Debate: Por que o Guaíba é um lago?

 Tema será apresentado no Solar Conde de Porto Alegre este mês

Debate com os autores do livro “Manual para saber por que o Guaíba é um lago – Análise integrada de geologia, geomorfologia, hidrografia, estratigrafia e história da ciência” é uma das atividades no mês de aniversário do IAB-RS.

Integrando as comemorações do aniversário do IAB-RS, Rualdo Menegat e Clovis Carlos Carraro promoverão um debate, dia 29 de março, às 19 horas,  na sede do IAB-RS sobre o livro de sua autoria “Manual para saber por que o Guaíba é um lago – Análise integrada de geologia, geomorfologia, hidrografia, estratigrafia e história da ciência”.

Foto: Anderson Vaz

O Manual apresenta, de forma integrada, conceitos das Ciências da Terra e da Geologia, em particular, com a finalidade de ajudar a conhecer melhor o Guaíba. O objetivo do livro é discutir por que o Guaíba é um lago, pois, para cuidar bem dele, devemos entender qual é sua verdadeira dinâmica natural. Do ponto de vista ambiental, é muito diferente considerá-lo como rio – que enseja a ideia de que “tudo leva” – ou como lago – que tem a função de reservatório de água e materiais. Como lago, o esforço para preservar o Guaíba deve ser maior, afinal ele é o principal manancial onde é captada água para abastecer Porto Alegre.

O Guaíba é, assim, nosso mais importante bem ambiental, e a vida de Porto Alegre depende totalmente dele. Não podemos ter dúvidas quanto ao incomensurável valor ambiental e estratégico do Guaíba. Mas é preciso fazer um enorme esforço para recuperar suas águas, que se encontram muito poluídas. A megacidade descarta anualmente um volume de esgotos domésticos equivalente a 79 vezes o volume do Guaíba (em torno de 1 km³), e 14 vezes o perigoso esgoto industrial. Ou seja, lançamos um volume equivalente a 93 vezes o volume do próprio lago. Além das águas, devemos recuperar também suas margens, sua paisagem, sua fauna, sua flora, seus rochedos, sua areia e sua argila. Isto é, o Guaíba precisa ser resgatado em toda sua integridade física, geológica, geomorfológica, hidrográfica, ecológica, paisagística, e, ao mesmo tempo, cultural.

O objetivo do Manual não é o de esgotar o assunto, mas ser um instrumento didático, um guia para qualificar a descoberta da paisagem que nos cerca. O Guaíba como lago acumulou em seu leito parte da história de sua contaminação. O problema é que essa “memória” guardada nas camadas de argila e areia de seu fundo pode voltar a contaminar a água, caso seja remexida. Como lago, ele não arrasta suas mansas margens, e isso enseja maior probabilidade de acumular os poluentes que nele são despejados. Como escreveu o professor Hans Augusto Thofehrn, em 1981, o Guaíba “é impróprio para despejo in natura de resíduos industriais e cloacais, e posterior captação de água, porque a matéria despejada não flui”.

Por isso, precisamos de fato conhecer, isto é, buscar a verdade, sem imposições e constrangimentos. Assim estaremos também ajudando a preservar o Guaíba, a construir uma “cultura do Guaíba”, fazendo uso de formas científicas de pensar e construir uma ciência cidadã.

Primeiro volume da Coleção POA 21 da editora Armazém Digital (armazemdigital.com.br), que se propõe a discutir temas relacionados ao futuro da cidade. Impresso em papel reciclado.

Sobre os autores:

Rualdo Menegat é professor do Departamento de Paleontologia e Estratigrafia do Instituto de Geociências da UFRGS, Geólogo, mestre em Geociências e Doutor em Ciências. Recebeu a Medalha de Porto Alegre, a Máxima distinción de la Investigación Calificada da Universidade Nacional Mayor de San Marcos, Peru; a Medalha de Honra da Cidade de Trujillo, Peru; a Medalha Irajá Damiani Pinto, do Instituto de Geociências da UFRGS; Coordenou o Atlas Ambiental de Porto Alegre, que recebeu, Prêmio Meio Ambiente da Rede de Mercocidades Solidárias, a Distinção do Mérito Ambiental do Conselho Internacional para Iniciativas Ambientais Locais e do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (ONU/UNEP), a Distinção no Prêmio Internacional para as melhores práticas na melhoria do Meio Ambiente conferido pela Municipalidade de Dubai e pelo Centro das Nações Unidas para Assentamentos Humanos (ONU/Habitat).

Clovis Carlos Carraro é professor Titular do Departamento de Geodésia do Instituto de Geociências da UFRGS, Engenheiro de Minas, Mestre em Sensoriamento Remoto e Doutor em Geociências. Diretor do Instituto de Geociências de 1989 a 1992; Recebeu a Ordem do Mérito Cartográfico – Grau Cavaleiro, Sociedade Brasileira de Cartografia; a Medalha e Diploma de serviços relevantes, Sociedade Brasileira de Cartografia e Earth Observation Satellite; o Diploma por serviço relevante prestado à Nação, Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do RS; a Medalha Irajá Damiani Pinto, do Instituto de Geociências da UFRGS; Coordenador-adjunto do Atlas Ambiental de Porto Alegre.

Fonte: IAB

Eu não discuto com cientistas. E já vi que aqui há vários comentando !!!!!  ehehehehe

O GUAÍBA É UM LAGO.

EXPLICAÇÃO DO ATLAS AMBIENTAL DE PORTO ALEGRE:

Em 1820, quando Saint-Hilaire avistou o Guaíba, não teve dúvidas em anotar em seu diário que se tratava de um lago. Os moradores da época chamavam-no de Lago de Viamão ou, também, Lago de Porto Alegre, denominações existentes desde o século XVIII. A análise de mapas históricos da região costeira do Rio Grande do Sul mostra que, durante o século XVIII e início do XIX, Rio Guaíba era a designação do segmento final do atual Rio Jacuí, compreendido entre a foz do Rio Taquari e as ilhas do delta.   

Se Guaíba, em tupi-guarani, significa o “encontro das águas”, de fato é para esse segmento que as águas de quatro rios afluem e convergem. O Guaíba é um lago, pois:

1. os rios que nele desembocam formam um delta. Este tipo de depósito sedimentar ocorre quando um volume de água confinado por canais encontra-se com um grande corpo de água. O rápido desconfinamento do fluxo de água causa a descarga do material arenoso e argiloso que estava sendo carregado pelos rios. Este processo origina a formação de ilhas que vão sendo recortadas por canais sinuosos chamados de distributários. Ao longo do tempo, as ilhas crescem em direção ao lago. Os canais distributários podem se fechar e novos podem se abrir, conectando ou separando as ilhas. A Ilha das Flores, por exemplo, era formada pela antiga Ilha do Quilombo, na porção norte, a qual era separada da porção sul por um canal, chamado de Quilombo, que hoje está ainda se fechando;

2. cerca de 85% da água do Guaíba fica retida no reservatório por um grande período de tempo. Esse fator é fundamental para a compreensão do modelo ambiental do município e da região hidrográfica, implicando diagnósticos ambientais e diretrizes de controle de efluentes poluidores mais acurados;

3. o escoamento da água é bidimensional, formando áreas com velocidades diferenciadas, típico de um lago;

4. os depósitos sedimentares das margens possuem geometria e estrutura características de sistema lacustre;

5. a vegetação da margem é de matas de restinga, identificadoras de cordões arenosos lacustres oceânicos.

——————————————————————————–

Fonte: Atlas Ambiental de Porto Alegre. Coordenador Geral: Rualdo Menegat.
PMPA – UFRGS – INPE. Porto Alegre, RS, 1999 2ª Edição.
Cap. 3, pág. 37

 

Já estuário, segundo o seu conceito, precisa desaguar no mar, e não em outra lagoa:

Estuário

Fonte: Wikipédia
 
Um estuário é a parte de um rio que se encontra em contato com o mar. Por esta razão, um estuário sofre a influência das marés e possui tipicamente água salobra.

Do ponto de vista da ecologia e da oceanografia, um estuário é uma região semi-fechada do oceano influenciada pelas descargas de água doce de terra, quer seja um ou mais rios, ou apenas da drenagem do continente.

Muitas vezes, usa-se a palavra estuário em contraposição ao delta, onde o rio se mistura com o mar através de vários canais ou braços do delta. No entanto, um delta pode considerar-se também uma região estuarina. Por outro lado, um “mar interior” como o Mar Báltico pode apresentar em toda a sua extensão as características de um estuário.

Há várias formas de estuários, determinadas não só pela geomorfologia da costa, mas também pelas características do(s) rio(s) e das massas de água oceânicas que ali se encontram. Uma destas formas é o rio.

Um aspecto muito importante é que, devido aos nutrientes que as águas de terra transportam, um estuário é geralmente uma região com elevada produtividade biológica. No entanto, devido a ser uma região semi-fechada, sofre particularmente os efeitos da poluição e pode transformar-se num deserto biológico.



Categorias:Lago Guaíba, Meio Ambiente

Tags:, , , , ,

18 respostas

  1. rio,lagoa,lago etc .. tem é que parar de poluir,tem que dar um basta nisso.

  2. Tem que encher a orla de bares e casas noturnas e acabar com a chinelagem que é aquilo hoje! Rio ou lago não importa, tem que servir à população!

  3. @Everton souza: excelente comentário. Deviam estar debatendo como viabilizar investimentos tanto para despoluição quanto infraestrutura da orla, e não discutindo picuinhas. Tá certo que há uma implicação legal, mas a população tem que começar a se preocupar em discutir o que é realmente útil e não o que é pitoresco. Seja rio, lago, estuário ou delta, de nada serve enquanto for poluido e inacessivel pra população.

    Estes técnicos que estão realizando este debate poderiam estar aprofundando estudos sobre como despoluir e manter limpo o guaiba, isso sim. Na realidade, talvez estejam fazendo isso, mas infelizmente o que vira notícia é o lado pitoresco do trabalho deles.

  4. Discussão besta! pois se é lago, lagoa, laguinho, rio, açude, seja o que for o que ele precisa é de urbanização no seu entorno, e nã aquele mato jogado cheio e traficante, trombadinha morando por ali.

  5. É um lago. E zefini.

  6. Delta é apenas o ponto exato onde os alfuentes desaguam. Assim como o delta do Nilo, Delta do Nilo e o delta do Amazonas. A diferença é que os deltas do Nilo e Amazonas desaguam no mar. O delta do guaíba desagua num estuário…que é o “rio” Guaíba.
    O Guaíba é um entreposto entre o delta e a Laguna dos Patos.

    • A Lagoa dos Patos, na verdade, também é um estuário, e não uma laguna ou lagoa, pois tem água doce, enquanto as lagunas tem água salgada ou salobra, a Lagoa dos Patos possui água salobra perto do encontro com o mar em Rio Grande, características de um estuário. como já foi dito: Um estuário é a parte de um rio que se encontra em contato com o mar. Por esta razão, um estuário sofre a influência das marés e possui tipicamente água salobra.

      Portanto a Lagoa dos Patos é um estuário, e não uma laguna.

  7. Não é rio, não é lagoa, não é lago, não é laguna.

    O Guaíba é um ESTUÁRIO. É o ponto de encontro dos seus 5 afluentes. É a confluência desses rios.
    Basta uma simples vista aérea para verificar isso. Onde nasce se comporta mais como um rio…e vai perdendo a dinâmica fluvial à medida que se alarga. Quando desagua na Lagoa dos Patos (que não é lagoa, mas LAGUNA), já não lembra nem de perto um rio, tampouco lago.

    ESTUÁRIO, pessoal. ESTUÁRIO.

    • Não é estuário !
      Por favor, vejam novamente o post. Atualizei com outras informações.
      E sejamos sensatos. Não devemos questionar ciência, se não tivermos conhecimentos suficientes.
      Isto que você conceitua, Augusto, não é estuário, e sim delta.

  8. uma mais recente:
    Porto Alegre

  9. Concordo plenamente com Felipe, n importa oq ele é, apenas deixem a orla se desenvolver decentemente… Qunato a foto, pena n ser mais recente, pq ainda n tem a Cristal Tower e ainda restam os escombros das ruinas do Pontal…

    • Vou pedir pro Anderson por uma mais nova. Ele tem várias daí. Ele tem esta vista do ap dele…. É que escolhi essa pois tem uma luminosidade super boa, eu adoro ela. E isso independe de tempo.

  10. Valeu Felipe! No meu flickr dá pra baixar ela em altíssima:

    Porto Alegre

  11. Tem versão de maior resolução da foto? Acho que dava um bom papel de parede no computador 😀

  12. Eu realmente não me importo o que ele é. Sei que vou continuar chamando de rio e gostaria de poder usufruir mais da orla.

    (mas baita foto Anderson)

  13. Jéclécer, o titulo do trabalho é que é um tanto sensacionalista. A idéia do livro é explicar quais características o Guaiba tem por ser um lago e não um rio, com ênfase em por que ele é mais sensível à poluição. Agora, acredito que o “debate” seja na realidade uma explanação sobre as diferenças entre um rio e um lago, apenas o nome “debate” é mais instigante.

  14. E acho uma flatulência direito de construir ou não por trocar uma palavra (lago por rio).
    O importante é a área, é um lugar legal para construir (falando do pontal). Pronto. Coisa de advogado querer desviar por palavras.

  15. De novo esse assunto? Não ficou claro que é um lago tempo atrás?
    Não adianta apresentar tese de doutorado falando que é lago, não adianta, pra os do contra vai ser sempre um rio.

Faça seu comentário aqui: