Comar impõe limites a prédios altos em Porto Alegre

Clarisse de Freitas

Garcia reclama de prejuízos às empresas que operam em Porto Alegre MARCELO G. RIBEIRO/JC

O censo do mercado imobiliário, apresentado pelo Sindicato das Indústrias da Construção Civil no Estado (Sinduscon-RS), denota a elitização do mercado imobiliário da Capital gaúcha. Quem faz a observação é o presidente da entidade, Paulo Garcia, que destaca outro fator que deve elevar a oferta de apartamentos com valor acima de R$ 300 mil em bairros até agora considerados menos nobres: as restrições à autorização de novas obras impostas pelo 5º Comando Aéreo Regional (Comar) em novembro do ano passado.

“Até agora, estão em execução e em lançamento as obras que foram aprovadas pela prefeitura antes da revogação do Plano Específico de Zoneamento Aéreo do Aeroporto Internacional Salgado Filho. Com o fim dessa norma pensada para a cidade, Porto Alegre caiu na vala comum de uma norma internacional que desconsidera a topografia da cidade e limita as construções a até 42 metros acima do nível da pista. Nos terrenos em morro, sequer uma quadra esportiva pode ser autorizada em alguns dos bairros mais tradicionais da cidade, como Moinhos de Vento, Bela Vista e Auxiliadora”, explicou ele, ao reafirmar que não existe qualquer informação oficial que indique a preparação de um novo plano específico para Porto Alegre.

Segundo o Sinduscon, a restrição afeta um quadrilátero crítico, que atualmente concentra 45% das unidades em construção na cidade de Porto Alegre. Essa área vai da avenida Assis Brasil à avenida Protásio Alves, e da avenida Ramiro Barcelos à rua Ary Tarragô. “Essa restrição penaliza fortemente as empresas de pequeno porte (que respondem por 83% do mercado) e as que constroem em terrenos menores, em áreas mais centrais”, afirmou Garcia.

De acordo com o líder da indústria da construção, mesmo obras públicas vinculadas à mobilidade urbana e listadas como prioridades para a Copa do Mundo (como viadutos e trincheiras que, apesar de subterrâneos, ficariam em uma cota de terreno acima do limite de 42 metros) podem ser comprometidas. “Na rua Pedro Ivo, por exemplo, a regra só permite construir do quarto subsolo para baixo”, ironizou o vice-presidente do Sinduscon, Mauro Oliveira.

Para Oliveira, outros três movimentos devem ser observados se a questão não for remediada logo: a desvalorização dos terrenos dentro do quadrilátero (uma vez que terrenos pagam uma parcela de IPTU maior que imóveis com construção), uma corrida dos proprietários e investidores à Justiça (para baixar essa quota do imposto, elevada para estimular à entrada no mercado, agora restrita pela norma) e o redirecionamento dos empreendimentos para bairros mais afastados do centro.

Jornal do Comércio

 



Categorias:Arquitetura | Urbanismo, Prédios

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42 respostas

  1. É, então que o Aeroporto se mude para uns 50km ou mais do centro da cidade… Que vá para o extremo sul da cidade ou região metropolitana! Assim o plano de desenvolvimento da cidade melhora!

    • Caro Rocha.

      Não sei porque autorizando edifícios altos em áreas em que os acessos já estão saturados estaríamos melhorando o plano de desenvolvimento da cidade?

      Se não pode construir numa região que se construa noutra, é simples.

  2. Teve gente aqui falando de Congonhas.
    Tchê, aquele aeroporto é um terror. Certamente não deve estar se enquadrando nas normas internacionais. Não é a toa que aconteceu aquele acidente da TAM… É simplesmente prédio pra tudo quanto é lado!!!

    Se Porto Alegre quer conviver com um aeroporto internacional dentro dos seus limites, esse é o preço que se paga. Não acho absurdo algum limitar a altura das construções que possam interferir na aeronáutica.

    • Walter

      O limite é em relação a altura do campo de pouso. Como Congonhas está elevado em relação aos imóveis que o cercam não há este problema.

      A norma foi criada para não interferir no radar do aeroporto, como o nível do Salgado Filho é próximo do nível zero, os edifícios que o cercam estão impedindo o funcionamento correto do radar, é simples, ou se continua com o Aeroporto a onde ele está, ou se muda para uns 50km do centro.

      • Isso é verdade Rogério. Tem razão. Mas eu acho estranho começarem a pensar nestes limites agora… e os prédios já existentes ? Serão demolidos ? Não né! Então acho meio sem sentido estas normas. Se tem um prédio atrapalhando não será outro ao lado que fará ficar pior…

        Por outro lado, acho que urge a necessidade de um zoneamento na cidade. Levar mais pra longe da área do aeroporto a possibilidade de se construir alto. Do centro para o sul. Deixar a zona norte dar uma respirada a partir de agora.

        • Gilberto

          São normas internacionais retiradas da experiência internacional de segurança de voo.

          Quanto a demolição, já houve no Brasil, mais precisamente em São Paulo a demolição de um edifício que ultrapassava o gabarito previsto.

          Se prestarem a atenção, verão que os novos aeroportos que estão sendo construídos no mundo são a quilômetros das cidades, exatamente para não causar problemas.

          Agora, raciocinando melhor veremos que Porto Alegre tem imensas áreas que poderão ser beneficiadas, e se a Prefeitura tivesse um mínimo de planejamento, faria previsões de acessos para estas áreas enquanto o problema das desapropriações não é significativo.

          Deveriam simplesmente alocar arquitetos e engenheiros num grupo de trabalho e pensar na cidade nos próximos 30 anos.

  3. Mais uma informação geral, desde 2008 com a PORTARIA Nº 889/MD, DE 6 DE JUNHO DE 2008 do Ministério da Defesa, já se sabia o que está ocorrendo, só que ainda estavam dando um jeitinho para prosseguir o bangú,

    Vide: http://www.jusbrasil.com.br/diarios/613767/dou-secao-1-09-06-2008-pg-12
    Com o aumento da pista provavelmente haverá alguma inspeção para homologação da mesma, e talvez se o bangú continuar, ao sabor do Sinduscon e com a subserviência da Prefeitura e Vereadores o aeroporto não possa subir de categoria.

  4. me diz uma coisa. quando foi que a aeronáutica virou dona de poa? não entregam projeto do aeroporto, limitam altura do prédio… o prefeito não pode ligar para a presidente? ela não é a chefe das forças armadas? é só um pito e esse brigadeiro do psol baixa a bola.

  5. @Hermes:
    Ahhhh…entendi!!
    Entao em vez de exigirmos um upgrade nas tecnologias de
    controle de trafego aereo das autoridades,
    devemos entao nos contentar com a “realidade” latino-americana e
    “caparmos” edificios e quem sabe morros que estao no entorno do aeroporto
    por falta de vontade politica??

    …..Bravisssimo!!

  6. Acho que prédios altos são bonitos sim, mas restritos a prédios comerciais nos centros financeiros. Não acho ruim a ideia de termos apenas prédios baixos nos bairros nobres RESIDENCIAIS, como estes citados no texto. Acho que para a situação em que nos encontramos, é até melhor, caso contrário nos tornaríamos uma Salvador, cidade muito favelizada e que só constrói residenciais altos, resultado: áreas nobres restritas a pouquíssimos pontos da cidade (não tenho preconceitos contra a capital baiana, mas todas as cidades brasileiras tem deficiências, e vejo isto como um problema da mesma), já vi até mesmo um soteropolitano se referindo aos bairros nobres de Salvador como “pequenas e ilhadas bolhas elitizadas”. Agora, quanto a prédios comerciais, estamos bem atrasados, já passou da hora do Centro ou daquela área do Praia de Belas ter uns espigões para renovar o skyline da cidade.

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