Rio Grande do Sul

Brasão do Estado
do Rio Grande do Sul

O Rio Grande do Sul é uma das 27 unidades federativas do Brasil. Localizado na Região Sul, possui como limites o estado de Santa Catarina ao norte, o Oceano Atlântico ao leste, o Uruguai ao sul e a Argentina a oeste. Sua capital é a cidade de Porto Alegre.

É o estado mais meridional do país, o quarto mais rico – superado apenas por São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, o sexto mais populoso e o terceiro com mais alto índice de desenvolvimento humano (IDH).

O estado possui papel marcante na história do Brasil, tendo sido palco da Guerra dos Farrapos, a maior guerra civil do país. Sua população é em grande parte formada por descendentes de índios, portugueses, alemães, italianos, africanos e asiáticos.

GEOGRAFIA

O estado do Rio Grande do Sul ocupa uma área de 282.062 km² (cerca de pouco mais que 3% de todo território nacional, equivalente ao do Equador) e com fuso horário -3 horas em relação a hora mundial GMT. Todo o seu território está abaixo do Trópico de Capricórnio. No Brasil, o estado faz parte da região Sul, fazendo fronteiras com o estado de Santa Catarina e dois países: Uruguai e Argentina. É banhado pelo oceano Atlântico e possui duas das maiores lagoas do Brasil, e a maior lagoa de água doce do mundo: a Lagoa dos Patos.

Bandeira do Estado do
Rio Grande do Sul

HISTÓRIA

Em 1627, jesuítas espanhóis criaram missões, próximas ao rio Uruguai, mas foram expulsos pelos portugueses, em 1680, quando a coroa portuguesa resolveu assumir seu domínio, fundando a Colônia do Sacramento. Os jesuítas portugueses estabeleceram, em 1687, os Sete Povos das Missões. Em 1737, uma expedição militar portuguesa comandada pelo brigadeiro José da Silva Paes foi enviada para garantir aos lusitanos a posse de terras no Sul, objeto de disputa entre Portugal e Espanha.

Ponto geográfico estratégico para a fixação do domínio lusitano, a Barra do Rio Grande de São Pedro constituía-se no local ideal para que lá se instalasse um reduto militar com acesso marítimo ao interior, e em meio caminho entre Laguna e a Colônia do Sacramento.

Em 1737, o Brigadeiro José da Silva Paes transpôs a Barra do Rio Grande de São Pedro, ali fundando o presídio do Rio Grande, e erguendo o Forte Jesus, Maria e José. A foz da Lagoa dos Patos, no Oceano Atlântico, considerada erroneamente como rio, foi a origem do nome da primeira povoação do Rio Grande do Sul, a atual cidade do Rio Grande.

Batalha dos Farrapos, óleo sobre tela de José Washt Rodrigues.Em 1742, os colonizadores fundaram a vila de Porto dos Casais, depois chamada Porto Alegre. As lutas pela posse das terras, entre portugueses e espanhóis, tiveram fim em 1801, quando os próprios gaúchos dominaram os Sete Povos, incorporando-os ao seu território. Em 1807, a área foi elevada à categoria de capitania. A cidade de Viamão antecedeu Porto Alegre como sede do governo. Grupos de imigrantes alemães começaram a chegar a partir de 1824 e de italianos após 1875.

O Rio Grande do Sul, em meados de 1880, apresentava uma economia de caráter fundamentalmente agropecuário, dividida em duas matrizes socioeconômicas: a atividade ligada à pecuária e ao charque na região da Campanha (sul do estado) e a agricultura e o artesanato colonial na Serra (norte do estado). Contudo, a produção de ambas as matrizes dirigia-se para um destino comum: abastecer o mercado interno brasileiro de alimentos, dando ao Rio Grande do Sul a famosa denominação de “celeiro do Brasil”. O estado estava integrado assim em uma divisão regional do trabalho do Brasil: como estado periférico, produzia alimentos e matérias-primas (como o couro) para a atividade agroexportadora no Brasil central. Como o estado produzia bens de baixo valor em um mercado altamente competitivo, a acumulação de capital era relativamente mais baixa no Rio Grande do que no resto do Brasil. Podem-se encontrar nas cidades os famosos CTGs (Centro de Tradições Gaúchas) onde cultivam-se as tradições do estado.

“O Laçador”, famosa estátua gaúcha encontrada em Porto Alegre.
Foto: Gilberto Simon

Contudo, o setor mais progressista da economia sul-rio-grandense daquela época já se tornava a agricultura colonial, a qual apresentava um grande potencial de capitalização, incentivando assim o desenvolvimento das atividades comerciais e industriais no estado.

Durante o século XIX, o Rio Grande do Sul foi palco de revoltas federalistas, como a Guerra dos Farrapos (1835-45), e participou da luta contra Rosas (1852) e da Guerra do Paraguai (1864-70). As disputas políticas locais foram acirradas no início da República e só no governo de Getúlio Vargas (1928) o estado foi pacificado.

A economia gaúcha na República Velha não apresentou uma brusca ruptura em relação às suas características no período do Império. Isto é, o Rio Grande do Sul continuou inserido na divisão regional do trabalho, na economia brasileira: encarregava-se primordialmente de abastecer o mercado interno nacional, com especial atenção à região agroexportadora cafeeira, de bens de base primária, como o charque, produtos agrícolas coloniais e o couro, usados como alimentos e matérias-primas. Porém, o crescimento econômico estadual enfrentava barreiras muito restritivas nessa época: do lado da pecuária, por essa atividade ter sido explorada de maneira meramente extensiva, o crescimento era limitado pela expansão de apenas dois fatores – terra e gado – os quais, por serem mas específicos do que fatores produtivos como capital e mão-de-obra, eram relativamente mais escassos. Do lado da agricultura, mas afetando também a pecuária, o crescimento da produção rio-grandense estava vinculado à expansão da demanda interna brasileira por bens primários, sendo por isso limitado às necessidades do mercado interno brasileiro.

TURISMO

O Rio Grande do Sul é um estado com vastas opções de turismo. O estado recebe anualmente cerca de 2,0 milhões de turistas de fora do país. As praias do litoral norte nas cidade de Capão da Canoa, Tramandaí e Torres são as mais conhecidas no estado, esta última apresentando falésias. São três pedras que ficam na beira do mar, sendo que uma delas avança mar a dentro em uma altura de 30 metros. As serras atraem milhares de turistas todos os anos, no inverno e verão. As cidades de Gramado e Canela são conhecidas na época de Natal pela decoração das cidades, juntamente com os parques natalinos.

Cidade de Gramado, o maior pólo turístico do Estado do RS. Foto: Gilberto Simon

No inverno, os turistas visitam essas cidades juntamente com São José dos Ausentes e Cambará do Sul, devido às temperaturas baixíssimas, chegando a -10°C e com nevascas freqüentes, para a felicidade dos turistas. Nas mesmas se encontram os cânions de Itaimbezinho e da Fortaleza, os maiores do Brasil. Em Gramado acontece o Festival de Cinema. Na conhecida como “Pequena Itália”, em que se localizam as cidades de Caxias do Sul, Bento Gonçalves e Garibaldi, pode-se encontrar as melhores vinícolas do Brasil. Ainda a oeste, se encontram as Missões Jesuíticas, na cidade de São Miguel das Missões e arredores.

CULTURA

O Rio Grande do Sul apresenta uma rica diversidade cultural. De uma forma sucinta, pode-se concluir que a cultura do estado tem duas vertentes: a gaúcha propriamente dita, com raízes nos antigos gaúchos que habitavam os pampas; a outra vertente é a cultura trazida pela colonização européia, efetuada por colonos portugueses, espanhóis e imigrantes alemães e italianos.

A primeira é marcada pela vida no campo e pela criação bovina. A cultura gaúcha nasceu na fronteira entre a Argentina, o Uruguai e o Sul do Brasil. Os gaúchos viviam em uma sociedade nômade, baseada na pecuária. Mais tarde, com o estabelecimento das fazendas de gado, eles acabaram por se estabelecer em grandes estâncias espalhadas pelos pampas. O gaúcho era mestiço de índio, português e espanhol, e a sua cultura foi bastante influenciada pela cultura dos índios guaranis, charruas e pelos colonos hispânicos.

No século XIX, o Rio Grande do Sul começou a ser colonizado por imigrantes europeus. Os alemães começaram a se estabelecer ao longo do rio dos Sinos, a partir de 1824. Ali estabeleceram uma sociedade baseada na agricultura e na criação familiar, bem distinta dos grandes latifundiários gaúchos que habitavam os pampas. Até 1850, os alemães ganhavam facilmente as terras e se tornavam pequenos proprietários, porém, após essa data, a distribuição de terras no Brasil tornou-se mais restrita, impedindo a colonização de ser efetuada nas proximidades do Vale dos Sinos. A partir de então, os colonos alemães passaram a se expandir, buscando novas terras em lugares mais longes e levando a cultura da Alemanha para diversas regiões do Rio Grande do Sul.

A colonização alemã se expandiu nas terras baixas, parando nas encostas das serras. Quem colonizou as serras do Rio Grande do Sul foram outra etnia: os italianos. Imigrantes vindos da Itália começaram a se estabelecer nas Serras Gaúchas a partir de 1875. A oferta de terras era mais retrista, pois a maior parte já estava ocupada pelos gaúchos ou por colonos alemães. Os italianos trouxeram seus hábitos e introduziram na região a vinicultura, ainda hoje a base da economia de diversos municípios gaúchos.

DEMOGRAFIA

O Rio Grande do Sul, conforme estimativa do IBGE para 2020, possui 11.422.973 de habitantes com 20 cidades com mais de 100.000 habitantes, tendo duplicado sua população em relação a 1960. Ocupa o sexto lugar entre os estados brasileiros (após São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia e Paraná).

O Rio Grande do Sul pode ser considerado homogêneo em relação à distribuição das cidades em seu território, com exceção da Grande Porto Alegre, que concentra mais de 4.300.000 habitantes.

O Rio Grande do Sul é um dos estados mais europeizados do Brasil, e tem sua população derivada sobretudo da imigração e colonização européia do século XIX. Os principais imigrantes foram os italianos, seguidos dos alemães e açorianos, somados aos ameríndios, portugueses continentais e de povos negros vindos da África, em grande parte, vindos trabalhar como escravos. Podemos citar entre os grupos de imigrantes minoritários: espanhóis, poloneses, russos, judeus, árabes, japoneses, argentinos, uruguaios, entre outros.

ALFABETIZAÇÃO

O Rio Grande do Sul é o estado da educação, com indicadores de ensino dignos de países desenvolvidos. O índice de educação, calculado pela ONU, foi de 0,904 em 2000, colocando-o no patamar equivalente às nações mais avançadas do mundo. O índice também é superior à média brasileira no mesmo período: 0,830.

ECONOMIA

Tendo 6,6% do PIB nacional, com mais de 396 bilhões de reais (2018), a economia do Estado é a quarta maior do país (após SP, RJ e MG) e é baseada na agricultura (soja, trigo, arroz e milho), na pecuária e na indústria (de couro e calçados, alimentícia, têxtil, madeireira, metalúrgica e química). Há que ressaltar o surgimento de pólos tecnológicos importantes no Estado na década de 1990 e no início do século XXI, nas áreas petroquímica e de tecnologia da informação.

A economia do estado possui uma associação com os mercados nacional e internacional superior a média brasileira. Desta forma, a participação da economia gaúcha tem oscilado conforme a evolução da economia do Brasil e também de acordo com a dinâmica das exportações.

Agricultura

O Rio Grande do Sul apresenta-se como um estado que se destaca pela sua produção agrícola e pecuária. O setor agropecuário apresentou, em 2004, uma participação de 15,9% no Produto Interno Bruto do estado. No entanto, sabe-se que esta participação é ainda maior se considerada a repercussão na cadeia produtiva que o setor movimenta.

Principais cultivos: soja, arroz, milho, trigo, tabaco, mandioca, amendoim, erva-mate, batata, maçã, uva, laranja, pêssego,

Pecuária

A maior concentração do rebanho gaúcho está no oeste e sul do estado, junto à presença dos campos ou integrado com a produção de arroz. As quatro regiões que apresentam maior rebanho, correspondendo a 57,3% do rebanho gaúcho são: Fronteira Oeste, Sul, Central (10,8%), e Campanha. Destacam-se os municípios de Santana do Livramento com 593.601 cabeças, Alegrete com 558.948, Dom Pedrito com 450.558 e São Gabriel com 414.414 cabeças. No estado: bovinos, suínos, aves e ovinos

Indústria

Os dados da estrutura do PIB do estado mostram que a indústria responde cerca de um terço (1/3) da economia do Rio Grande do Sul, sendo a maior fatia desta participação responsabilidade da indústria de transformação, já que a indústria extrativa mineral possui uma participação pouco expressiva dentro da economia gaúcha. O estado apresenta uma indústria diversificada que se desenvolveu a partir das agroindústrias e de outros segmentos ligados ao setor primário.

Caxias do Sul, na serra, é a 2ª cidade do estado. Foto: Gilberto Simon

A matriz industrial estruturou-se sobre quatro complexos básicos: o agroindustrial, que inclui as indústrias de alimentos, bebidas e as que utilizam insumos agrícolas; o complexo coureiro-calçadista; o complexo químico, contando com o III Polo Petroquímico do país, em Triunfo; e o complexo metal-mecânico (Caxias do Sul é o segundo polo metal-mecânico do Brasil). A indústria de transformação gaúcha alcançou a segunda posição no parque nacional. Essa região, juntamente com a Grande Porto Alegre, produz ônibus, caminhões, implementos agrícolas, automóveis, motores e computadores de bordo para o mercado nacional e de exportação. O estado exporta partes mecânicas e elétricas, além de componentes de alta tecnologia, com qualidade desenvolvida por gaúchos.

As maiores empresas da cadeia de automóveis e autopeças são tanto multinacionais quanto empresas gaúchas internacionalmente reconhecidas. Hoje, o Rio Grande do Sul produz cerca de 70% das colheitadeiras e mais de 50% dos ônibus e tratores brasileiros.

Exportações

A balança comercial do estado apresentou algumas oscilações durante os anos 90, decorrentes dos planos econômicos que afetaram a relação de competitividade, principalmente no período de câmbio sobrevalorizado, somada ao próprio processo de abertura da economia acelerado a partir do início da década. A essa trajetória deve-se acrescentar a emergência do projeto de integração econômica do Cone Sul: a constituição do Mercado Comum do Sul (Mercosul).

Atualizado em fevereiro / 2022