“É o segundo homem que determina se a criação do primeiro será levada adiante ou destruída”, escreve Edmund Bacon (Design of Cities, pg109).
A cidade se transforma através da soma das ações individuais ao longo do tempo. A qualidade dessa intervenções, portanto, é que vai determinar a qualidade das cidades.
Boas intervenções são aquelas que tem como princípio qualificar o espaço em que são feitas, ou em palavras simples deixá-lo melhor do que antes. Assim, pode-se definir “segundo homem”, amplo senso, como a intervenção no tecido existente da cidade que respeite e aproveite a preexistência, preservando seja quase a totalidade da obra (a pirâmide do Louvre), seja parte dela, como na nova Hearst Tower, obra de Sir Norman Foster (sim, “lá” Arquitetos com maiúscula podem chegar a Cavaleiro da Rainha).
E Sir Norman não decepciona. A parte externa do edificio existente é mantida, preservando a relação com o entorno, e torre com 180 metros nasce do interior do grande lobby. Completado em 2006, é o primeiro edifício alto de escritórios em NYC a ter o selo ouro do LEED.
O novo espaço interior do antigo prédio é agora grande vestíbulo urbano: abrigando acesso à estação de metrô de Columbus Circle, atua como um potencializador de movimento pedestre, acrescentando vitalidade à situação anterior.
O resultado final é um lugar melhor, tanto no âmbito público quanto no privado: a interface com o espaço público (fachada) é mantida e a relação ampliada, com o acesso ao metrô, e acrescenta-se nova construção para aproveitar a potencialidade construtiva da área. Uma operação em que todos ganham: a população da cidade, a cidade e os investidores.
Finalizo com uma pergunta: se o prédio das publicações Hearst fosse TOMBADO, a cidade ficaria melhor ou pior?
“O tombamento é um ato administrativo realizado pelo Poder Público com o objetivo de preservar, por intermédio da aplicação de legislação específica, bens de valor histórico, cultural, arquitetônico, ambiental e também de valor afetivo para a população, impedindo que venham a ser destruídos ou descaracterizados”. (FAQ iphan)
*Eduardo Galvão é arquiteto, professor de Projetos de Arquitetura na UFRGS
Categorias:Patrimônio Histórico
OFF: Percebi que a turma do “vamos tombar” pichou o tapume lá do prédio. Tenham vergonha na cara, né.
Uma coisa é defender algo, outra é fazer isso. Aposto que ninguém gostaria de ter uma vagina pichada num prédio do lado de onde moras.
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O professor Eduardo Galvão traz um tema caro a Porto Alegre. Aqui, no IV Distrito preferem que caia uma edificação a dar curso a propostas de preservação e inovações como a que vimos nas fotos.
Adeli Sell
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O pessoal, que muitas vezes nem entende de arquitetura e fala nesse mimimi só por ser “do contra”, fica se masturbando mentalmente com essa maioria de galpões inaproveitáveis, mas nunca cogita ou passa por lá.
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O problema em POA é o “terceiro homem”… aquele que nada tem a ver com a história mas se acha no direito de interferir na decisão que só cabe ao segundo.
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Obvio, sem isso teríamos obras lindas como a da foto do artigo haha
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Para mim em Porto Alegre poderiam fazer como no centro de Curitiba ( http://goo.gl/maps/R53dv ) que pegaram os casarões antigos e deixaram a iniciativa privada aproveitar os interiores, conservando as fachadas. Poderíamos fazer isso com o Capitólio. Poderíamos ter um projeto organizado da prefeitura com proprietários de casas e prédios antigos na Rua da Praia, Otávio Rocha & arredores para fazer algo nesse sentido…
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Nossa, esse calçadão é infinitamente melhor que qualquer um dos de Porto Alegre.
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Entendo o ponto do post, mas está simplificando demais as coisas. A lei de tombamento não impede ninguém de fazer esse tipo de obra (fantástica por sinal) nossos empresários que será não fazem. Tanto que perderam a chance em alguns casos recentes, como no Olímpico que será todo derrubado.
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vide o retrofit feito pelo arq. Flavio Kiefer na casa de Lutzenberger, mas eu nao sei se ela chegou a ser tombada. http://www.flickr.com/photos/66772575@N06/7851355474/
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Bem, a casa ainda pertence a família e foram eles que tocaram a reforma. Caso bem específico mas realmente bonito.
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Conversei com o Flávio Kiefer sobre essa obra, ele foi meu professor na faculdade. Me contou alguns “segredos” que a reforma dessa casa revelou… Entre esses, uma antiga técnica de “rechear” a parte interna dos pisos entre-andares com terra, para isolar a acustica dos ambientes. Foi uma surpresa quando a equipe encontrou isso.
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Poxa vida!! Estava vendo as outras obras deste arquiteto: Norman Foster… depois tem gente que ainda fica brava comigo quando digo que não gosto muito do Oscar Niemeyer… pode até ser que ele tenha tido o seu valor, mas isto foi décadas atrás.
Acho que as imagens falam por si:
https://www.google.com.br/search?q=norman+foster&hl=pt-BR&sa=X&tbo=u&stick=H4sIAAAAAAAAAGOovnz8BQMDAw8HsxKHfq6-gWlautGjrSLN5y5VCOq2rPOdeeg_96OJchoAP-w76ikAAAA&tbm=isch&source=univ&ei=zQXeUJv5CI7a9ASxpYDgBA&ved=0CMUBEIke&biw=1280&bih=687
Entre as obras dele tem a cúpula do Palácio do Reichstag em Berlin, estádio do Wembley e o Mary Axe (aquele prédio redondo de Londres).
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uma pessoa que gosta do norman foster!
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Eu até que gostaria de discutir sobre tombamento novamente, mas levei tanto pau no tópico passado que acho que deixar passar desta vez para não estragar meu dia. Meu consolo é que existem lugares desenvolvidos onde meu pensamento não é minoritário.
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Acho que metade dos comentaristas são contra a “nova Cuba” mas agem como cubanos. Não aceitam o desenvolvimento. Pensava que era algo com “not in my back yard”, mas é por toda cidade, mesmo morando na Cidade Baixa, querem impedir as melhoras no Parcão, por exemplo.
Acho que meia hora de NYC os faria bem.
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Vcs dois são hilários. Como se o mundo fosse dividido em forças opostas. Ecomo se a diferença entre NY e POA fossem os tombamentos.
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A maior diferença de ny para poa são as pessoas, que são bem diferentes de ti e fazem a diferença.
Sem mais
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Felipe X, nem vou discutir com o senhor. Conheço ambas cidades, morei numa terceira que samba na cara de qualquer cidade do Brasil (arquitetonicamente falando) e sei que a diferença é muito maior que isso, foi apenas 1 de x.
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Também morei em Lisboa: excelente para os turistas… a desejar para a população local!
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Morei em Chicago, e lá as coisas funcionam.
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Uau, que machao.. heh
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Desculpa se o cubano quis te responder!
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Eu acho bem legal estas estações do metrô integradas a conglomerados comerciais… tem bastante em Londres e NY 🙂
Isto seria inaceitável pela mentalidade tacanha do nosso povo…
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Pois é, se tivesse uma estação de metrô com saída dentro de um shopping, vão dizer que é uma privatização malévola de um bem público mimimimimi. Foda.
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SP tem algumas … não tão legais quanto as das fotos acimas. POr exemplo, Shopping Metrô Santa Cruz.
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Sim, aqui querem progresso, mas tudo é culpa das empreiteiras e do Zaffari mimimi. Porque apenas é bonito preservar os prédios com ratos e mimimi bicicleta.
Amigos, o progresso dificilmente sairá de algo público. Infelizmente.
O jeito é abraçar as empreiteiras, deixar que façam uma estação de metrô no shopping (não vejo problema algum) ou uns prédios e urbanizem o lugar (ex.: Pontal do Estaleiro), ser feliz e dar graças a Deus que alguém faz algo (mesmo que visando lucros).
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Não adianta a famiglia Zaffari fazer campanha de Natal bonitinha na mídia e deixar suas lojas e shoppings na penumbra como na noite do dia 24 …
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bem, as empreiteiras e po zaffari nao fazem nada com valor arquitetonico, então eles tem culpa também.
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Carlos, imagino que você mora dentro de uma obra de arte para cobrar os outros deste jeito… Seja você a mudança que você quer para o mundo!
O Zaffari é um dos melhores supermercados do país e suas construções não são nem um pouco caretas… vai encher o saco de outro supermercado!
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Nossa, levou pro pessoal? 😀
Concordo com o Carlos
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realmente, um edificio com um nariz gigante não é careta http://bit.ly/ZHEp21. ehehehehe 😉
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Os Zaffari dão emprego para metade de POA (shoppings e supermercados), o atendimento é bom (ao menos os que frequento).
Outra coisa são os eventos que eles patrocinam e não tem a menor obrigação de tal. A ciclovia da Ipiranga, idem.
Então se querem algo de valor arquitetônico, por que não constroem? Se acham no maior direito de exigir as coisas sem fazer nada. Outra coisa, dêem uma olhada nos supermercados Pão de Açúcar e comparem com o Zaffari. O Zaffari se diferencia, apesar de não ser necessário. Afinal, é um supermercado.
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Exatamente o que eu penso. Adoro este blog, mas fico indignado com estas discussões sobre arquitetura. O pessoal é muito chato!!! Nossa, parece que nada nunca é bom! Sério, se acham tão ruim vão construir prédios vocês e imprimir o seu gosto na cidade. Aí vocês vão ver o que é ser vitrine!
Eu, pessoalmente, acho muitos shoppings bonitos. O Bourbon Country, por exemplo, acho muito bonito. Os Zaffaris, em geral, gosto, frequento e me sinto satisfeito pela beleza que agregam à cidade. O Iberê Camargo, idolatrado por muitos, acho um dos prédios mais feios da cidade. O nome disso é gosto e cada um tem o seu.
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Bah, eu já ia comentar concordando contigo, sobre os Zaffaris e Bourbons, mas quando vi que tu disse que o Ibere Camargo é feio, me caiu os butiá do bolso.
Tem certas coisas que só o gosto não adianta. Existe a avaliação técnica, de beleza arquitetônica. É claro que um arquiteto tem um olhar diferente de um leigo.
Assim mesmo, eu não sendo arquiteto, acho lindo e ousado, pois ele conseguiu sair do comum, se destacar, com grande diferença e majestade, de qualquer outro prédio na cidade, no país e no mundo. Isso é ser ousado. Foi preciso um arquiteto português, do quilate do Alvaro Siza vir aqui e projetá-lo. Nada mais nada menos que um dos 5 mais conceituados arquitetos do planeta na atualidade.
Mas em relação aos Bourbons, acho agradáveis e não acho feios como a maioria das pessoas que comentam aqui acham.
Obs.: lembrando que o Ibere Camargo foi destaque na maioria das revistas de arquitetura do mundo, da Argentina ao Japão, passando por França, Inglaterra e Alemanha… Mas claro, os portoalegrenses não gostam… tsc tsc
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Alex, arquitetura e urbanismo é bem mais que a fachada de um prédio. A unica coisa que o bourbon country tem de bonito é isso.
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Concordo contigo Gilberto, mas no final a cidade é oresultado doque seus moradores valorizam. Leia-se, no caso de poa arquitetura copy/paste e o super ponto turístico do Gasometro.
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Gilberto, existe coisas como funcionalidade, iluminação, referenciais técnicos, etc. Estes tem pouco espaço para discussão e um engenheiro ou um arquiteto competente tem condições de avaliar.
Agora beleza arquitetônica, me desculpa, mas é gosto. A opinião de um arquiteto tem a mesma relevância de um leigo. é como um filme: um crítico tem muito mais condições de analisar critérios técnicos, mas a opinião de um crítico se o filme é bom não é melhor que a de um espectador. Gosto!
Por fim, não tenho nenhum problema que outras pessoas gostem dele, estou dizendo que EU não gosto. E, por sinal, não sou o único. Acho que o mundo seria muito melhor se as pessoas aceitassem as opiniões estéticas das outras! 😉
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FelipeX, concordo que é muito mais que isso. Até estranho que digas isto, pois parece ser apenas nas fachadas que costumas centras as críticas; nos posts que discutem arquitetura normalmente não estão falando de questões técnicas, mas de beleza.
Vamos dividir então: acho as fachadas e decoração do Zaffari bem bonitas. Quanto aos aspectos ergonômicos: a iluminação é boa, disposição das lojas adequadas, as gôndolas tem um bom espaçamento, as seções bem indicadas.
Quanto a aspectos técnicos, não saberia avaliar, mas chutaria que devem ser ruins: eficiência térmica, saídas de emergência, segurança contra incêndios, etc. Seria preciso um bom engenheiro para avaliar.
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