Marchezan quer solução da Carris até o final do ano

Prefeito encaminhará proposta para mudança de gratuidades “nas próximas semanas”

Marchezan dá prazo até o final do ano para a Carris apresentar recuperação | Foto: Daiana Camillo / Especial / CP

A cruzada do prefeito Nelson Marchezan em prol de salvar as empresas de ônibus e melhorar o transporte público de Porto Alegre passa por dois momentos que deverão ter episódios importantes nas próximas semanas: a alteração e diminuição das gratuidades nas passagens e a reorganização da Carris para que a empresa cesse os prejuízos que vem apresentando nos últimos anos. A empresa, que tem 150 anos de história, passa por uma reformulação, considerada complicada pela atual administração, e se não corrigir os problemas deverá ser privatizada já em 2018.

“A Carris durante esse ano tem que mostrar alguma saída (para a crise). Temos três possíveis. Continuar pagando o prejuízo e isso não dá mais, pois temos déficit em áreas fundamentais. A segunda é ela ser organizada, o que está muito difícil. A terceira é vender a Carris. Que um empresário assuma e faça ela ser viável. Na estrutura pública, estamos fazendo o nosso máximo”, afirmou o prefeito em entrevista no programa Esfera Pública, da Rádio Guaíba.

Marchezan destacou que a estatal tem apresentado um prejuízo de R$ 69 milhões por ano devido a diversos problemas. Entre eles, o político destacou um bônus que a diretoria passada concedeu em dezembro passado aos 570 funcionários, mesmo sem o cumprimento das metas estabelecidas pela Empresa Pública de Transporte e Circulação.

“O Sindicato fez um acordo em dezembro com a diretoria da Carris para os funcionários ganharem bônus. O cidadão pagou quase R$ 10 milhões para dar bônus pelas metas colocadas, algumas abaixo das colocadas pela EPTC. Inclusive, ela foi multada. Mesmo assim, os funcionários ganharam um bônus. Assinado no final de dezembro, pela diretoria passada. Eu chamo isso de calote no contribuinte. Muita coisa tem que ser reformulada”, declarou o prefeito.

Uma das metas para evitar a quebradeira das empresas de transporte público de Porto Alegre, segundo Marchezan, é diminuir as gratuidades. “Temos o maior índice de gratuidades do país”, declarou o prefeito.

A principal alteração afetará os estudantes de famílias que tenham renda maior que três salários mínimos e professores. “Filhos de empresários ricos ou servidores com salários altos não deveriam ter transporte público gratuito. Então, a ideia é ter um limitador de renda familiar. (…) A princípio três salários mínimos. Os professores têm vale-transporte”, afirmou o político.

Empresas falidas devido ao atual modelo

Resolvendo o caso das gratuidades, Nelson Marchezan acredita que resolverá o problema do sistema de transporte público da cidade. “Uma boa parte das empresas de ônibus estão quebradas. O modelo faliu. Não dá. (…) Vamos ter que reavaliar algumas gratuidades e impor algumas condições para as empresas, como a questão do GPS e do reconhecimento facial”, declarou o mandatário.

Apesar do “modelo falido” e da crise, o prefeito crê que o momento é ideal de “estourar a bola de neve criada” e transformar o sistema da Capital. “A crise do transporte público de Porto Alegre está sendo uma oportunidade para mudar uma relação histórica que não funciona mais. Um modelo falido. Modelo caro e, por ser assim, por ser inseguro, por não ter uma certa confiabilidade, diminui o número de passageiros. É uma bola de neve contra nós. Então, agora é a hora de dar um estouro nessa bola de neve. Rediscutir todo esse processo. É a crise de uma passagem alta, ao mesmo tempo, de empresas quebradas, que vai gerar oportunidade de a gente fazer a tão esperada transparência do setor e a integração com o transporte público da região metropolitana”, completou.

Correio do Povo e Rádio Guaíba



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26 respostas

  1. Só pelo precário estado de conservação da frota atual já dá para ter uma idéia de que o desafio não é pequeno. Já faz tempo que a Carris está entregue às traças.

  2. O prefeito Júnior mais uma vez botando a culpa nas isenções pra jogar os passageiros uns contra os outros.

    O nosso modelo de isenções é parecido com o de todas as outras cidades. Dar descontos pra quem não tem condições de pagar o preço integral é praxe no mundo todo. Em economia, chamamos isso de discriminação de preço, e é fácil demonstrar que o emprego dessa estratégia de preços aumenta a eficiência do sistema. Tirar as isenções é achar que a conversão do consumidor vai ser 100% é essencialmente um atestado de desconhecimento de economia.

    A malandragem que a prefeitura faz pra fazer parecer que porto alegre é pior que as outras cidades é contar a segunda passagem integrada como gratuidade, coisa que eu já expliquei que é absurda aqui muitas vezes.

    Tirar a segunda passagem integrada vai ser um golpe gigantesco nos trabalhadores que moram longe e dependem de baldeação para chegar ao seu destino, potencialmente prejudicando a sua capacidade de encontrar emprego inclusice. Tirar a isenção dos estudantes vai ser um golpe nas famílias de baixa renda, que depende disso para colocar seus filhos na escola. Todo mundo enche a boca pra falar que educação é importante né?

    Conforme já expliquei diversas vezes aqui, o que faz o sistema funcionar mal é a desorganização das linhas (veículos circulando vazios) e o elevado custo de pessoal (cobradores).

    • Em Porto Alegre teremos reconhecimento facial informatizado, automatizado e manteremos os cobradores dentro do ônibus. Ou seja, cobrador é um ser tão inútil que não serve nem para olhar para a cara do passageiro.

  3. Tem que tirar os cobradores, isso sim. Mais da metade dos custos é com pessoal. É aí que tem que ficar os esforços.

  4. como pode falir um sistema que a pessoa paga 4 reais pra andar 2 paradas, e o trensurb não fali pagando metade do preço pra ir até outra cidade?

  5. se as empresas estão em via de quebrar porque não entregam as concessões ou elas gostam de fazer filantropia,mais um prefeito que não trabalha pelo bem da população.Todo trabalhador tem direito a vale transporte e se o empregador assim quiser descontar 6 por cento no salário,a passagem escolar é uma lei municipal que pode ser alterada creio eu,entretanto o criterio de renda não iria ferir o direito de todos perante a lei. Eu ando de onibus e a maior parte dos estudantes que eu vejo não me parecem ser milionários. O prefeito em vez de simplificar os processos nos coletivos quer implantar coisas inuteis e que encarecem o sistema, mas como existem os virtuais boys que aplaudem fazer o que. é só ver a planilha de custos que da para notar que os empresarios tiram uma boa grana limpinha no final das contas. A carris vai ser sempre um problema sério pois aqui no Brasil todo serviço que é publico serve a interesses partidarios e não dos usuários.Colocar letreiros luminosos gps leitor facial exame de fezes e de Dna é pura perfumaria para cravar o usuário. Porto Alegre já teve um embrião do BRT na Bento .o povo os rodoviarios e os empresarios ajudaram a quebrar.

    • Espero que a Marcopolo continue fornecendo ônibus para São Paulo e para o resto do país.

      • Se prevalecesse regras de qualidade, ao invés da regra de idade máxima dos ônibus, como acontece em PoA, empresas como a Marcopolo investiriam na qualidade e não no preço. Isso tornaria a empresa mais competitiva no mercado internacional.

  6. Fala em modelo falido por conta das gratuidades mas não questiona o tanto de ônibus que circula vazio nos horários de baixo movimento.
    Precisamos é de uma reforma profunda nas linhas de ônibus, terminais de baldeação de qualidade, e linhas troncais abastecendo eles. Outro ponto que poderia beneficiar o sistema inteiro seria integração com os ônibus metropolitanos, com terminais de baldeação nos limites da cidade.
    Mas isso é capaz de diminuir o lucro dos pobrezinhos dos empresários de ônibus, então ninguém tem coragem de fazer.

  7. Quero ver ele ter coragem de privatizar a sede dos cabides de emprego de Porto Alegre, e claro, o sindicato deixar isso ocorrer, aguardemos as famigeradas paralisações.

  8. A carris passou a vida toda emprestando dinheiro para a prefeitura no fim do ano, para que a mesma pagasse o 13o salario dos funcionarios.

    Ocorre que foi má administrada pela antiga administração, esse “rombo” nas contas, certamente pode ser resolvido com uma boa administração. afinal os 60 milhoes em prejuizos nao ocorrem de um dia para outro.

    É só a gestao ser transparente com os funcionarios da empresa, “ou trabalhamos direito ou fecharemos”.

    Duvido que a maioria prefira nao se esforçar e ver seu emprego ir embora.

    Sobre as gratuidades, tem inumeros erros na gratuidade, a começar pelos ´proprios agentes de transito da EPTC que tem cartão tri especial, ilimitado e andam de onibus a paisana sem precisar pagar ou estar a trabalho.

    O principio do passe livre para o agente de transito da EPTC surgiu junto com a empresa, que sugeria uma troca bem simples: o agente de transito uniformizado usava onibus gratuitamente e fiscalizaria o transporte, seja durante o expediente ou ate mesmo apos ele, caso estivesse a paisana o agenmte de transito deveria pagar a passagem, como qualquer pessoa.

    É claro que passados os anos, junto com o surgimento do TRI (gratis para eles até em finais de semana) os “azuizinhos” pararam de usar o uniforme, até para nao se encomodar…

    Temos hoje cerca de 500 agentes de transito que sao isentos nos onibus, todos tem direito a VT pagando 6% de seu salario a empresa, mas é claro que nenhum usa VC pago.

  9. Gostei da atitude. Gratuidade só para quem precisa.

    A única coisa que não me cai bem é essa história de reconhecimento facial. Em nenhum lugar do mundo existe isso. É uma tecnologia nova que não condições de funcionar dentro de um ônibus balançando e com a luminosidade mudando toda hora. Nem o cartão TRI a máquina reconhece direito e tem que tirar o cartão e colocar de novo para reconhecer. Imagina reconhecimento facial.

  10. Será que os revolucionários da UFRGS/PUCRS de alta renda vão aceitar pagar para os menos favorecidos com uma proposta de tirar a gratuidade/meia passagem para eles?
    Ou nesse caso não vale?
    haha

    Espero que consigam dar uma arrumada na Carris e na prefeitura, antes que a situação fique parecida com a do nosso estado.

  11. Até agora o Marchezan está fazendo aquilo apenas aquilo que eu já esperava dele: nada. Sem surpresas.

    • Muito antes pelo contrário Ricardo. Não sei se com objetivo eleitoreiro ou não, ele ta fazendo bastante sim. Só não está fazendo mais devido a falta de condições financeiras da prefeitura. Pois, que eu saiba, pra fazer algo, precisa de dinheiro…

      • mais ou menos por ai …

        Mas a criatividade é importante nesses momentos.

        Acho que o Marchezan está se saindo bem levando em conta a falta de recursos

      • Esse papo de nao fazer mais por causa de condiçao economica é balela.
        Toda troca de governo é isso.
        É bem interessante alias, passar um ano ou dois sem gastar um tostao e distribuir esse dinheiro retido em obras e serviços em 2 ou 3 anos de governo.
        Assim a campanha eleitoral fica facil: Os primeiros anos nao se fez nada por culpa dos outros e a arrumaçao da casa foi tao boa que se teve 2 anos finais magnificos….

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