Com obras adiadas, atual projeto do BRT não solucionaria transporte público, diz engenheiro

Iuri Müller

A nova data para a finalização da primeira etapa do sistema BRT está fixada para dezembro.  Foto: Gilberto Simon - Porto Imagem

A nova data para a finalização da primeira etapa do sistema BRT está fixada para dezembro. Foto: Gilberto Simon – Porto Imagem

O sistema BRT (Bus Rapid Transit), previsto inicialmente para ser uma das novidades de Porto Alegre para a Copa do Mundo de 2014, só deverá funcionar após o término do Mundial – a primeira etapa da obra, que consiste na pavimentação dos corredores com placas de concreto, teve o prazo de conclusão adiado pela Prefeitura para dezembro de 2013. A construção de terminais e estações ainda depende do término de processos de licitação.

As obras estão em andamento nas avenidas João Pessoa, Bento Gonçalves e Protásio Alves, nas quais serão erguidos, respectivamente, os terminais Azenha, Antônio de Carvalho e Manoel Elias. Em vídeo oficial divulgado pela Prefeitura de Porto Alegre em julho, o sistema é descrito como a “solução para agilizar o trânsito na Copa do Mundo”, e que ficará como um legado para a cidade. A narrativa explica que, com o novo modelo, o transporte público ganhará “em velocidade”, além de gerar menos poluição.

Segundo o site Transparência na Copa, mantido pela Prefeitura para atualizar o andamento das obras para a competição, a pavimentação nas três avenidas estaria finalizada entre agosto e setembro de 2013. No entanto, por meio da sua assessoria, a Secretaria de Gestão da Capital afirmou que as reformas devem atrasar. A nova data para a finalização da primeira parte está fixada para dezembro.

A Secretaria justificou a demora por dois motivos: o problema na extração de areia, que teria prejudicado diversos empreendimentos em Porto Alegre, e as dificuldades de acelerar os trabalhos nos trechos mais centrais, que avançaram de forma mais lenta em relação ao que ocorreu nos bairros. Apesar de reconhecer a modificação no prazo de entrega, o poder público ainda não atualizou as informações no portal.

No início de agosto, em entrevista ao Sul21, o secretário Urbano Schmitt afirmou que os projetos para a construção dos terminais e estações ainda estavam sendo produzidos. No portal da Transparência, a definição do atual estágio do processo licitatório para ambos os trechos é a mesma: “em elaboração”. Como forma de garantir os recursos para o sistema BRT, a Prefeitura buscou adequar a obra ao PAC Mobilidade do governo federal, que prevê o financiamento mesmo após o início da Copa.

“BRT não pode substituir metrô”, afirma engenheiro

Para o engenheiro Mauri Panitz, o sistema BRT pode ser importante para a mobilidade urbana da cidade, mas não pode ser visto como “a solução do transporte público”. Panitz, que por anos foi professor da PUC-RS, defende que Porto Alegre invista no projeto de um metrô: “é preciso continuar com a ideia do metrô, o BRT precisa ser complementar a outras formas de transporte, se conectar com as estações do metrô, quando e se ele for construído”.

Panitz disse que o sistema BRT, já utilizado em cidades como Curitiba, pioneira nesta forma de transporte, “por vezes é acompanhado de um grande marketing”, mas ressalta a importância da nova pavimentação dos corredores. “Esta modificação é positiva, deve oferecer mais segurança e conforto para os usuários, e também reduzir os custos de manutenção dos veículos”, opina.

Na visão do especialista, se isso de fato acontecer, as modificações poderiam gerar reduções no preço da tarifa geral. “Se os custos de manutenção diminuem, é reduzido também o custo operacional como um todo – o que pode modificar para baixo o preço da passagem”, diz. Mauri Panitz acrescenta que “com menos dinheiro, mas com outro projeto” seria possível obter um maior impacto no trânsito da cidade.

O engenheiro defende um novo sistema de estacionamento, para que o espaço próximo ao meio-fio das vias públicas seja destinado também à circulação. Para tanto, seria necessária a construção de garagens, tanto acima como abaixo do solo. “O prefeito (José Fortunati) e os seus secretários acreditam que apenas com obras vai se resolver o problema do transporte, mas não é verdade”, finalizou.

SUL 21



Categorias:BRT, Meios de Transporte / Trânsito, Metro Linha 2, onibus

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25 respostas

    • Credo, que coisa tenebrosa. Gasta-se uma dinheirama a mais pra comprar veículo com piso baixo e nem se pensa em embarque pela esquerda.

      Que retrocesso, não consigo entender. Esses dias mesmo passei por um ônibus novo articulado com pintura azul embaixo, piso alto e portas na esquerda, característico dos ônibus da Sertório. A tecnologia existe, é simples, é mais barata, já está em uso.

      Porque não se expande o uso?

  1. Quero ver é a freqüência destes onibus. Pois considerando que precisa fazer baldeação, se não for alta a aceitação será péssima. Mas a freqüência tende a diminuir a ocupação e isso diminui o IPK…

  2. Por isso que eu disse que o projeto foi rebatizado com outro nome. Conceitualmente é a mesma coisa: terminais de transbordo de onde saem linhas troncais.

    E note a semelhança dos acontecimentos no caso dos “portais da cidade” e do BRT. Desde 2003 mais ou menos o terminal triângulo estava pronto, perfeitamente apto a fazer parte dos portais da cidade, entretanto o Fogaça fazia questão de deixá-lo de fora.

    Hoje ha toda a infraestrutura e veículos aptos a funcionar como BRT e o Fortunatti faz questão de deixar o eixo Sertório de fora.

  3. Foi feito o projeto piloto na Bento Gonçalves em 1983, com os terminais Azenha, Alameda e Antonio de Carvalho servindo de integração. Foi tudo desativado em 1988.

  4. Por que não fazer por etapas? Por que trocar toda a pavimentação de todos os corredores ao mesmo tempo para só depois instalar todas as paradas ao mesmo tempo, para só depois implantar todo o sistema ao mesmo tempo…

    Por que não colocar um “piloto” para funcionar na Sertório onde já está todo pronto?

    Por que não testar antes?

    R. Porque não é para melhorar o transporte coletivo, é para deixar como está.

  5. BRT em POA é nome bonito para pista de concreto e veículos maiores. Pessimamente executado, vai fazer pouquíssima diferença.

  6. Nem com o advento da copa as obras de mobilidade urbana deslancham nessa cidade, é tá f***

  7. Uau, como eu fiquei surpreso!

  8. Bovinópolis – onde os projetos já nascem obsoletos .

    • Isso é proposital para que não aconteça. O objetivo é fazer o minimo de forma que as empresas de ônibus mantenham ganhando o que ganham financiando políticos e fique tudo sob controle.

  9. o metro falta apenas que o gov federal nos envie 3 bilhões de reais para iniciarmos as obras (cavar o buraco dos vagões)

  10. “Se melhorô, vai melhora! Com Melô e Fortuna.”

  11. Pessoal, sem off topics ok ?
    Querem sugerir matérias, mandem e-mail para blog@portoimagem.com

    • Gilberto, coloca este email em destaque em algum lugar na página principal do site. Colocando em um tópico fica quase impossível de achar, daí acabamos colocando nos comentários ou te enviando pelo facebook.

    • Vale sinceridade? Tem tópico que é politicamente contra a linha do blog, com isso ao ir por email pode-se demorar para colocar no ar para esfriar o tema, jogar vários tópicos irrelevantes acima dele ou simplesmente não ir para o ar. Ao colocar aqui como offtopic abre-se espaço para discussão e testa-se a relevância forçando a publicação.

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