Governador vistoria obras do Instituto de Educação General Flores da Cunha

Durante a visita, Leite passou por todos os espaços em reforma e destacou a relevância arquitetônica e educacional do Instituto – Foto: Maurício Tonetto/Secom

O governador Eduardo Leite vistoriou, ontem, quarta-feira (19/7), as obras do Instituto de Educação General Flores da Cunha, uma das mais antigas escolas da rede estadual. Com o investimento de R$ 23,4 milhões do governo do Estado, o processo de recuperação foi retomado no ano passado. A visita foi acompanhada pelo vice-governador Gabriel Souza e pelas secretárias de Obras Públicas, Izabel Matte, da Educação, Raquel Teixeira, da Cultura, Beatriz Araújo, e de Comunicação, Tânia Moreira.

A obra está com 60% dos serviços executados e a perspectiva é de que os alunos iniciem o ano letivo de 2024 já de volta ao prédio histórico, localizado na Avenida Osvaldo Aranha, em Porto Alegre. Atualmente, os estudantes do Instituto de Educação estão distribuídos em quatro escolas estaduais da Capital. 

Durante a visita, Leite passou por todos os espaços em reforma, incluindo o ginásio esportivo e o auditório.  O governador reforçou o objetivo de entregar a obra até o final do ano, para que as atividades possam ser retomadas, e destacou a relevância do prédio.  “Esse é um prédio simbólico, não apenas do ponto de vista arquitetônico, mas principalmente pelo que representa para a educação do Rio Grande do Sul”, afirmou Leite.

“O governo, durante a crise fiscal, não conseguiu sustentar os pagamentos e as obras pararam. Retomamos esse processo e hoje fico muito feliz em ver os resultados. O prédio ficará totalmente recuperado e renovado e também receberá um centro de educação mediada por tecnologia, um centro de formação de professores e um museu, que queremos que seja visitado por toda a nossa rede e por outras redes de ensino como uma referência e um farol para a educação do futuro”, destacou o governador.

Com 60% dos serviços executados, o objetivo é entregar a obra até o final deste ano – Foto: Maurício Tonetto/Secom

A estrutura conta com três pavilhões independentes: o principal, voltado para a Avenida Osvaldo Aranha; o da Educação Infantil, de frente para o largo central do Parque Farroupilha e que se conecta ao primeiro por um pergolado; e o do ginásio de esportes, voltado para a Avenida Setembrina. Desde a retomada das obras, já foram realizados todos os tipos de serviços, desde a utilização de retroescavadeiras até a pintura com o pincel fino de restauro. O telhado temporário metálico também já foi retirado.

Do total de recursos destinados para a obra, R$ 15 milhões já foram gastos. O mobiliário também está sendo restaurado.  A secretária Izabel Matte lembrou que o processo de restauro de um prédio histórico é diferenciado e que as obras estão sendo acompanhadas de perto pela SOP. “É um prédio tombado e um patrimônio da sociedade, por isso requer muito cuidado. Muitas vezes, é preciso detalhar com pincel fino. É uma obra muito grande e com um processo de engenharia bastante delicado e cuidadoso, mas que está sendo muito bem executado. Já há uma estrutura bastante qualificada, em parte já está pintado e com as esquadrias remodeladas”, disse.

Com a escola restaurada, serão 17 salas de aula, dois refeitórios (um para a escola básica e outro para a educação infantil), uma quadra coberta, uma quadra descoberta e três laboratórios. Para o retorno das aulas, também está sendo realizada a aquisição de mobiliários e equipamentos.

Dos 12 mil metros quadrados de área total, serão destinados 2 mil metros quadrados para o Museu da Escola do Amanhã. Outros 2 mil metros quadrados serão divididos entre o Centro de Formação e o Centro Gaúcho de Educação Mediada por Tecnologias (Cegemtec). O restante do prédio seguirá recebendo alunos. As obras da área reservada ao museu estão previstas para uma segunda etapa, a partir do ano que vem.

A secretária Raquel Teixeira falou sobre a importância de devolver o instituto para a comunidade escolar gaúcha com um aspecto modernizado, que servirá de referência.  “Além do importante restauro na parte física para receber alunos e professores, o espaço vai trazer novas perspectivas para a educação no Estado”, observou. “Há um novo olhar sobre a jornada escolar dos estudantes e isso requer também um novo olhar sobre a formação dos professores.  O Instituto de Educação é uma reverência ao passado, uma construção da identidade do povo gaúcho no presente e uma projeção para o futuro das crianças e jovens do Rio Grande do Sul.”

Sobre a instituição

O Instituto de Educação General Flores da Cunha tem 1.005 alunos matriculados, sendo 34 na Educação Infantil, 556 no Ensino Fundamental, 371 no Ensino Médio e 44 na Educação de Jovens e Adultos (EJA). Os estudantes poderão retornar aos estudos no local após a conclusão das obras.

Patrimônio cultural do Rio Grande do Sul, o Instituto de Educação é a mais antiga escola de formação de professores do Estado, fundada em 1869. Localizado no Bairro Bom Fim, o Instituto foi tombado em 2006 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae).

Em sua estrutura, destacam-se as telas pintadas a óleo no saguão do pavilhão central e tombadas pelo Iphae, em 2011.  São elas: Chegada dos Açorianos, de Augusto Luiz de Freitas, Roma (1923); Batalha da Azenha, de Augusto Luiz de Freitas (1922); e Expedição à Laguna, de Lucílio de Albuquerque (1916). Todas foram restauradas entre os anos de 2005 e 2009.

Link: https://www.estado.rs.gov.br/governador-vistoria-obras-do-instituto-de-educacao-general-flores-da-cunha

Um pouco da história do Instituto:

Foi criado como Escola Normal da Província em 5 de março de 1869, sendo instalada a 1º de maio do mesmo ano, objetivando a formação de um quadro docente para o ensino primário. Seu primeiro diretor foi o Padre Cacique. Inicialmente a Escola funcionou em apenas duas peças de um sobrado localizado onde hoje está a Biblioteca Pública. A Escola recebeu uma sede nova em 1872. O funcionamento da Escola Normal não foi muito tranquilo, sendo envolvida em ácidas disputas políticas e sendo alvo de frequentes ataques na imprensa, que condenavam a influência do clero conservador e obscurantista no ensino e o mau preparo dos mestres e questionavam a eficácia dos seus métodos e doutrinas.

Depois das reformas estruturais da educação decretadas por Júlio de Castilhos em 1897, em 1901 foi transformada em Colégio Distrital de Porto Alegre, e em 1906 outro decreto a tornava Escola Complementar. Em 1909 mudou-se para um prédio construído especialmente para a Escola, situado na esquina da Rua da Igreja com a Rua de Bragança, contando com um museu com coleções de pássaros, insetos e aracnídeos, e laboratórios de Física, Química e Ciências Naturais.

Em 1930 foi determinada a construção de uma sede nova na sua localização atual, na Avenida Osvaldo Aranha, projetada por Fernando Corona e construída a partir de 1934 pela firma Azevedo, Moura & Gertum. Antes de ser terminada abrigou a seção cultural da Exposição do Centenário Farroupilha, em 1935. As obras foram completadas com muita rapidez em 1936 e a Escola passou a funcionar em 18 de março de 1937. Um decreto de 9 de janeiro de 1939 conferiu-lhe a presente denominação. Então sob a direção de Florinda Tubino Sampaio, as atividades docentes tiveram um novo impulso, introduziu diversas reformas nos métodos de ensino, acompanhando a renovação educativa que ia ocorrendo no Brasil, além de reorganizar os laboratórios de Química, Física e História Natural. Segundo Ana Cristina Beiser, “o processo revolucionário de 1930, a partir de seu discurso modernizador, havia possibilitado a criação de um espaço político para o desenvolvimento de ideias progressistas no setor educacional: laicização, coeducação e reivindicações pela ampliação da rede pública de ensino”. Neste momento, a escola funcionava como “um centro educacional gerador de novas ideias e reflexões sobre os rumos da educação, desempenhando um papel relevante na condução da política educacional do Estado Novo no Rio Grande do Sul”.

Exposição Farroupilha, em 1935. O Instituto serviu de “pavilhão cultural” para a exposição.

O Instituto teve e tem uma importante participação no universo educacional gaúcho e porto-alegrense. Diversas personalidades gaúchas frequentaram suas aulas, e ali foi o primeiro local no estado onde foram introduzidas metodologias pedagógicas e de formação de professores que tiravam partido das novas pesquisas em psicologia no início do século XX, inovações posteriormente irradiadas para outros estabelecimentos, num processo que teve destacada participação feminina “em uma época onde as mulheres eram relegadas a um papel secundário e a profissão de professora vista como complemento da maternidade”.

O prédio foi tombado pelo município em 1997 junto com todo o Parque Farroupilha e pelo IPHAE em 2006. Sua fachada, de dois pavimentos, é desenhada seguindo uma inspiração neoclássica austera e simplificada, destacando-se as imponentes colunas jônicas no pórtico de entrada e as pilastras de mesma linha nos blocos em projeção nas extremidades. Além do prédio principal de 3.310 m², o conjunto tem ainda um pavilhão de esportes de 753 m², um prédio separado para um jardim de infância, com 500 m², e uma pérgula de 74 m². No seu saguão existem três grandes e importantes pinturas a óleo, que estão entre as cinco maiores do país: Garibaldi e A Esquadra Farroupilha (1919), de Lucílio de Albuquerque, e A Tomada da Ponte da Azenha (1922) e Chegada dos Casais Açorianos (1923), ambas de Augusto Luiz de Freitas.

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Instituto_de_Educa%C3%A7%C3%A3o_General_Flores_da_Cunha



Categorias:Arquitetura | Urbanismo, Educação, Restaurações | Reformas

Tags:, ,

2 respostas

  1. Não importa o que se faça.

    Vai ser pichado de novo em uma semana.

    • não cara !! agora aumentou a punição pra pichadores e eles vão deixar de fazer isso, não viu a notícia no blog? [contém sarcasmo e ironia]

Faça seu comentário aqui: