, subterraneamente, até o gasômetro.
CurtirCurtir
Não dá pra escavar rente ao muro, pois isso comprometeria a estabilidade dele.
Eu sou a favor de estender o projeto metrô (linha 2) até o Gasômetro, por baixo da Av. Sete de Setembro, fazendo ele terminar lá, isto é, desistir da extensão pra zona sul/Bento Gonçalves.
CurtirCurtir
É SÓ FALAR COM o timinho inter !!!kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
________________________________
CurtirCurtir
Poxa, que falta de criatividade dos dois lados.
Do lado dos conselheiros do plano diretor, sugerindo aumentar estratosfericamente o custo da obra fazendo ela ser toda rebaixada (avenida e shopping), sem nem saber se é viável em termos de engenharia – algo especialmente crítico se formos considerar proximidade com o Guaíba.
Do lado dos empreendedores/prefeitura, uma inércia gigantesca permitindo que a coisa se direcione para um cenário onde o shopping e avenida estão no nível normal – com o shopping escondendo a Orla, e a avenida criando uma barreira no seu acesso.
Como eu já defendi aqui antes, existe, no entanto, uma solução que todo mundo: o pessoal que quer parque, o empreendedor que quer shopping, a prefeitura que quer a avenida. E não é uma solução cara – muito pelo contrário! Explico:
A avenida seria mantida exatamente como está; o shopping, então, é construído no mesmo nível da avenida, com engenharia simples, e no máximo dois andares (embora fosse ideal apenas um); posteriormente, constrói-se uma esplanada sobre a avenida, encobrindo essa completamente, e interligando o telhado do shopping com a praça Brigadeiro Sampaio. Essa esplanada-parque se estenderia desde a projeção da Rua dos Andradas até a curva/esquina da Siqueira Campos. O telhado do shopping seria construído para ser um parque, e a praça Brig. Sampaio passaria por ajustes para permitir que os pedestres subam de uma maneira “fluída” para essa esplanada.
Enfim, existem várias maneiras de fazer uma obra que integre e valorize a região para toda a cidade. Só precisa de mais criatividade.
CurtirCurtir