Construtora remove casas na rua Luciana de Abreu, em Porto Alegre

STJ confirmou decisão do TJ/RS de que residências não têm valor histórico-arquitetônico

Casa começaram a ser removidas nesta sexta-feira | Foto: Alina Souza

Casa começaram a ser removidas nesta sexta-feira | Foto: Alina Souza

Depois de 14 anos, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) manteve a decisão do Tribunal de Justiça (TJ) do Rio Grande do Sul e declarou que as casas da rua Luciana de Abreu, no bairro Moinhos de Vento, em Porto Alegre, não tem valor histórico-arquitetônico.

Após ampla discussão técnica, a decisão concluiu que as construções não foram projetadas pelo arquiteto alemão Theo Wiederspan, que executou diversas obras pela Capital gaúcha a partir de 1908.

Como o argumento era o foco central da ação e como o abaixo-assinado tinha como objetivo a preservação de um bairro como todo, a construtora Goldsztein iniciou a remoção das casas de número 242, 250, 258, 262, 266 e 272 no início da tarde desta sexta-feira. Em 2002, a empresa obteve a licença para demolição, mas no ano seguinte o Ministério Público Estadual (MP) ajuizou Ação Civil Pública, para impedir a remoção. Posteriormente, o próprio MP, ao apresentar parecer escrito, concluiu que não havia o valor histórico ou arquitetônico, o que foi, por unanimidade, confirmado pelo TJ/RS. Sem possibilidade de nova decisão judicial, a construtora iniciou a remoção.

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Correio do Povo

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Vejam as casas originais, antes da demolição, em fotos de Gilberto Simon:



Categorias:Arquitetura | Urbanismo

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11 respostas

  1. Tem que haver mais critérios para tombar uma construção, não basta ser uma obra bonita.
    Tem muita gente defendendo causas por simpatia, seria legal se as casas ficassem com um outro tipo de uso, mas se o comprador quer fazer dali outra coisa, paciência. Quem acha ruim, não usa o espaço no futuro.

  2. É estranho que as pessoas querem, manter casas velhas, acham que os donos tem obrigação de não vender não demolir, mas querem com o dinheiro dos outros, tenho a certeza se alguem dono de uma casa velha destas convocasse as pessoas para ajudar não apareceria ninguem, ainda bem que liberaram para demolição.

    • toda liberdade, o que é criticado é a ação da construtora em não incluir as casas no projeto, como várias obras já mantem a fachada da casa antiga em frente.

      • Se as construtoras forem ouvir todos os interessados, elas não constroem mas nada.

      • me impressiono a comoção com a construtora. Casas nesse estilo nunca mais irão existir. Faz uns 60 anos que as edificações são só caixas planas. Ornamentar casas como essas, elaborar projetos com arcos/colunas é muito caro e exige uma mão de obra que nem tem mais.
        Então pense, suas próximas gerações nunca mais vão ver essa arquitetura aqui. É incrível, se pegarmos fotos de POA nos anos 20/40 verá que não havia distinção com a Europa. Infelizmente eles souberam preservar. Elogiamos a arquitetura de lá e demolimos as daqui feitas pelos mesmos arquitetos kkkkkk
        Até parece que esse prédio de apes de 500 mil pra cima vai alojar morador de rua ou alavancar o pobre valor do moinhos de vento, não sei porque tanta defesa.

        • O que dizem os donos das casas ??? É patrimônio privado. Eles devem ter o direito de resolver o que fazer com seu próprio patrimônio. Se o estado quer preservar algo, que compre os imóveis. Simples assim. Não é justo onerar com a preservação e manutenção os proprietários!! Afinal não somos Cuba. Quer sistema socialista ao estilo Albânia e Cuba, pega um avião e vai pra lá.

      • que eu saiba quem está demolindo as casas não são os donos, é a construtora..

  3. Eram casas interessantes, a branca classuda, mas acima de tudo todo um charme. Não entendo porque não fazem acordos com a galera daqueles conjuntos zero-arquitetônicos acho que dos anos 60/70 que se multiplicam por toda POA, e daí pagam bem os caras e constroem naqueles espaços belos edifícios. Aliás lamenta-se ainda que provavelmente irão construir neste luar algum dos típicos caixotões feiosos, porque é triste o perfil da fraca arquitetura executada em POA. Prédios amorfos, cafoninhas dentro de uma arquitetura copiou/colou, diferente do que se vê em capitais do Nordeste ok, na lindaça Curitiba, e mesmo no interior gaúcho aonde Caxias e Novo Hamburgo por exemplo constroem prédios de se tirar o chapéu. Meio que, não dá pra entender!

  4. pra eles o valor arquitetônico é só burocrático. Decretar q não tem valor pois nao foi feita pelo arquiteto X kkkkkkkk, era só essa regra que determinava o valor da construção?
    Pior é que espaço não vai faltar, provavelmente só o hall de entrada deste edifício tera o dobro de m² desta casa.

  5. LÁSTIMAVEL…
    Assim se vai matando a história de um bairro, e de uma cidade também….
    Triste Porto Alegre.
    Tantas outras áreas realmente degradadas nesse mesmo bairro ou em outros bairros da cidade esperando um investimento, e derrubam um conjunto de belas casas antigas que eram um dos melhores e últimos testemunhos desse bairro.
    Em qualquer outro país, teriam sido preservadas.
    Brasil das pernas curtas mesmo…
    Povo que não tem virtudes “nem memória” acaba por ser escravo.
    LÁSTIMAVEL…
    Sem mais palavras.

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