Considerações sobre a Vila Liberdade

Incêndio da Vila Liberdade. Imagem: Diário Gaúcho.

Incêndio da Vila Liberdade. Imagem: Diário Gaúcho.

A Vila Liberdade (uma das áreas públicas invadidas por população sem teto nos bairros Humaitá e Vila Farrapos) foi alvo de um mega incêndio no último dia 27 de janeiro de 2013, em que se consumiram mais de 150 casas, desalojando igual número de famílias. O incêndio ocorreu há mais ou menos 400 metros de distância da Arena do Grêmio.

De acordo com informações dos bombeiros, uma briga de casal teria levado uma mulher a botar fogo na casa, por vingança. A construção ficava ao lado de galpão de reciclagem e, com auxílio do vento, o fogo se alastrou rapidamente.

Dezenas de famílias dependiam desta área para se sustentar já que trabalham com reciclagem de lixo.

Mas o que dizem as informações oficiais é a realidade ?

Uma situação é certa: o incêndio foi provocado intencionalmente, de forma criminosa.

Mas por quem ?

Será que as informações oficiais estão corretas?

A área em tela é pública. Foi invadida há décadas por levas de população vinda de diversos lugares e que, não encontrando moradia em outros lugares, ali se instalaram. Analisando o problema desta população, chegamos a conclusão de que se trata de um  problema social de grandes proporções e não meramente um problema de “algumas famílias” da zona norte.

Mas aí, nos perguntamos: quem foi o responsável por tal tragédia?

Prefeitura ? Óbvio que não! A prefeitura, ou órgãos ligados a ela não necessita utilizar-se de instrumentos tão baixos e criminosos para reaver uma área invadida. Para isso existem os instrumentos jurídicos.

Então, iniciativa privada ? Quem sabe e quem saberá ?

Todos sabem que ao lado da Arena do Grêmio haverá grande condomínio residencial, comercial, shopping center, centro de convenções e uma completa infraestrutura que qualificará esta área da cidade. MAS ESTE EMPREENDIMENTO NÃO ATINGE a área desta vila e de outras na região. A área que será utilizada pela OAS é área contígua à Arena, onde hoje está sendo utilizado por estacionamento em dias de jogos, já que não há ainda estacionamento no complexo.

A Vila Liberdade é apenas uma entre tantas áreas de favela da cidade, que concentram cerca de 5 a 6% da população de Porto Alegre. É triste. Mas de forma alguma eu condenaria uma ação da prefeitura de construir uma nova vila para esta população, com melhores condições de vida, com esgoto e água encanada, tudo regularizado de forma digna.

Por mais social e por maior que seja o contingente de pessoas atingido temos que considerar a sua relocalização com melhores condições que a prefeitura agora acena. Uma vez que a área é PÚBLICA (minha, tua, nossa), e não privada, cabe à prefeitura a decisão sumária de onde relocalizar esta população.

A propósito: de onde tiraram o nome de Liberdade da vila ?

Coloco aqui estes dois vídeos que me enviaram. Mas que fique bem claro que o Blog não compactua com a invasão de áreas públicas e que após, ainda sejam doadas.

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Categorias:Arena do Grêmio, Arquitetura | Urbanismo, Favelização

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16 respostas

  1. “Uma vez que a área é PÚBLICA (minha, tua, nossa), e não privada, cabe à prefeitura a decisão sumária de onde relocalizar esta população.”

    Aí que tá, cabe não!

    Para remover estas pessoas para outra área pública, e a prefeitura tem que justificar o fato. A prioridade prevista em lei é que elas fiquem onde estão, e a história nos mostra que remover as pessoas gera problemas maiores ainda, vide Restinga em Porto Alegre, ou Cidade de Deus no Rio de janeiro

    • Nao pode deixar ocupar, tem que tirara na hora! Nao é assim que se resolve problema social, se resolve com emprego e educaçao, isso pra quem quer trabalhar…

      • Nelson, mas há cidades no país que surgiram, cresceram com ocupações irregulares, algumas com 75% das moradias nessa situação. Ou seja, a irregularidade é mais a regra do que a exceção. E acontece por vários motivos, não apenas uma invasão sorrateira na calada da noite por pessoas de renda muito baixa. Às vezes é divergência de registro, loteamento clandestino, etc., e as pessoas adquiriam posse achando que era propriedade, tudo de boa-fé.

        Hoje em dia se tem muitos mecanismos para impedir novas ocupações e para regularizar as atuais, que datam de décadas! Essa aí dizem que existe há uns 30 anos. Então não adianta dizer que tem que tirar na hora (só as novas, e desde que haja destinação), tem que enfrentar a realidade das cidades.

  2. Não vejo motivo para não serem instaladas no mesmo local onde ficava a vila.

    Gilberto, o estatuto da cidades, que é lei, determina que as pessoas devem ficar no lugar que invadiram, e só devem sair se for uma área de risco – como área de enchente, deslizamento. Não existe justificativa para retirar as família dali

    Ou seja, sem um justificativa amparada pela lei, essas pessoas não podem ser retiradas dali. Em Porto Alegre temos o caso da Restiga, que foi criada para retirar pessoas da área do arroio dilúvio, e acabou gerando um problema muito maior para a cidade.

  3. Acho terrível o fato do incêndio e o risco que esta pessoas correram. Ao mesmo tempo expõe uma grande chaga da sociedade gaúcha, porque não é compreensível como pode haver tanta gente miserável em um estado com o potencial deste. Que vergonha! Também penso na propaganda do governo da tal ascensão da classe C. Todavia percebe-se que a realidade é muito precária e a publicidade governamental muito poderosa. Ainda vejo que para pior num Rio Grande que não atrai grandes investimentos esta favelização indecente só tende a crescer (acho que tem gente que se beneficia e muito, disto). Por favor, alguma coisa tem de ser feita e rápido para mudar todo este estado de coisas.

  4. Aquele terreno vale OURO e foi aberto um espaço gigantesco, cá entre nós, prox. ao arena um terreno daqueles cabe pelo menos duas belas torres residencias, então será mesmo que alguém não pediu pra essa moça atear fogo? Uma vez que já foi dito que os moradores estão custando a vender seus terrenos pois estão oferecendo um valor muito baixo..
    O mais estranho de tudo é que ocorreu no mesmo dia de uma tragédia, ocuscando o acontecimento na Vila LIbertade…

    • Nao confunda a area que sofreu o incendio – que e publica e nenhum morador poderia vender – com as casas mais proximas a Arena, que possuem escritura.

      Qualquer teoria da conspiracão, que quiser um mínimo de credibilidade, deve-se atentar aos detalhes mais banais.

  5. “Uma vez que a área é PÚBLICA (minha, tua, nossa), e não privada, cabe à prefeitura a decisão sumária de onde relocalizar esta população” .

    Decisão SUMÁRIA de onde relocalizar

    Tradução : higienismo social – manda lá pra depois da ponte de paris …

    • Acho errado se a prefeitura jogar as famílias para o fim do mundo, mas se entregar uma área melhor, mesmo ficando a 1 ou 2 km dali eu não acho errado.

      Até inclusive, se a prefeitura quiser vender a área por um bom preço (bom preço mesmo, pode cobrar caro pq vale) e com esse dinheiro construir uma belo bairro para as famílias, com escola, creche e posto de saúde eu vou concordar.

    • Pode chamar como tu quiser, mas MUITO MELHOR elas em outro lugar com condições humanas de vida, DO QUE ALI, EM PÉSSIMAS CONDIÇÕES.
      Essas pessoas da vila são manipuladas por partidos políticos. Quem em sã consciência não quereria se mudar pra um bairro melhor, em uma casa de material, com sanitário, encanamento e condições humanas de vida ???? E com ajuda da prefeitura ? Quem tem isso hoje ???

    • A Prefeitura nao pode realocar para longe, somente a FIFA tem esse poder em PoA…

    • Típico argumento que não resolve nada.

  6. Até onde eu sei foi a mulher que botou fogo mesmo, isso saiu inclusive nas mídias independentes como o sul21 (que seria o primeiro a berrar por “especulação imobiliária”). Se não me engano eles publicaramq ue foi uma moradora realmente, viciada em crack, que num ataque de raiva queimou um colchão.

    Mas enfim, lamento pelas famílias e tomara que a prefeitura consiga encaixá-los em um plano de habitação popular o quanto antes.

  7. A pessoa que ateou o fogo esta presa?

    Se ha uma versao oficial, e esta aponta um culpado, cadeia nela.

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