Endividado, RS empobrece e perde importância no PIB nacional

Com dificuldade para acompanhar o ritmo do crescimento do país, o Rio Grande do Sul perde status na economia nacional

Foto: Maurício Gasparetto / RBS

Foto: Maurício Gasparetto / RBS

Fatores climáticos, dependência do campo e crise nas contas públicas são algumas das causas citadas por economistas para explicar o mau momento do Estado.

O Estado vem freando a participação da região Sul no PIB (Produto Interno Bruto) e foi o único, juntamente com São Paulo e Distrito Federal, a perder importância em relação a 1995. Os dados estão em estudo do IBGE divulgado em novembro.

Entre os anos 1990 e o início dos 2000, os gaúchos respondiam por 7,1% das riquezas produzidas no país. Em 2011, último ano analisado na pesquisa, o índice passou para 6,4%. Já o Centro-Oeste, região de novas fronteiras agrícolas, ganhou espaço.

Enquanto o país experimentava crescimento acelerado de destaque mundial no meio da década passada, o interior gaúcho enfrentou na época uma das maiores secas de sua história.

MOTIVOS DA CRISE

Com indústria vinculada ao meio rural por força da produção de máquinas e implementos agrícolas, a crise do campo gaúcho se espalhou por diversos setores.

“É como se o Estado tivesse se atrasado em dois anos. Depois voltou a crescer, mas sem recuperar o atraso”, diz o economista Martinho Lazzari, da Fundação de Economia e Estatística do Estado.

O Plano Real, instituído em 1994, também pode ter influenciado esse fenômeno. Com a valorização da moeda provocada naquela época, o Estado foi perdendo poder de exportação, tradicional componente da economia local pela proximidade com vizinhos como a Argentina, e contabilizou prejuízos.

A indústria calçadista, que tinha no Sul um de seus polos, decaiu. A aposta na integração econômica via Mercosul acabou frustrada pela crise argentina e pelas barreiras do vizinho ao comércio.

“O Mercosul começou em 1991 e até agora não cresceu como as autoridades imaginavam. Como o Rio Grande do Sul fica na ponta do país, poderia ter tido grandes benefícios”, diz Alfredo Meneghetti, professor de economia da PUC-RS.

Se a conjuntura internacional não foi favorável, a situação política interna também contribui para as dificuldades da economia gaúcha.

O Estado é proporcionalmente o mais endividado do país, com dívida superior ao limite legal de 200% da receita corrente líquida. Sem caixa, pouco consegue investir em infraestrutura e é prejudicado na guerra fiscal.

“Há pouco espaço para mexer na tributação. Santa Catarina ou Paraná podem, por exemplo, fazer uma política mais agressiva [para atrair empresas]”, diz Antônio da Luz, economista-chefe da Federação da Agricultura do RS.

‘NÃO ESTAMOS PARADOS’

Para o secretário de Desenvolvimento e Promoção do Investimento do Rio Grande do Sul, Mauro Knijnik, os projetos já implantados e os que estão para se concretizar demonstram que o Estado não está parado.

“O Rio Grande do Sul está crescendo, é um dos que mais cresceu no país no final do ano passado”, afirmou o secretário. “Não estamos parados.”

Entre os pontos já em andamento que elenca estão o fato de o Estado estar entre os principal produtores de energia eólica do país e o polo naval na cidade de Rio Grande, com clientes como a Petrobras.

Para o futuro, o governo aguarda a execução de mais um leilão, o terceiro, para exploração do carvão –segundo Knijnik, a maior parte da reserva de carvão no país concentra-se no Rio Grande do Sul.

Outra aposta é que o Estado seja escolhido como novo polo aeroespacial, hoje centralizado em São José dos Campos (SP). A intenção do governo gaúcho é a de atrair empresas que produzam de microssatélites, bastante utilizados no setor de comunicação.

RENEGOCIAÇÃO

As dificuldades financeiras marcaram as gestões dos últimos governadores. Desde 2003, os três principais partidos do país se revezaram no governo estadual: PMDB, PSDB e PT. O problema, no entanto, persiste.

O governador Tarso Genro (PT) disse em dezembro que só concorrerá a um novo mandato se o Congresso aprovar um novo indexador das dívidas dos Estados.

Tarso, pouco após assumir o governo, tentou fazer mudanças na Previdência do Estado, área citada pelo próprio governo como um dos maiores gargalos financeiros, mas enfrentou reiteradas contestações na Justiça.

Uma das principais bandeiras do petista no mandato é a atração de investimentos privados para o Estado, como uma fábrica de celulose orçada em R$ 5 bilhões e a construção de plataformas de petróleo para a Petrobras.

FELIPE BÄCHTOLD
DE PORTO ALEGRE
02/02/2014

FOLHA DE SÃO PAULO

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Categorias:Economia Estadual

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45 respostas

  1. Porra que saco, ouvir uns defendendo um político do partido x e outro do partido Y… Pessoal política no país é uma máfia, e ainda esses fdp tem a capacidade de dizer ao povo que devemos ser democráticos e votar… São todos farinha do mesmo saco… Se 40% do povo anularem seus votos, a eleição é cancelada…

  2. Enquanto nao tivermos um governo liberal, menos Estado, que corte gastos e pessoal, enxugue, modernize, privatize tudo que puder e faça com que todos paguem seus impostos e baixe impostos, só iremos como carangueijos.

    • Volta Britto!? Are you sure!? Privativou-se parte de CEEE, toda CRT e em troca o que tivemos? Que eu lembre, tivemos os pedágios. Algo mais?

      • Deviam ter privatizado tudo, incluindo o Banrisul.

        Respondendo a pergunta: antes da desestatização da CRT uma linha de telefone custava 3000 dolares. Hoje em dia até quem ganha 300 reais por mes tem telefone. A utopia socialista era tão grande, que esses 3000 dolares eram justificados como a compra de “ações” da CRT, como se fossemos todos donos daquela porcaria.

      • No governo Brito tivemos talvez o último grande projeto de desenvolvimento do estado. Se tivesse tido continuidade, seguramente hoje o estado estaria num patamar bem acima.

        Depois dele, todas gestões estaduais viraram um grande Departamento de RH, procurando subterfúgios de todos os meios para manter a máquina de pé e não para fazê-la andar.

      • Brito = liberal?

        Haham Cláudia… senta lá!

        Esta é a nossa realidade… PMDB e PSDB são “liberais”.

    • Infelizmente a tendência é contrária.

      Na realidade temos um punhado de reais comunistas aqui (tal qual o Tarso) mas que sozinhos não teriam relevância.

      O que realmente faz a diferença são os sindicatos de funcionários públicos (CPERS, Banrisul, CEEE) que se alinham com a esquerda pois é estatizante e irá garantir seus cargos. Eles se movem em massa votando na esquerda e fazendo propaganda para que outros votem na esquerda. Conheço vários funcionários publicos alinhados com a esquerda e sempre que converso com eles vejo que se apegam muito a sua estabilidade e plano de carreira.

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