Artigo: Cais Mauá: de quem é a culpa?

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Foto: Arq. Eduardo Galvão

Sempre é interessante investigar o porquê, para que procedimentos equivocados não se repitam. Em acidentes aéreos, por exemplo, sabe-se que quase sempre uma série de eventos somados constroem a “tempestade perfeita” que responde pela tragédia.

No caso do Cais, houve a montagem non sense da licitação, que ofereceu a área inteira, mesmo sendo óbvio que a segmentação em três partes seguiria a lógica das características territoriais e vocações funcionais, e que facultaria a presença de mais atores; tivemos a escolha de um grupo incapaz de cumprir obrigações contratuais, que iniciou uma “troca de chumbo” comprometedora, passando o bastão para outros que também não conseguiram honrar o contrato; somou-se a leniência do estado em fiscalizar efetivamente as ações dos concessionários, quando já era evidente que os que por lá passaram não tinham capacidade financeira para tocar a obra; e, ainda, protestos de “istas” diversos, focados em impedir que o “espaço público fosse privatizado”.

Finalmente, lá estavam as três instâncias burocráticas, federal, estadual e municipal, quando se sabe que apenas uma delas é capaz de criar as mais variadas dificuldades e entravar qualquer empreendimento. Perdem os porto-alegrenses, condenados a receber em breve um puxadinho enjambrado, o tal Embarcadero, fruto de mais uma troca de chumbo e de apoio de políticos em busca da reeleição.

No mais, como quem não é visto não é lembrado, Conselho de Mestre sugere que o odioso muro seja atorado pela metade, permitindo que os armazéns sejam visualizados ao mesmo tempo que continuaria a proteger contra as enchentes, que não vêm desde 1941.

Porto Alegre é demais.

Autor: Arquiteto Eduardo Galvão – Publicado sob autorização.

Página no Facebook: https://www.facebook.com/arquitetoeduardogalvao/

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Nota do Blog: Correção: nos anos de 1965 e 1967 também aconteceram enchentes de grande magnitude.



Categorias:Outros assuntos, Projeto de Revitalização do Cais Mauá

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12 respostas

  1. Olha, acho bem sínico do senhor Eduardo Galvão acusar os movimentos sociais de possuírem alguma participação efetiva no fracasso desse empreendimento. Desafio ele a apontar uma única ação concreta da sociedade civil que tenha efetivamente impedido o desenvolvimento deste projeto.

    Inclusive os movimento sociais fizeram algo cada dia mais raro, promover o debate a respeito da qualidade da paisagem urbana e manutenção do patrimônio cultural edificado.

    Este projeto é equivocado por transferir exclusivamente para a iniciativa privada a responsabilidade pela execução do projeto, ficando o estado ausente de sua parcela de responsabilidade. Era a lógica ultra-liberal do governo Yeda que fracassou, uma parceria público-privada onde ambas as esferas cooperassem teria sido mais adequada.

    Enquanto o Cais o Porto da iniciativa privada naufragou, a Orla de Porto Alegre e o Mercado Público tem sidos efetivamente requalificados com a participação dos técnicos “parasitas” do “estado incapaz”. Um tapa de luva na cara dos liberais “linguianos”.

    • Cínico (com “c”) seria não reconhecer que foi impedido o uso residencial, importante programa para compor o “mix” funcional necessário para um bom projeto. Não foi a iniciativa privada que fracassou, mas justamente a batuta do estado que L parece gostar tanto. A Orla custou 75 milhões, pagos por nós, e o mercado não abre seu segundo andar faz quantos anos mesmo? por culpa do …incompetente estado. Menos estado, mais cidadão!

      • Que eu saiba foi impedido uso residencial na área do Pontal, não vamos confundir as coisas. No cais Mauá nunca foi aventada qualquer destinação residencial.
        Eu geralmente torço o nariz para a atuação dos movimentos sociais de Poa, mas nesse caso do cais Mauá de fato eles não tiveram nada a ver com o fracasso.

  2. Olha. Dessa vez é da “iniciativa privada incompetente”. A empresa teve quase 10 anos de inepcia. Não conseguiu a grana que disse que tinha (ou teria como juntar). Só fez tirar abaixo armazéns e sublocar a orla como estacionamento. Sem falar nos aberrantes conteiners obcurecendo literalmente o patrimônio público.

  3. ” … puxadinho enjambrado, o tal Embarcadero “… essa é muito boa, adorei !!
    Essa é a real da nossa cidade.
    Porto Alegre uma cidade sem vocação.
    Em pleno ano 2020, se quer consegue construir um arranha-céu.
    Dalleeeé Camboriú.

  4. Essa é fácil! A culpa é do poder Estado (RS e Prefa) e de todos políticos coeeuptos e todos os parasitas estatais, vulgo funcionários públicos, e claro, o principalmente a culpa vai para a mentalidade anticapitalista que maioria dos Porto Alegrenses e Gaúchos adquiriram através da doutrinação do Estado através das Escolas públicas, vulgo fábrica de militante misturado com cursinho preparatório para parasitagem estatal, vulgo funcionalismo público.

  5. Eu acredito mais na culpa do contrato de licitação mal feito ou da questão de bom senso do Judiciário. Não tem explicação em 10 anos a empresa não fazer absolutamente nada e continuar com a concessão. Não entendo de direito, mas o bom senso deveria valer para esses casos. Se não fosse algo tão descarado como é a empresa até poderia alegar ter sido prejudicada.

  6. https://pt.wikipedia.org/wiki/Enchente_em_Porto_Alegre_em_1941

    Outras enchentes nem chegaram perto da cota de 41, que foi 1,76m acima da borda, cota 3.

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