Tragédia no Rio Grande do Sul completa 1 mês; reconstrução do Estado pode levar um ano

Quase todo o Rio Grande do Sul foi afetado pelas enchentes de alguma forma.
Foto: Divulgação/Agência Brasil

Mais de um mês após o início das enchentes que afetaram 95% dos municípios do Rio Grande do Sul, são contabilizados 169 mortos no que já se tornou um dos maiores desastres ambientais do Brasil. As chuvas que iniciaram no dia 27 de abril deixaram o Estado debaixo da água durante dias já começam a escoar lentamente, deixando à mostra os estragos que deverão ser reconstruídos em um futuro próximo.

Quase todo o Rio Grande do Sul foi afetado pelas enchentes de alguma forma — 473 dos 497 municípios, segundo a Defesa Civil —, mas cidades mais próximas a rios e lagoas viram os níveis de água subirem mais rapidamente, à medida em que as cotas de inundações iam sendo superadas.

Em Porto Alegre, capital gaúcha, o lago Guaíba chegou a ultrapassar o nível dos 5 metros, enquanto a cota de inundação é de 3 m no Centro e de 2,10 m nas Ilhas. O Estádio José Pinheiro Borda, mais conhecido como Beira-Rio, fica às margens do Guaíba. No auge das enchentes, todo o gramado virou uma grande piscina e as construções nos entornos ficaram submergidas na água com barro.

Já a Arena do Grêmio, às margens do Rio Jacuí, também foi inundado. Voluntários que buscavam resgatar moradores e animais ilhados chegaram a passar pelos entornos do estádio de barco. Por todo o Estado, nos municípios com as maiores enchentes, voluntário se arriscaram em botes, barcos, lanchas ou à pé para resgatar moradores e animais.

O Rio Grande do Sul representou uma fatia de 5,9% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional em 2023, somando R$ 640,23 bilhões. É o terceiro maior produtor de grãos do País, com expressivas colheitas de arroz, soja, milho, trigo, mandioca e uva. Tem também um dos maiores rebanhos bovinos brasileiros e a segunda maior criação de aves.

Das 51 mil indústrias do Rio Grande do Sul, 47 mil estão localizadas em municípios afetados (em estado de calamidade pública ou de situação de emergência), segundo aponta um estudo realizado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), divulgado nesta semana. Essas indústrias afetadas empregam 813 mil pessoas.

As regiões com municípios em estado de calamidade pública com maior Valor Adicionado Bruto (VAB) geral (agropecuária, indústria e serviços) atingidos foram: Metropolitana (R$ 87 bilhões), Vale dos Sinos (R$ 52 bilhões), Vale do Taquari (R$ 29 bilhões), Serra (R$ 29 bilhões) e Central (R$ 28 bilhões).

Já entre os municípios em situação de emergência, destacam-se em atividade econômica (VAB): Missões (R$ 43,8 bilhões), Planalto (R$ 42,1 bilhões), Campanha (R$ 24,9 bilhões) e a região Sul (R$ 20,3 bilhões).

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, disse que a reconstrução das áreas atingidas deve demorar até um ano. Para isso, foi lançado o “Plano Rio Grande”, que deu origem à Secretaria da Reconstrução Gaúcha, com o objetivo de atuar em três frentes: ações emergenciais, ações de reconstrução e do futuro. Um levantamento de dados é conduzido para planejamento a médio e longo prazos.

O mapeamento dos locais afetados é feito com o auxílio de drones e imagens de satélites e tenta calcular e captar recursos necessários para reaver estradas que foram bloqueadas por danos à infraestrutura e por deslizamentos, linhas de transmissão de energia e antenas de telecomunicação que foram danificadas. A estratégia deve incluir PPPs e concessões.

Há também o prejuízos de milhares de moradores que perderam tudo com as enchentes que tomaram residências e automóveis. A Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg) diz que este deve ser um dos maiores eventos do setor devido ao alto número de abertura de sinistros.

Na esfera federal, o Ministério da Fazenda levantou que, levando em consideração todas as medidas já anunciadas em auxílio ao Rio Grande do Sul, o impacto estimado é de R$ 20,9 bilhões. No montante, estão incluídos R$ 932 milhões para hospitais e assistência farmacêutica, R$ 560 milhões para a Defesa Civil e R$ 190 milhões de apoio financeiro aos municípios afetados.

Link: https://www.osul.com.br/tragedia-no-rio-grande-do-sul-completa-1-mes-reconstrucao-do-estado-pode-levar-um-ano/



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