Como não gerir um parque (atualizado)

OK. Assunto da Redenção novamente.  Faz alguns meses plantaram mudas de árvores na Redenção. Boa notícia? Na verdade, não. O que poderia ser uma coisa elogiável foi um ato de má gerência do parque por -acredito eu- pessoas que estão ocupando cargos errados.

Explico: a Redenção, em sua maioria, é um parque em que se plantou árvores a esmo, sem a menor preocupação com espaçamento entre elas, o tamanho que atingiriam quando adultas e espécies juntas agregadas. O que hoje vemos é uma mini selva, onde uma árvore compete por luz com a sua vizinha, num adensamento que impede a passagem da luz solar lá embaixo, o que dá na formação de barro sem grama, conforme ilustram as fotos abaixo.

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Árvores amontoadas, escuridão, mal dá pra passar por ali.

Resultado: não nasce grama, só barro.

Pois é. Aqui e ali, há clareiras onde o sol consegue chegar, onde há grama e as pessoas sentam aos domingos pra pegar sol. Não é que os topeiras que administram o parque plantaram todas essas dezenas de mudas DEBAIXO de árvores adultas, NOS POUCOS LUGARES ONDE HÁ CLAREIRAS e NÃO RESPEITARAM UM LIMITE  (sei lá, uns 15 metros entre cada árvore) ENTRE ESSAS MUDAS DE ÁRVORES. Resultado: a selva vai se fechar mais ainda! Menos grama, mais barro, mais escuridão!

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Mais comentários nas fotos. Clique para ampliar.

Clareira! Sol passando! Mas não, queremos mais sombra!

Essa parte da Redenção é escura mesmo de dia! E plantam árvores debaixo de árvores!!!

Outra lareira comprometida por novas mudas de árvores.

Novamente, mata fechada desordenada, e, ao invés de levantar a copa dessas árvores a fim de desobstruir a passagem de sol e facilitar as pessoas aqui em baixo, eles plantam mais árvores DEBAIXO de árvores!

Complemento:

O laguinho da Redenção é uma das paisagens mais bonitas da cidade. Contudo, boa parte da margem dele é constituido de árvores, arbustos, bambus e uma série de coisas verdes que não deveria ter sido plantado ali na margem, porque tira a visão do lago.  Existem alguns trechos sem árvores onde se descortina o lago em todo o seu esplendor. Eles são raros.  E não é que plantaram mudas de árvores ali!!! Querem tapar o lago completamente!

As margens do lado deveriam ser livres e desimpedidas para as pessoas o contemplarem. No máximo podiam plantar arbustos como hortências e azaléias, o que daria um charme super especial ao lugar. Mas MAIS árvores?

Falar nisso, quem administra o parque? Tem ele alguma formação em paisagismo ou pelo menos o mínimo bom gosto? Ou ele está diretamente sob o poder da Smam? Ah, o que eu não daria para ser o administrador da Redenção!…

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CONTRAPONTO PMPA / SMAM

Em atenção às críticas publicadas acima, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smam) esclarece o que se segue:

A administração do Parque Farroupilha está sendo realizada, desde março de 2012, por um engenheiro agrônomo do quadro estatutário da Smam.

Os plantios mostrados nas imagens no artigo foram executados há cerca de um ano, como compensação à remoção de árvores mortas ou que apresentavam risco de queda. No mesmo período, a Secretaria empreendeu uma grande ação de desbaste (levantamento de copa) na vegetação mais baixa, atendendo a pedido dos órgãos de seguraça pública, com vistas a ampliar a visibilidade entre os diferentes pontos do Parque.

Cabe ressaltar que, na ocasião dos plantios, a maioria dos usuários do Parque saudou a Smam pela iniciativa.

Das imagens apresentadas, há uma de plantio recente, o qual se trata de espécies frutíferas, plantadas no entorno do Lago. Estes plantios atendem a sugestão do Conselho de Usuários do Parque, com vistas à alimentação da fauna e substituição gradual de alguns exemplares menos adequados àquele local.

Considerando a idade e a quantidade das árvores da Redenção, faz-se necessário um trabalho constante de poda, remoção e plantio de novas mudas, o que é feito pela administração do Parque com freqüência.

Sobre o projeto de arborização do Parque, ressalte-se que originalmente já estava previsto que seus Eixos (Central e Transversal) seriam formados por grandes áreas abertas, circundados por recantos ajardinados, mais intensamente arborizados. Estes espaços mais arborizados oferecem inúmeros benefícios, como o conforto térmico, melhoria da qualidade do ar, atenuar ruídos, contribuir para infiltração da água da chuva, servir de abrigo à fauna, entre outros.

A Administração do Parque aprova e incentiva a participação da população no cuidado das áreas públicas, já que todos nós possuímos algum grau de responsabilidade nas questões ambientais. Nesse sentido, a ocupação qualificada dos parques e praças é um das metas mais buscadas pela Smam. Felizmente, se pode destacar boas notícias esperadas para breve: reabertura do auditório Araújo Vianna, realização de uma grande obra de drenagem pelo DEP , já em andamento, restauro do Recanto Oriental e recuperação do Orquidário.

Assessoria de Imprensa SMAM

imprensa@smam.prefpoa.com.br

Enviado em 06/09/2012 as 15:28



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26 respostas

  1. Em atenção às críticas publicadas acima, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smam) esclarece o que se segue:

    A administração do Parque Farroupilha está sendo realizada, desde março de 2012, por um engenheiro agrônomo do quadro estatutário da Smam.

    Os plantios mostrados nas imagens no artigo foram executados há cerca de um ano, como compensação à remoção de árvores mortas ou que apresentavam risco de queda. No mesmo período, a Secretaria empreendeu uma grande ação de desbaste (levantamento de copa) na vegetação mais baixa, atendendo a pedido dos órgãos de seguraça pública, com vistas a ampliar a visibilidade entre os diferentes pontos do Parque.

    Cabe ressaltar que, na ocasião dos plantios, a maioria dos usuários do Parque saudou a Smam pela iniciativa.

    Das imagens apresentadas, há uma de plantio recente, o qual se trata de espécies frutíferas, plantadas no entorno do Lago. Estes plantios atendem a sugestão do Conselho de Usuários do Parque, com vistas à alimentação da fauna e substituição gradual de alguns exemplares menos adequados àquele local.

    Considerando a idade e a quantidade das árvores da Redenção, faz-se necessário um trabalho constante de poda, remoção e plantio de novas mudas, o que é feito pela administração do Parque com freqüência.

    Sobre o projeto de arborização do Parque, ressalte-se que originalmente já estava previsto que seus Eixos (Central e Transversal) seriam formados por grandes áreas abertas, circundados por recantos ajardinados, mais intensamente arborizados. Estes espaços mais arborizados oferecem inúmeros benefícios, como o conforto térmico, melhoria da qualidade do ar, atenuar ruídos, contribuir para infiltração da água da chuva, servir de abrigo à fauna, entre outros.

    A Administração do Parque aprova e incentiva a participação da população no cuidado das áreas públicas, já que todos nós possuímos algum grau de responsabilidade nas questões ambientais. Nesse sentido, a ocupação qualificada dos parques e praças é um das metas mais buscadas pela Smam. Felizmente, se pode destacar boas notícias esperadas para breve: reabertura do auditório Araújo Vianna, realização de uma grande obra de drenagem pelo DEP , já em andamento, restauro do Recanto Oriental e recuperação do Orquidário.

    • Mesmo não concordando que tenha sido levantada a copa das árvores, que seja necessário ou inteligente plantar arvores(sinhas) nas poucas margens do lago onde se pode contemplá-lo e que seja aconselhável plantar mudas de árvores SOB árvores nas poucas clareiras das áreas de mata fechada (OK OK, administração passada, mas eu retiraria todas essas árvores, porque crescerão tortas e, onde foram plantadas, não havia necessidade), e que a administração do Sr Engenheiro Agrônomo deixe MUITO a desejar, agradeço pela sua resposta à comunidade e a este post.

    • Marcelo

      Parece que a prefeitura está fazendo a metade do serviço. Colocar um engenheiro agrônomo para implantar um plano diretor é o ideal, agora o que a prefeitura não definiu é qual o plano urbanístico que é para ser implantado.

      Os agrônomos formados pela UFRGS, por exemplo, tem disciplinas de urbanismo e paisagismo, entretanto geralmente não são agrônomos que definem o paisagismo. Caso este profissional seja dotado de um bom senso estético e conhecimentos nesta área, ele tem habilitação para fazê-lo, mas não se deve esperar de todo o agrônomo este tipo de habilidade.

      Caso não seja o caso, o lógico seria a contratação de um paisagista credenciado e habilitado e este definiria as linhas principais, cabendo ao profissional citado a implementação e a conservação deste plano.

      Me parece que falta um pouco de experiência por parte do secretário de SMAM, não é colocar somente um profissional capaz de manter e implementar um plano urbanístico, talvez isto seja 95% do caminho andado, falta o 5% que seria a definição do que implantar e o que conservar, mas me parece que o mais difícil foi feito.

  2. Bah, até entendo a crítica. Acúmulo de barro é desconfortável, e tal, e evidencia mais uma vez a falta de planejamento e falta “de noção” do poder público. Mas vão fazer uma trilha antes de chamar a Redenção de “mata fechada” ou floresta. Perdão, mas que discurso de guri de apartamento.

  3. Uma coisa que acontece é a seguinte:

    Pela legislação, ao se cortar uma árvore, por exemplo, em um pátio de uma casa onde será construído um prédio, deve-se plantar outras 4. Assim cobre-se a área de uma pátio com prédios, porque assim dá mais lucro, e plantam árvores em parques sem qualquer planejamento.

  4. Não digo que retomar o projeto original é o melhor. Acredito que criar um novo projeto de ajardinamento seria o ideal, considerando o que se sabe e o que se pensa hoje sobre as funções e usos de um parque. O projeto original (do início do século XX) servia para os propósitos da época. Temos que criar um parque para o século XXI. Não concordo, por exemplo, em retomar o traçado original da Praça da Alfândega. São épocas, muito, muito distintas.

    Agora se os arquitetos e paisagistas não tem criatividade para propor uma nova solução, é melhor retomarmos o projeto original, do que ficar sem projeto, que é o que está acontecendo hoje…

    Por exemplo, na alameda central, gosto do fato de haver algumas árvores, dando sombra pro pessoal que quer ficar pelo ‘meião’. O que tem que mudar mesmo é o matagal.

    Se não me engano deve existir uma Associação de Amigos do Parque da Redenção, entretanto não sei como, quando, nem onde. Mas me parece que não estão dando conta…

  5. É aquela coisa: as pessoas estão ficando viciadas em dizer que plantar árvores enlouquecidamente é lindo, assim como as pessoas tão loucas por ciclovias de uns anos pra cá.
    TEM SIM que cortar muitas árvores nessa floresta que virou a Redenção.
    .
    Parque ≠ Floresta.

  6. Adoro as reportagens do Bumbel!!!!!

  7. É o que eu sempre digo, o que falta é manutenção. Por que? Por exemplo, a parte que vai do Monumento do Expedicionário até a rótula da Paulo Gama, ali atrás do Instituto de Educação, é uma perspectiva, com o espelho d’água e o chafariz e depois uma parte gramada, correndo nos lados foram plantadas as palmeiras californianas e os Ipês. Como não houve manutenção porque ninguém se importa com isso nasceram algumas árvores ali pelo meio atrapalhando a perspectiva, além disso na rótula nasceu um ou mais Eucaliptos, que agora estão enormes.
    Outra coisa ás árvores nascem naturalmente, caiu uma semente, ninguém quebrou ou transplantou, a árvore cresce, e isso, em qualquer lugar….
    Fôsse na Europa tudo estaria perfeito, cada coisa no seu lugar….

  8. Amigos, a mata fechada da Redenção favorece a práticas de drogadição e prostituição masculina nas madrugadas. A Prefeitura criou uma grande encrenca com os frequentadores noturnos quando do projeto de iluminação. Se propuserermos a eliminação do arvoredo em excesso, os grupos que lá frequentam, e são associados, vão reclamar bastante…

  9. Puxa eu freqüento a Redenção regularmente e discordo quanto às árvores. Acho que a Redenção tem muitas áreas bem ensolaradas e a parte mais arborizada é um verdadeiro refresco, não só para quem circula lá dentro, mas que baixa a temperatura de toda a cidade.

  10. Um fato relevante nesta cidade é a prefeitura plantar arvores,e oxala mantê-las,já que boa parte das arvores da jose Bonifacio e adjacencias esta tomada de parasitas e uma hora ou outra vai tombar. Uma pena é o que fizeram com aRedenção quando diminuiram seu tamanho e se deixassem diminuiriam mais ainda. Mesmo que teoricamente foram plantadas a esmo parabens prefeitura pela iniciativa. Abraços

  11. @Fernanda: So que os “grupos de poa” proporiam uma Floresta Amazonica.

  12. Concordo, logo não teremos mais áreas de sol na Redenção, só de mata fechada… O paisagismo de qualidade que um dia existiu já não existe mais, infelizmente. Toda vez que passo por ali (e é toda vez mesmo) penso em como poderia ser melhorado o parque. Será que não é possível formar um grupo para propor melhorias? Esse exemplo de NY é muito bom…

    • Fernanda, passo pelo parque todos os dias. E todos os dias fico pensando em como ele tem um IMENSO potencial e como é mal-administrado. Fico imaginando coisas aqui e coisas ali que podiam ser melhoradas, modificadas, bem ordenadas, bem feitas. O parque deveria ser administrado por um conselho de arquitetos, paisagistas, gente estudada, viajada, antenada, sensível. Quem administra o parque diretamente hoje? Alguém sabe?

  13. Facil de resolver, é só cortar.

    Mas é bom se decidir, uma hora falam que as arvores são boas para dar sombra no verão infernal, outra hora falam que é pra passar sol?

    Complicado né…

    É um parque antigo, o que foi feito foi feito, agora é tentar arrumar pro futuro.

    Mas a melhor coisa pra fazer é calçar, toca concreto onde as pessoas caminham, e ja era.

  14. Lembrando que o Central Park de NYC já teve em situação semelhante (sim era horrível, sem gramado, com árvores descuidadas). Mas uma ação do comércio e de moradores transformou o lugar de uma maneira espantosa. Embelezar a Redenção seria infinitamente mais barato do que foi arrumar o Central Park, deveríamos nos espelhar em ações como essa: http://www.centralparknyc.org/about/

  15. Concordo com tudo menos com “a Redenção, em sua maioria, é um parque em que se plantou árvores a esmo, sem a menor preocupação (…)”. A Redenção é fruto de um dos maiores, se não o maior, projetos paisagísticos da história do Rio Grande do Sul, de Alfred Agache, que fez o plantio das espécies junto com os melhores arquiteto-paisagistas da época. A intenção era mesmo criar as zonas quase florestais nas bordas do parque.
    De qualquer jeito, é verdade que, nos últimos 20, 30 anos, o plantio foi completamente aleatório, além de criminoso, já que descaracteriza um espaço público de interesse histórico e tombado em esfera estadual. Só deveriam plantar árvores como forma de substituir as árvores “originais” mortas, usando a mesma espécie no mesmo local onde estava a outra. Foi muito bom levantar esse assunto, que deve sair das páginas virtuais o mais rápido possível. Temos que salvar a Redenção da incompetência dos gestores!

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