Segundo Pedro Ruas, residencial trará transtornos

Moradores do bairro Menino Deus lamentam que a nova construção causará problemas de trânsito e impacto ambiental

Vereador Pedro Ruas afirma que até microclima sofrerá alterações com a construção do megaempreendimento Crédito: PEDRO REVILLION

A construção de um complexo habitacional em uma área de 23 mil metros quadrados no coração do bairro Menino Deus, em Porto Alegre, divide opiniões. A única certeza que compartilham moradores e comerciantes da região é de que o empreendimento provocará grandes impactos e mudará a paisagem do mais antigo bairro da cidade. Lançado neste mês, o complexo contará com sete torres de apartamentos e uma estrutura interna de lazer. Tudo isso começa a ser erguido no terreno do Estádio dos Eucaliptos, conhecido por ser o palco de importantes vitórias futebolísticas do Internacional e ter abrigado, inclusive, jogos da Seleção Brasileira.

A área – duas quadras – é contornada pelas ruas Silveiro, Barão do Cerro Largo, Barão do Guaíba e Dona Augusta. Um dos primeiros impactos que o projeto provocará no bairro afetará, diretamente, o trânsito, que já é saturado na região, em especial nos horários de pico. A EPTC, inclusive, projeta mudanças de modo a evitar que, com o crescimento de tráfego, novos congestionamentos sejam formados.

A até então tranquila rua Dona Augusta, que atualmente serve apenas como desvio, passará a ter o seu sentido invertido, dando passagem para lotações e ônibus. “Terminou o sossego”, reconhece o zelador de um dos prédios da rua. Com a mudança, todo o fluxo do sentido bairro-Centro cruzará pela Dona Augusta. Já a rua Silveiro, que hoje tem dois sentidos, passará a ter mão única na direção Centro-bairro. De acordo com a EPTC, a mudança é uma maneira de desmembrar o tráfego de veículos que aumentará com o empreendimento.

Outra preocupação é em relação à rede urbanística do bairro. Nesta região, existem apenas prédios de pequeno porte e poucos andares e casas antigas. As torres do empreendimento terão 11 pavimentos, sendo quatro apartamentos por andar, além de oferecer quase 600 vagas de estacionamento. Um alerta é feito pelo vereador Pedro Ruas (PSol), que preside a Comissão de Urbanização, Transporte e Habitação da Câmara Municipal.

“A estrutura que começa a ser erguida traz preocupação pelo impacto ambiental que deverá gerar”, projeta. Conforme Ruas, pelas características é possível afirmar que o empreendimento vai alterar inclusive o microclima do bairro. “Com certeza, vai interferir ainda na redes existentes de esgoto, água e telefonia, que precisarão ser ajustadas para suportar esse crescimento”, afirma o parlamentar, que não descarta a possibilidade de discutir mais amplamente os impactos do empreendimento.

“A lógica do lucro e a falta de preocupação com a qualidade de vida e os recursos naturais estão refletidos nesta construção”, ressalta. Para moradores e comerciantes, as opiniões são divergentes. Para a moradora Suely Mattos Correa, que reside há 71 anos no bairro, o empreendimento “com certeza” vai gerar transtornos no entorno. Ela cita a questão do barulho devido às obras e o trânsito que será mais impactado. Mesmo assim, acredita que poderá trazer mais segurança ao bairro, já que os “assaltos são constantes”.

O proprietário de uma churrascaria estabelecida há 25 anos na Silveiro, José Sérgio Nunes Muniz, avalia que os próximos dois anos deverão ser complicados em função do empreendimento. “Para reduzir o impacto no trânsito, haverá necessidade de outras intervenções, como o alargamento da Silveiro”, observa. Segundo ele, somente dessa forma a via comportará o incremento de tráfego a partir da conclusão do complexo. Apesar dos transtornos, o empresário é otimista quanto à qualificação da região. “Tenho certeza que vai mudar muita coisa, em pouquíssimo tempo”, afirma.

Correio do Povo



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61 respostas

  1. O mesmo vai acontecer no bairro Teresópolis, na Rua Arnaldo Bohrer onde era o Colégio Cruzeiro do Sul!!!

  2. A lógica de ocupação urbana atual no mundo é a seguinte:

    Explorar um espaço com construções verticais e de base mais estreita, a fim de não haver extensa impermeabilização do solo e ocupação de áreas verdes. Além disso, deve-se mesclar edificações de uso residencial e comercial, de forma que as pessoas que moram neste espaço possam trabalhar, comprar e se divertir perto de casa. Este uso híbrido, por fim, faz com que as pessoas deixem de utilizar automóvel próprio e migrem para deslocamentos a pé e de bicicleta, contribuindo também para a redução de gases poluentes à atmosfera.

    Difícil de entender? Acho que só em Porto Alegre…

    Quanto ao Moinhos, talvez este seja o bairro que mais se aproxima desta tendência. O Pontal do Estaleiro também viria para consolidar esta idéia, mas Porto Alegre é Porto Alegre…

    • É que aqui (achamos que) somos mais “inteligentes”.

      E pior que a incoerência é tanta que, quando deve se fazer uma transferência de uma vila de uma região centralizada para outra nos suburbios por se tratar de uma invasão ou para liberar a área para uma obra pública, esse mesmo pessoal reclama também. “Mas como, vão afastar os pobres de suas fontes de renda?”

      Como se vê a questao toda ideológica e totalmente afastada da racionalidade.

      • Exatamente. Todas as reclamações daqueles que barram projetos não têm lógica e nem parecer técnico, apenas utilizam-se de idéias isoladas a fim de garantir seus interesses.

        O que postei anteriormente é o que se discute entre urbanistas, arquitetos e engenheiros; portanto, são considerações baseadas em estudos e pesquisas.

  3. Uma coisa não entendo. Querem progresso, mas não querem construção, querem solução pra trânsito, mas não querem obra, querem turistas, mas não querem melhorar os pontos turisticos. Vá entender….

    Li aqui que existe defasagem de imóveis na capital. Acho que estou morando em outra cidade. Nunca vi tanto lugar pra alugar e vender como aqui. Bsta andar pelas ruas ver os prédios, com placas e placas de vende-se e aluga-se. Tem aptos que tem até 3 ou 4 imobiliárias… O que querem? Morar em lugar zero km? Só pode… sinceridade tem gente que anda só de carro e nem sabe o que tem na quadra onde mora….

    • O problema é o preço. Os alugueis e vendas aumentaram consideravelmente.
      Os apês estão caros pra alugar e caros pra comprar. Ainda assim, pela facilidade do crédito, preferem comprar a pagar um valor exorbitante pelo aluguel.
      Mas é verdade que faltam opçõs. Boas opções.
      Quem costuma verificar sites de imobiliárias percebe que os apês encalhados são sempre os mesmos, que, por algum motivo, não estão agradando aos clientes compradores.
      É só aparecer um diferente e bom que não dura 5 dias online…

  4. É preciso ler novamente o subtítulo deste artigo, os moradores do Menino Deus não estão gostando da ideia desse novo “empreendimento”. Chega a ser ridículo como alguns pensam que cidade grande tem que ter prédios e mais prédios. Aí alguns dizem que quem não quer “agito” que volte ou se mude para o interior. Que a não construção de prédios encarece o valor do m², tornando ainda mais restrito o direito à moradia. Tudo isso é verdade, mas quem disse que todos têm que morar ao mesmo tempo no mesmo local? Por acaso as famílias hoje em dia são maiores? Estão tendo mais filhos? Por que está se vendendo a ideia de que não há outra forma de crescer e desenvolver senão dessa forma empilhada e para cima? Esses que propagam essa visão por que eles não falam do êxodo rural, do abandono do interior na mão dos latifundiários e políticos corruptos, da falta de interesse de desenvolver socialmente o campo, da pouca oferta de qualificação profissional nesses locais? Por que não falam do lucro exorbitante das construtoras em prejuízo das cidades e seus cidadãos? Sem responder a essas questões, fica muito fácil mandar as pessoas para fora.

    • É óbvio que os moradores do Menino Deus não estão gostando nada disso.
      Até aqui no meu condomínio no Centro, sempre que algum morador inventa de fazer alguma obra, a vizinhança é toda contra. E o motivo? nenhum.
      Pura inveja que não terão isso nas suas casas.
      Sempre que eu leio essas pataquadas lembro daquela pesquisa filmada que simulava obras mirabolantes em locais de acesso público. Dava vergonha de ver que o que movia as pessoas a serem contra era o fato delas não poderem morar nesses lugares.
      Uma dessas “esquerdistas” teve a cara de pau de comentar:
      “Eu achei lindo. Se eu tivesse dinheiro ia adorar viver aí, mas como não tenho, sou totalmente contra essa obra”.

  5. é de rir ler isso. Oh cidade para ter gente atrasada…tá doido….11 andares não é nada, pelo amor de Deus…….é super baixo. Deveriam construir torres de 20, 30 no mínimo…
    Essa turma vive no tempo da alta idade média. É incrível. Só em Porto Alegre existe gente assim. Mas o pior de tudo foi saber que esse comunista ocupa a presidência de tão importante comissão da Câmara. Esta aí a explicação porque esta cidade é tão atrasada em termo de limpeza, mobiliário e construção urbana..

  6. Só 11andares? Desperdiçar um terreno daqueles com meia duzia de sobradinhos! Deveriam ter no minimo 20 andares, turminha que quer sossego, ruas sem movimento, que se mude pro interior, inclusive tu, pedro ruas, abobado, palhaço, isso aqui é uma metrópole porra! É impressionante como tem gente atrazada nessa terra! Deixem Porto Alegre e o RS crescerem!

  7. Pelo visto o pessoal aqui não entendeu o que Pedro Ruas quis dizer. Ninguém quer impedir a construção ali, nenhuma máfia da esquerda resolveu encher o saco pra aquele lugar virar um grande vazio. O fato é que o bairro Menino Deus, que é totalmente central, não tem capacidade nem estrutura pra aguentar “torres” (não acho que têm altura suficiente pra esse nome) ainda mais nessa quantidade absurda. É impossível negar que vão existir impactos, e, depois desses, muitos outros vão surgir, e o bairro vai se tornar um Petrópolis da Zona Sul – com a diferença de que Petrópolis é apenas residencial e dentro do contexto de morar em edifícios que domina aquela região. Menino Deus não foi feito pra isso. É um bairro antigo, em que predomina casas. Existem duas soluções: ou construir em outro lugar (que eu acho sem sentido, visto que ali é um ótimo terreno) ou diminuir a altura e a quantidade de prédios. A construtora usou o máximo que pode pra lucrar, sem pensar na cidade e no meio urbano.

    • A construtora não tem que pensar nisso, a prefeitura que tem. E, bem, o Moinhos não foi pensado para aquela verticalização absurda dele também. Há 20 e poucos anos só tinha quase casa lá, hoje é o bairro mais verticalizado da cidade (e onde muita gente quer viver).

      • É o mais verticalizado e um dos com maiores problemas de trânsito. Sem contar nos inúmeros casarões antigos que foram demolidos.

        • O trânsito no Moinhos é justamente por causa da popularidade do bairro. Dos restaurantes, cafés, lojas e pessoas bonitas. É por causa do Marketing.
          Nos dias e horários que praticamente só moradores circulam, o bairro é tranquilo.

    • A Construtora tinha autorização pra construir até 17 andares, por isso não utilizou o máximo. Como eu disse antes, ali é uma região perto de tudo. Se essas pessoas que moram ali fossem morar em outra zona mais afastada iria utilizar mais o carro e causar mais engarrafamento. Cidades do porte de Porto Alegre mais verticais possuem trânsito melhor por utilizar mais o transporte público e bicicletas. Uma pessoa que mora num local afastado dificilmente utilizará bicicleta para ir ao serviço. Cabe a prefeitura fazer ciclovias e bicicletários incentivandor o uso de bikes.

    • “O fato é que o bairro Menino Deus, que é totalmente central, não tem capacidade nem estrutura pra aguentar “torres”

      Onde existe essa estrutura?

      Em nenhum lugar em Porto Alegre existe essa estrutura prévia e pronta. Ela deve ser construída. Então é melhor morar e construir onde já exista algo, do que começar do zero aumentando ainda mais a urbanização do município.

  8. 1. Porto Alegre é a capital mais verticalizada do país (maior até que SP, por incrível que pareça);
    2. Porto Alegre é a capital com maior zona rural do país.

    Isso me parece falta de planejamento urbano.

    Para serem aprovados, os empreendimentos precisam de uma Avaliação de Impactos Ambientais (AIA), depois é feito um Estudo de Impactos Ambientais com seu respectivo Relatório de Impacto Ambiental (EIA-RIMA), então é concedida uma Licença Prévia, depois uma Licença de Instalação, depois é elaborado um programa para Medidas Corretivas e Mitigadoras (como plantio e remanejo de árvores), e só depois então é concedida a Licença de Operação, após concluírem a obra (e se o empreendedor não desistir no caminho). Em meio a tudo isso, ainda são elaboradas Audiências Públicas para discussão com a comunidade sobre os impactos a serem gerados.

    Aos que acusam os órgãos públicos ambientais de estarem comprometidos com construtoras e afins estão falando ASNEIRA, a relação entre as partes é OPOSTA.

    • Agora concordei com quem disse que menos verticalização = menos verde.

    • Qual o problema de ter mais zona rural? Se a cidade espalhasse para lá quando ia haver corredor de ônibus e metrô por lá? SP não tem. Aliás, não acho que sampa seja referência para urbanização.

      • Eu também não acho que SP seja modelo de urbanização. Me parece lógico que muitas pessoas moram em prédios porque não tiveram outra alternativa, afinal a área não-urbanizada é grande.

  9. É. Ralaram com a Lima e Silva, agora vai ser com o Menino Deus. Ho ho ho… presentão!!!

    Qual é o pior: você montar um bar, ganhar dinheiro, ralar com a paz dos vizinhos, e ir morar nas Três Figueiras, ou, construir várias torres, e morar na cobertura?

    Bem vindo à “sociedade”!

    • Isso, poa devia continuar uma cidade pequena e bonitinha, sem bares. Ah, tenho uma proposta, fazê-los onde tem espaço, na orla! Opa, não pode…

      Mas ao menos a Cidade Baixa é bem humana, cheia de mendigos.

  10. Fazer desenho é facil, vou fazer um contra os pseudos intelectuais que entendem do meio ambiente..
    haha

    Esse aqui é perfeito.. mostra bem como é…

    Um sr com sua vista perfeita para um lago ou praia que vale milhões, ae alguem com mais grana vai fazer algo na frente dele…

    Ae o sr que ja roubava a tal vista de um prédio de tras vai dizer que vão tapar a orla, que vão desviar os ventos, que isso e aquilo.
    haha…

    Exatamente isso….

  11. Apesar de nao gostar dessa pratica que as construtoras tem de comprar um terreno e fazer torres uma ao lado da outra pra garantir o maximo de retorno, a realidade e’ que ainda ha’ muita demanda habitacional, e que so’ tende a aumentar com a entrada de mais pessoas na classe media. Acho que cabe ‘a prefeitura se virar com as redes de esgoto e circulacao de automoveis. Preocupante seria se todos esses imoveis novos estivessem sendo construidos por conta de um altissimo inchaco populacional, o que nao e’ o caso em POA. Esses imoveis vao acabar sendo comprados por gente que ja’ mora na cidade de todo jeito.

  12. Adensar e depois adequar o espaço físico…e bem pensamento de alguém que falta alguns neuronios!!! Ou tem grande interesses economicos sem o minimo escrupulo sobre o local!!

    Os artistas ou cartunistas dizem muito através de seus desenhos:

    Essa para homenagem aos que gostam de “espigôes” em tudo que é lugar…

    Cadê a casinha que esta ali??

    Sobre a revisao..construtiva…

    http://somosandando.files.wordpress.com/2010/05/plano-diretor.jpg?w=581&h=538

    Vai até aqui…

    Sem comentários:

    http://t2.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSYYicm0cxJi1lhyDRt_DqTANTvJju0XcrgjAlLPLb7VMUobGbdWw

  13. O que os esquerdopatas nao suportam e’ crescimento economico para todos, nao aguentam ver pessoas humildes subindo na vida, melhorando suas vidas, esse e’ o maior odio no coracao de todos esquerdistas. Todo e qualquer tipo de luxo, previlegio, beneses e poder, so’ pode ser para eles e mais ninguem, a unica opiniao que vale e’ a deles, nao interessa o quanto bizarra possa ser, o resto da populacao eles prefeririam exterminar ou coloca-los em campos de concentracao (como sempre fizeram no passado) mas como hoje em dia ninguem se sujeitaria a isso, entao eles querem o povo morando em ocas ou cavernas, e vivendo das migalhas deles.

    esquerdismo = disturbio emocional
    Nao e’ que eles nao gostem de riqueza, o que eles nao gostam e’ ELES nao serem ricos.

  14. não vejo como essa quadra pode abrigar 7 torres 11*4*7 = 308 apartamentos, multiplicando por uma mediana familia de 4 pessoas = 1232 pessoas.
    Faltam parques, faltam colégios, falta infrastrutura para sustentar essas 1232 pessoas sem uma grande queda de qualidade. E 600 vagas de estacionamento não é bem o dobro de 308…

  15. Sempre o microclima como desculpa. 11 andares é um prédio um tanto baixo para uma Capital

    • e 7 deles numa quadra? isso altera luz, quantidade de chuva absorvida, direção dos ventos.
      O interior do Bom Fim é ridiculamente mais frio que a independencia por causa das arvores. Imagino que 7 edificios próximos devam alterar muito.

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