
A prefeitura lançou nesta segunda-feira, 19, edital de chamamento para a adoção de 750 metros do Muro da Mauá. O adotante que apresentar o melhor projeto deverá revitalizar o trecho que fica entre o pórtico central e a cerca divisória localizada em frente à rua General Portinho, além dos cinco canteiros existentes no trecho.
“Embelezar o muro da Mauá é levantar a autoestima da cidade. Nosso Centro é um bairro muito bonito e pretendemos fazer não só essa, mas várias intervenções no bairro que é histórico”, afirmou o prefeito Sebastião Melo. Segundo ele, enquanto não há a possibilidade de retirada do muro, é fundamental que haja uma ação cuidadora. “Espero que as empresas se interessem pelo projeto. Será um enorme ganho para o nosso Centro”, garantiu.
A adoção será por dois anos renováveis por igual período e pode ser feita por qualquer cidadão, empresa ou organização da sociedade civil. Para participar, os interessados deverão entregar um pré-projeto até o dia 31 de maio na sede da Secretaria de Planejamento e Assuntos Estratégicos (Smpae).
As propostas deverão conter o modelo paisagístico pensado pelo adotante. “Podem vir ideias de obras de arte, grafites ou outras técnicas propostas pelo adotante. Queremos deixar a cidade bonita para os 250 anos de Porto Alegre, e o muro está no coração da cidade e não pode ficar de fora desse nosso projeto. Adotará a área quem apresentar o projeto que seja mais enriquecedor para o espaço”, explica a secretária municipal de Parcerias, Ana Pellini. Além da renovação da pintura, é exigido ao adotante um projeto de iluminação com características cênicas.
A avaliação será feita por uma comissão que contará com representantes das Secretarias de Planejamento e Assuntos Estratégicos (Smpae), Parcerias (SMP), Cultura (SMC), Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus) e Serviços Urbanos (SMSUrb), além do Gabinete do Prefeito.
Em contrapartida, o adotante poderá utilizar 15% da área total adotada para divulgar a sua marca, além de poder colocar uma placa no local que descreva as benfeitorias realizadas e utilizar, em seus materiais de divulgação, o brasão da prefeitura e a frase “uma empresa parceira de Porto Alegre”.
Audiência pública – Para esclarecer as dúvidas de possíveis interessados na adoção do Muro da Mauá, a Secretaria Municipal de Parcerias realizará uma audiência pública, na sexta-feira, 23, às 14h, na avenida Siqueira Campos, 1.300 – 14º andar.
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os proprios armazens ja não servem como muro?
por que não apenas vedar o vazio entre os armazens com um muro-movel?
Resposta curta: Não.
Resposta longa: O prédio do armazém não foi projetado de maneira a segurar uma enchente de maiores proporções. As paredes dos armazéns não são estruturais, elas são apenas paredes. Uma parede, por não ser estrutural, não segura mais do que seu próprio peso. Claro, as paredes do armazém são dotadas de colunas, mas elas estão ali para sustentar o telhado, não as paredes.
Por mais que uma enchente do Guaíba dificilmente vá ser um tsunami, isto é, teríamos uma enchente subindo “aos poucos”, dependendo da altura da coluna d’água, a possibilidade da parede sucumbir é alta. As colunas e o telhado provavelmente sobreviveriam.
Para os mais inclinados matematicamente: a força exercida pela água é proporcional à área de contato; uma seção de parede de cinco metros em uma enchente de dois metros está sujeita a dez vezes mais força do que uma coluna de 50 centímetros de largura.
Ah Mobus, mas isso não quer dizer que o muro também cairia em cenário similar?
Resposta curta: Não!
Resposta longa: O muro foi projetado para essa situação! O muro, em análise mais precisa, é uma laje vertical, pois é construído de maneira a suportar forças perpendiculares a sua superfície. O muro da Mauá não começa na superfície onde o vemos, e sim três metros abaixo, calçando-se na terra para resistir à força da água em caso de uma enchente
Esse tópico já foi discutido aqui várias vezes. O muro da Mauá é uma solução simples e robusta, muito fácil de manter. Substituí-lo por engenhocas tipo “muro móvel” cria um risco tremendo para a cidade no momento que uma pecinha qualquer falhar na véspera de uma enchente.
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Ao meu ver, existem opções interessantes para reorganizar o cais, a saber:
1) Construir uma réplica do muro dentro dos armazéns, e reformar a área interna destes de maneira que não interfira na estrutura do muro em si. Nos vãos entre um armazém e outro, o muro continuaria, mas teria portões suficientemente grandes para permitir uma passagem livre. Considerando que os portões atuais tem 8 metros de largura e o vão entre os armazéns é de 20 metros, é perfeitamente viável fazê-lo.
Por exemplo, poderíamos ter um restaurante onde a cozinha de um lado do muro, e as mesas do outro, ou corredores de lojas independentes de cada lado do muro, ou lojas de um lado e uma galeria de arte do outro, etc. Nesse layout, poderíamos ter também mezzanninos sem nenhum problema, contanto que nada seja apoiado em cima muro (pois ele é feito pra resistir forças laterais, como expliquei antes)
2) Construir uma grande esplanada dedicada a pedestres sobre o muro e a Av. Mauá, desenhando-a de uma maneira onde nada seja apoiado em cima do muro.
Essa ideia ajudaria a transpor a real barreira que temos para o acesso ao caís: a larga e desumana Av. Mauá. Se uma estrutura desse tipo fosse erguida, a circulação de pessoas seria trivial, natural, fluída, e o cais estaria novamente conectado às atividades do Centro. Se for desenhado do jeito certo, os edifícios lindeiros à avenida poderiam ser adaptados para ter a sua recepção no segundo piso, podendo também oferecer atividades como restaurantes e comércio de frente para essa esplanada. Essa ideia talvez funcionasse melhor para o trecho entre o Mercado e a Rodoviária, onde a arquitetura e uso predial é horrivel.
aqui nesse álbum tem uns rascunhos bem toscos e antigos dessas minhas ideias:
https://imgur.com/a/3RNhpFO
Gostei da ideia da esplanada sobre o muro. Paris e NY conseguiram fazer do limão uma limonada com viadutos de trem abandonados, acho que podemos fazer algo criativo também sem abrir mão da proteção contra enchentes.
Paris e NY são excelentes exemplos desse tipo de coisa, mas eu gosto também do sistema que Chicago adotou: simplesmente subiram os prédios (literalmente!) e fizeram a rua “no segundo andar”. E detalhe, isso foi ainda no século XIX!
No caso de Chicago a ideia era proteger a cidade dos ciclos de subida e descida do Lago Michigan, que trazia um monte de lama pra cidade, bem como permitir a construção de um sistema de saneamento. O sistema passou por algumas reformulações ao longo do tempo, e hoje o esgoto é abaixo da cota do lago (pois há sistemas de bombeamento e etc), mas o sistema de vários andares ficou. No primeiro nível está o metrô e algumas avenidas expressas; no segundo estão algumas ruas e áreas de carga/descarga, e finalmente no terceiro andar está “rua normal”, com calçadas e etc.
O interessante é que os prédios foram sendo construídos se adaptando a isso: em muitos deles, a entrada pra garagem é direto no andar inferior, bem como acesso para veículos de manutenção, carga e descarga. No fim, o andar de cima fica bem mais “leve”, com menos trânsito e mais gente.
O que eu estou propondo para Porto Alegre é muito similar, mas em escala bem menor. Construir uma estrutura dessas não seria muito caro, pois o uso dela seria mais leve (só pedestres). Uma estrutura similar à esplanada que circunda a Arena do Grêmio provavelmente seria suficiente.