Porto Alegre é uma cidade grande? Como será o nosso futuro ?

Porto Alegre vista do Everest Hotel. Foto: Gilberto Simon

Porto Alegre vista do Everest Hotel. Foto: Gilberto Simon

Com base no comentário do leitor Ricardo, feito hoje, 29/04/2013, proponho que discutamos este assunto.

Vejam o que ele fala:

Sempre que leio essas postagens quase-pessimistas, leio e interpreto a seguinte mensagem “Porto Alegre era um ‘estandarte’, uma grande cidade; mas está em decadência acelerada, sofreu uma lobotomia e perdeu sua personalidade”.

E, se aquela história de saber de onde tu veio para saber para onde tu vai é verdade, fiquei pensando: mas o que, de fato, fez de Porto Alegre uma “grande” cidade? Coloquei abaixo algumas possibilidades:

  • Seria a educação da sua população?
  • Seria a insistência da população em fazer o que é certo (como a resistência ao golpe de 1964)?
  • Seria a beleza de uma cidade que se esforça para ser o mais moderna possível (foi na década de 1950 que o centro de Porto Alegre era comparado à Manhattan por revistas de circulação nacional?)?
  • Seria a contracultura do pessoal que fica/ficava em torno da Redenção?
  • Seria, talvez, a coragem de lançar a cidade em empreitadas (que eu consideraria utópicas e frutos de delírios de grandeza se propostas hoje) como o aterro do centro e do parque marinha do Brasil, a construção da avenida Ipiranga, o entrincheiramento da Borges (que, aliás, merece uma iluminação cênica), a idealização da Procempa, e mais um farto punhado de exemplos?

E, na verdade, pergunto isso porque quero saber a resposta para a seguinte pergunta:

No futuro, quando alguém falar que Porto Alegre é uma grande cidade, estará se referindo a quê? O que temos para nos inspirar para o futuro?



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27 respostas

  1. Estou fazendo um texto sobre o assunto, assim que terminar o envio.

  2. Pessoalmente, acredito que o Velopark e Tarumä poderiam tentar cediar provas como a Imdy e o WTCC. Poderia aproveitar os dois estàdios padräo FIFA e fazer com que Gremio e Inter buscassem patrocinadores interncionais que facilitassem amistosos em Porto alegre com times como Chesea, Bayern, Real Madri. E pq ñ algum festival de rock, quem sabe o pròprio Rock n’ Rio! Fora investimentos em estrutura como mais linhas de metro e aeromovel.

  3. A “cultura do não” afastou as idéias ousadas de Porto Alegre… pra que um arquiteto vai querer propor alguma coisa aqui se é difícil de ser aceito…
    sem falar nas “mafias”… imaginem se o aeromovel não ficasse só no pilot ali no centro… 30 anos depois a cidade estaria com várias linhas com baixo custo de manutenção e passagem… imaginem porto alegre com linhas cortando a orla, passando por cima de parques… ao mesmo tempo que as pessoas fogem do engarramento elas teriam ótimas vistas… mas alguém tem suspeita do porque um transporte publico com poder de diminuir as linhas de onibus não foi pra frente?

    • Tu tocou num ponto interessante: as máfias.

      Elas sim impedem de termos progresso em diversos setores da cidade, e o transporte (que está ligado diretamente a qualidade de vida e ao mesmo tempo progresso) é um deles.

      Fora outras máfias, como as existentes na construção de obras públicas (empresas que não preciso citar, é só observar as que sempre ganham licitações) e o lobby do petróleo como um todo…..

  4. Para mim o que faz e vai fazer POA e o RS serem cidadezinha e província. São duas: A primeira é a falta de envolvimento da maioria da população sobre a cidade e o estado, como o que enxergamos em pequenos grupos, como #RSdoNão, com posições definidas. A segunda é econômica.

  5. Não confio na minha opinião sobre o que faz PoA uma grande cidade, mas confio no que faz de PoA uma cidadezinha, no sentido negativo da palavra.

    O isolamento cultural torna qualquer grande cidade em uma cidade péssima. É assim em qualquer lugar do mundo. Faça um povo deixar de olhar para o que acontece fora de sua vizinhança que o fracasso é certo.

    Nesse sentido vejo e leio coisas incríveis acontecendo em cidades de todos os tamanhos e PoA ainda está presa à conceitos do passado, não olha o que está acontecendo no mundo.

  6. Porto Alegre vai começar a ser comparada com Portland. Vai ser um dos destaques daqui.

  7. PoA vem perdendo ano após ano alguns de seus principais orgulhos (na minha opinião) e perdendo sua identidade que é vinculada a esses destaques: cultura, qualidade de vida, arborização, cena musical (principalmente no rock n’ roll), contracultura, participação popular, qualidade da educação, segurança e politização.

    É interessante o tema levantado por esse post, mas acho difícil de encontrar a causa.

  8. O problema de POA me parece mais emocional e psicologico, como uma especie de trauma coletivo que atigiu uma geracao inteira, que infelizmente e’ a que esta no comando nos ultimos 30 anos. Esse “trauma” criou um medo inorme na populacao que aderiu a teoria do crescimento ZERO, que sempre foi propagandeado por partidos de esquerda. Esta geracao que esta no poder agora nao tem capacidade emocional e nem intelectual de mudar a maneira que pansa. Eles veem tudo com pavor, desconfianca e odio. Por isso sobem em arvores para impedir uma faixa de carros, quebram com odio nos olhos e baba na boca um boneco de plastico, mas um boneco que para eles representa tudo que eles temen, sem saber exatamente oque e’ e prq. A arvore talvez represente um passado que eles pensem ter existido e a faixa de carros uma ameaca a esta memoria (que numca existiu, mas….va entender loucos!). Eles veem POA como um refugio de tudo aquilo que eles nao entendem . A coisa so’ mudara quando houver mudancas na mentalidade de nossos administradores. Ou seja, quando se tratarem de dito trauma, so’ que miseria adora companhia, e sentir pena de si proprio vicia a passoa, chega a um ponto que nao tem como dar a volta por cima e todos caem na mesma vala. So’ com tratamento profissional pra sair desta ou colocar um prefeito e governador que nao estejam nem ai para os C-T-C-T e mande as obras prosseguirem na marra mesmo.

    • Começa mudando a tua mentalidade, pra depois querer que os outros mudem.

      Não adianta jogar a culpa nos outros, começa a mudar a tua realidade e a dos que te cercam. Isso é contagiante e ajuda a tornar a cidade um lugar melhor.

      • Nao preciso de ajuda, obrigado, nao sou eu quem sobe em arvores por motivos ridiculos, nao sou eu quem sai de casa todo MACHAO prq vai dar uma surra em um boneco de plastico, tampouco sou eu quem impede qualquer tipo de investimento por motivos ideologicos, ignorancia e pura maldade (sim a mentalidade de que os pobres nao podem ter nada de bom prq so’ elite pode ter, ainda existe na cabeca de gente como tu). Olhe no espelho e veraz o problema que a cidade tem.

        • Não cabeça, me refiro ao fato de tu querer que os outros mudem primeiro.

          E não, não sou e não penso da forma que tu colocou.

          Por último: criticar a “raiva” dos outros com comentários com o “tom” do teu é no mínimo hipocrisia pura.

  9. Simon.
    .
    Esqueceste o principal, a perda da importância econômica não só da cidade de Porto Alegre como também do estado do Rio Grande do Sul.
    .
    Como dizem os policiais, quando queres achar um criminoso, vá atras do dinheiro.

  10. Certamente não é por nenhuma daquelas sugestões que Porto Alegre era relativamente maior. O que aconteceu é que as outras cidades, que na década de 80 possuíam população e infraestrutura comparáveis a nossa, conseguiram crescer. Quem acompanha os posts e os comentários aqui no blog sabem o porquê das dificuldades para o nosso desenvolvimento. Aqui não se pode alargar avenidas, colocar estátuas em locais favoráveis, construir prédios altos, urbanizar a orla do Guaíba. Agora, misturar 64 com o crescimento da cidade é demais. Os países e cidades mais desenvolvidas são e foram capitalistas. Se a população e as Forças Armadas tivessem entregue nosso país naquela época, aí sim teríamos tido muitos argumentos contra o crescimento. Talvez não pudéssemos nem estar discutindo isso.

  11. Excelente tópico.

    Eu sinto que as pessoas não pensam grande. Porto Alegre é a 73ª maior aglomeração urbana do mundo, mas quando comentei termos mais de um aeroporto e comparei a cidades de ponta as pessoas acham que estou delirando. Temos que sonhar alto, nos comparar com as melhores cidades, não com cidades medianas.

    Ora, por que não fazer os seguintes projetos:
    – Aterrar a orla do guaíba e fazer mais um parque e uma orla com bares e quadras esportivas e quiçá arranha-céus?
    – Nova ponte/túnel para Guaíba na Zona Sul;
    – Novas linhas de metrô;
    – Revitalizar o centro;
    – Fazer uma rodoviária decente (já fiz a comparação com Boston e NYC aqui no blog);
    – Por que não projetar hospedar as olimpíadas?
    – Por que não almejar hospedar eventos esportivos de classe mundial?
    – Construir presídios para acabar com o prende e solta de hoje em dia;
    – Despoluir o arroio Dilúvio;
    e por ai vai.

    Somos grandes e temos que pensar grande!

      • A grana se arranja de várias maneiras. Acabamos de passar por um momento de pujança econômica mundial e conseguimos melhorar em vários aspectos.

        Dá onde vai sair a grana para fazer o aeroporto 20 de Setembro? Metrô?

        Outro fonte seria as nossas empresas grandes, como Gerdau, Tramontina, Randon e Marcopolo. Essas empresas poderiam muito bem financiar grandes projetos em troca de benefícios. Cito o caso da Coréia do Sul, em que a Samsung constrói pontes, aeroporto, parques de diversões, hotéis e em contrapartida eles crescem.
        Por que não a Gerdau começar a construir prédios? Por que não a Marcopolo e Randon começarem a fazer carros?
        Eike Batista está certo em dizer que os empresários brasileiros em medo de arriscar.

        • O Eike Batista enrolou um monte de pessoas, usou a mídia para vender ações de negócios que valiam 10% do que atingiu o valor em bolsa, inventou um porto que não existe e não existirá e só trabalha com dinheiro dos trouxas que compraram suas ações e do BNDES.
          .
          Ele não arrisca também o seu dinheiro, ele arrisca o dinheiro dos outros!

      • Thiago.
        .
        No Rio Grande do Sul não temos empresários dispostos a colocar seu dinheiro a fundo perdido, o que eles querem são as famosas PPP, que na realidade funciona como uma concessão disfarçada, se o negócio não dá lucro o estado fica obrigado a pagar ao parceiro.
        .
        Todos os grupos que falaste, não estão impedidos de fazerem grandes obras que sirvam para enriquecer o seu patrimônio e o patrimônio da cidade.
        .
        A famosa PPP do metrô, mesmo sendo necessário o investimento de somente 10% do total do Parceiro Privado, não aparece ninguém. Por que será?

        • Oi Rogério. Muito bons os teus argumentos. (não é ironia)

          Sem querer estender a discussão, mas em relação ao porto do Açu está a pleno vapor. É só ver vídeos, fotos e notícias de empresas que estão se instalando pro lá. (Aliás, gostaria de ver um porto assim em Tramandaí)

          Outro ponto interessante que gostaria de colocar é que os sul coreanos ajudaram o país a não quebrar após a segunda guerra mundial. Os cidadão doaram suas jóias e suas reservas para o governo pagar a dívida. Projetos como presídios poderiam ser financiados pela população, afinal estamos investindo no nosso futuro.

        • Thiago.
          .
          Eu recebo todos os dias um boletim da Bolsa de São Paulo, e na realidade o que se vê são as ações dos Xs valendo em torno de 10% a 30% do que valiam nas épocas áureas.
          .
          Cuidado com o que aparece na imprensa, nunca me esqueço que no dia posterior ao lançamento da ações da petroleira do Eike saiu na capa da veja uma enorme propaganda do lançamento das ações, dizendo ate´que valor elas poderiam atingir, um monte de trouxas foram atrás e se deram muito mal.
          Para não ficar no acho que lá vão as variações de algumas ações do grupo Eike Batista.
          .
          – A OGX chegou a valer 23,39 (em 2010) agora vale em torno de 2,1, ou seja 10% não considerando a inflação (se considerar vai para menos de 8%).
          – A LLX Logística também chegou a valer em torno de 9,80 em 2010 agora está em torno de 1,90
          – A OSX (a do estaleiro e do porto) quando foi lançada valia próximo de 28 e do mesma forma vale em torno de R$3

          Ou seja, o cara não afunda mais porque chegou ao fundo do poço, com perdas de 90% nos valores das ações, o que para qualquer um capitalista norte-americano levaria e ele se jogar pela janela, mas o Eike aqui no Brasil ainda aparece na mídia (devia estar aparecendo nas páginas policiais).

        • Se Eike é um falastrão golpista como vc sugere ou se é uma versão atual de Assis Chateaubriand só a história vai nos responder.

          Muitos dos louvados empreendedores no Brasil nunca tiveram um centavo ou foram da fortuna a bancarrota múltiplas vezes. Assis, Mauá e outros tantos que hoje nomeiam nossas ruas, avenidas e pontes.

          Admiro o Eike por seu arrojo e ousadia, por não ter medo de investir seu nome e sua reputação. Por mostrar que acredita no potencial desse país, que mesmo com uma sobrecarga absurda de impostos e com legislação inapropriada para incentivar o empreendedorismo consegue no meio do nada construir um porto, explorar petróleo no exterior e remexer o mercado.

          Mostrando para os grandes grupos de empresários tradicionalistas sentados na FIESP ou na FIERGS reclamando do governo e fazendo a mesma coisa por 100 anos já não funciona mais.

          Quem me dera um deles pegasse um naco da orla para construir um porto economicamente viável. Mas aí o povo iria cair matando. E isso é o que faz de Porto Alegre uma cidadezinha.

  12. Eu “votaria” nos seguintes pontos:

    – Seria a educação da sua população?
    – Seria a insistência da população em fazer o que é certo (como a resistência ao golpe de 1964)?

    Mas educação, especialmente hoje em dia, tá cada vez pior.

    Mas não entendi o lance da “contracultura” do pessoal que fica ou ficava em volta da Redenção. Como assim?

    • O movimento de contracultura começou e vingou nos Estados Unidos a partir da década de 50 com o movimento “beatnik” culminando com o movimento “hippie” nas décadas de 60 e 70. No Brasil nunca vingou muito, pois o movimento de contracultura para sobreviver necessita estar em torno de uma sociedade de abundância.
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      É uma contradição que o próprio movimento de contracultura tem, ele questiona a sociedade de consumo, mas por outro lado vive dependente da sociedade de consumo. Vou dizer algo que o pessoal mais velho que adorava os movimentos de contracultura da época vão me matar, os movimentos de contracultura norte-americanos eram uma espécie de papeleiros da sociedade abundante das décadas de 50 a 70 nos staites, pois os mesmos não faziam parte de sociedade de consumo mas também não faziam parte da sociedade normal de produção.
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      No Brasil tivemos arremedos de movimento de contracultura, mas como a sociedade era pobre não havia aquele desperdício em todos os sentidos que caracterizavam a sociedade norte-americana, logo era impossível viver sem ser sustentado por alguém produzindo no máximo uma cultura artística independente que era consumida vorazmente pela sociedade normal norte-americana.
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      Nunca tivemos aqui uma influência da contracultura forte exatamente por problemas econômicos, o que temos é alguns grupos artísticos-culturais que sobrevivem do mesmo jeito do que a contracultura norte-americana, só que lá era um grupo forte e aqui são poucas pessoas que não tem massa crítica para criar um movimento próprio.

  13. Com certeza, isso tudo é reflexo do espírito da maior parte da população da cidade.

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