Área do estádio do Grêmio foi desocupada em 2016 e ficou irreconhecível para vizinhos
Em ruínas e transformado em uma verdadeira selva. É dessa maneira que os gremistas e vizinhos da área observam com tristeza o Olímpico Monumental. A estrutura inaugurada no dia 19 de setembro de 1954 foi desocupada em 2016. Desde então a área de 8,5 hectares onde está o estádio, no bairro Azenha, em Porto Alegre, está abandonada. Apenas uma equipe de seguranças, contratada pelo próprio clube, garante que nenhuma invasão ocorra e também que a estrutura não seja danificada.
“A gente ouviu falar que seria um condomínio de casas, um shopping e até um centro comercial, porém os anos passam e nada acontece.” A afirmação da microempresária Marileia Viesseli, de 36 anos, que adquiriu há um ano um minimercado em um dos tradicionais pontos de encontro dos torcedores tricolores no passado, é a mesma de quem vive na região. Hoje, depois da construção da Arena muita coisa mudou. A rua José de Alencar, por exemplo, se tornou rota de passagem, apenas. A rua fechada e as aglomerações em dia de jogo nunca mais foram vistas. “Observamos muitos moradores de rua e usuários de drogas nas proximidades. Antes eram torcedores e visitantes. Um pouco a gente se assusta, mas esperamos que o cenário mude”, disse Marileia. A maioria dos bares que existiam no entorno foram fechados ou postos à venda. “O movimento caiu muito. A maioria desistiu dos negócios”, comentou.
Morador da avenida Doutor Carlos Barbosa, o aposentado Mauro Souza, 60 anos, diz que o local se tornou perigoso depois da saída gremista. “A gente não tem acesso ao interior do estádio, mas é comum vermos usuários de drogas entrando pelos cantos do Olímpico. Muita coisa foi furtada, como uma janela que era de vidro e alumínio. Levaram embora”, contou. Barbosa costuma passear com os seus cães pelas proximidades, porém apenas enquanto há claridade. “Aqui já ocorreram arrombamentos. Antes havia mais movimentação e ficávamos tranquilos. Hoje ficamos mais cautelosos”, citou.
O vendedor Tarcício Figueira, 41, mora na Azenha há alguns anos e, como bom gremista, se entristece sempre que olha para aquele que foi o local de diversas conquistas. “Uma pena ver o local assim. Esperamos que logo alguma coisa seja feita. A construção da Arena mudou o cenário do bairro. Eles podiam, ao menos, manter o entorno limpo. O ambiente se torna perigoso, sem contar que eu vi várias partidas da arquibancada e hoje, nem reconheço mais”, salientou.
Matagal, invasões e roubo de material
O assessor especial da presidência do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, Luiz Moreira, explicou que as limpezas na área do estádio são realizadas com frequência. Moreira revelou que várias denúncias foram feitas pela comunidade à prefeitura. “Eles já vistoriaram o espaço e está tudo certo. Fazemos a manutenção da área, mas há um custo elevado em época de calor, onde a vegetação cresce rapidamente. E o Olímpico será entregue. Pode ser esse mês, mês que vem ou no meio do ano. O caso está na Justiça”, explicou. O matagal que cresce no interior do estádio e na calçada se tornou criadouro de insetos e ratos, como relata a população. Conforme a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), a responsabilidade é do Grêmio.
Moreira salientou que 13 seguranças, divididos em três turnos, são contratados pelo Grêmio para garantir a ordem do local. “Eventualmente tem invasão, não tem como controlar. Porém não há ninguém morando lá. Há situações de furto de materiais”, esclareceu o assessor. Ele frisou que a Brigada Militar com frequência faz varreduras no espaço e utiliza a área para treinamentos. “Isso ameniza e espanta os vândalos. Sem contar a movimentação que há no interior é positiva. Temos atletas, equipe técnica e colaboradores que deixam os veículos no Olímpico e vão treinar de ônibus ou em um único veículo”, explicou.
Moreira disse que pelo desenho original o estádio será demolido para a construção de prédios residenciais. O projeto está aprovado pela prefeitura. “Nosso negócio é com a OAS. Quando eles entregarem a Arena nós faremos a oficialização do Olímpico. É uma troca de chaves, mas antes disso eles precisam estar com a vida deles limpa”, ponderou. Conforme o assessor, a demolição do Monumental começou, porém foi interrompida em função das investigações envolvendo a construtora.
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Putz, como demoram para implodir algo que já é ruína!? Pobres cidadãos vizinhos!
Queriam que fizessem uma enquete com os moradores da região pra que ELES decidissem o que é melhor pra um clube privado? Agora vão culpar o clube porque alguém teve que vender o bar, já que não tinha mais lucro?
Paciência.
No mais, moro perto do Olímpico e em dia de jogo era o caos pra tu chegar em casa de noite. Mesmo sendo gremista e assistindo vários jogos no Olímpico eu preferi que se mudassem daqui.
Exatamente!
Eucaliptos ficou assim 40 anos e ninguém fazia este alarde.
Eucaliptos nunca ficou abandonado. Sempre pertenceu ao Inter e havia uma série de atividades comerciais no local e vigilantes, o que impedia a invasão de moradores de rua. Além do mais, esse problema das drogas e mendicância há dez anos era bem menor. O Olímpico, ao contrário, está abandonado há no mínimo 3 anos e não têm muros altos como tinha os Eucaliptos. Acessar clandestinamente o Olímpico é como tirar doce de criança. Entram pela Carlos Barbosa.
As escolinhas do Inter fizeram as atividades la durante muito tempo.
Deve ta uma maravilha morar ali na volta
Vamos por parte: Parte Um: sou gremista desde o berço e ninguém nunca me perguntou se eu era favorável a trocar o nosso Olímpico pela Arena. Eu teria dito: reforma o Olímpico mas não vende, jamais. Parte Dois: termos que passar ali e ver um local de tantas alegrias atirado como esta. Estou esperando para ver o desenrolar desse filme: OAS X Arena X Lava Jato. Ainda acho que sobre algo nessa história, ainda não explicada.
Concordo. Eu sempre fui contra abandonar o Olímpico. Uma boa reforma seria perfeita. Mas aí entrou o intere$$e do Paulo Odone e seu grupinho de aliado$$ político$$. Foi uma mudança bem intere$$ante.
Boa reforma? Sério, não tinha como arrumar aquilo ali, passei situações ruins em dias de jogos importantes. A multidão tentando acessar os portões, o público prensado no pátio tendo que dividir espaço com caminhões da imprensa e da polícia. Fora os banheiros, ao melhor estilo penintenciaria, na arena há espaço pra tudo. A esplanada garante um acesso tranquilo, os corredores internos são gigantes e os banheiros são dignos. Não, não dava pra fazer isso no olímpico. Que bom que fomos adiante e tomara que a área do olimpico tenha logo um desfecho.
Nunca vi, li nem ouvi ninguém pleiteando estádio novo até o Paulo Odone lançar isso no vestiário com toda a imprensa presente na derrota da final da LA 2007 pro Boca. O Olímpico nunca foi uma maravilha de conforto, até por que, foi construído num tempo em que o padrão era aquele mesmo, mas a torcida nunca bradou por casa nova. Ninguém aqui duvida que a Arena é mil vezes mais confortável e melhor planejada (óbvio né, afinal custou 400 milhões), porém se eu fosse conselheiro do Grêmio seria contra a mudança pro meio de uma vila perigosa, acesso precário num obscuro canto da cidade. Neste aspecto o Inter fez melhor escolha ao reformar completamente o estádio e permanecer no mesmo local. A Arena (hoje) é uma cereja depositada num bolo de giló bem amargo. Encravada num emaranhado de elevadas e acessada através de ruelas que perpassam um corredor polonês de favelas, cavalos soltos na via, fogueiras de papeleiros, alagamentos constantes e muito lixo.