Mais qualidade menos caixotes

Porto Alegre tem uma das 10 maiores rendas per capita do país. No entanto, parece que os endinheirados consumidores não fazem muito exigência em questão de arquitetura de prédios residenciais.  Basta ver os lançamentos imobiliários: uma coleção de caixotes e pombais, como o Múcio 60 (abaixo)  Me pergunto porque?

Mais abaixo, dois exemplos de arquitetura residencial que me deparei essa manhã navegando na net.  O primeiro é de uma prédio de apartamentos em Melbourne, Austrália.  O segundo é em Beirute, uma cidade pouco lembrada a não ser por guerras civis mas que tem uma veia arquitetônica bem invulgar e lições a dar a nossa rica capital.

O Líbano está no 85º lugar na lista dos paises mais ricos. O Brasil é o sétimo.

The_Wave_Apartments,_Gold_Coast,_QLD,_AU

beirut-terraces



Categorias:Arquitetura | Urbanismo

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36 respostas

  1. Mas ninguém respondeu: porque em Porto Alegre se constrói tão mediocremente? Porque, temos os prédios entres os mais feios do país – incluindo os prédios NOBRES, que parecem caixotes dos anos 60?

    Olha, pombal e caixote tem em todo o país, mas no resto do país, pelo menos os predios nobres são belos. Tem curvas. São sinuosos. São diferentes. São audaciosos. Tem design até quando são discretos. Há prédios sem nada demais, mas com leveza.

    Vejam os predios de Fortaleza, Salvador, BH, Curitiba…

    Nessas cidades há prédios belos – e muitos.

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  2. Sério que o primeiro exemplo mostrado é sinônimo de boa arquitetura pra vocês? Eu o achei horrível. Quase no mesmo nível que esse prédio de Porto Alegre. A diferença é que lá eles foram “ousados”, enquanto o nosso é mais do mesmo. Já o segundo exemplo, aí eu concordo, é lindo!

  3. So para ratificar o texto original do post. A primeira figura e de um predio na Gold Coast – Australia, nao em Melbourne como foi dito. O predio se chama The Wave Resort e pode ser encontrado aqui: http://en.wikipedia.org/wiki/The_Wave_(building)
    E concordo que falta a ousadia em design de predios ai em POA. Ia ser legal ter alguns predios residenciais diferentes por ai.

  4. MENOS TRIBUTAÇÃO E BUROCRACIA. MAIS QUALIDADE.

    QUEREM QUALIDADE QND 40% DA RENDA VAI PARA O GOVERNO KKKK

    • Os projetos são medíocres e a culpa é do governo porque cobra muito imposto? Sugiro que dê uma olhada nos projetos feitos nos países nórdicos, onde a tributação é muito maior que no Brasil.

  5. Vale mencionar que a segunda imagem é de um projeto do Herzog e de Meuron, um dos mais importantes escritórios de arquitetura do mundo. http://www.beirutterraces.com/
    E um prédio como este poderia sim, ser construído aqui com o nosso atual plano diretor. A questão e que nenhuma construtora quer se arriscar porque a nossa classe médio é completamente fechada à novidades,

    • A classe média, que segundo o governo tem renda per capita entre 300 e 2000 reais, não é definitivamente quem compraria esses imóveis.

  6. Realmente é até constrangedor. Na minha opinião o que pode explicar tamanha falta de talento dos caras com estes projetos medíocres, que inclusive perdem feio para o que se faz no interior da região Sul como por exemplo em Londrina e Maringá no Paraná, é que os cursos de arquitetura do RS devem ser bastante fracos. Só mesmo não tendo formação adequada em arquitetura para não ter sequer senso estético!

    • Não vejo nada que me chame atenção em Londrina ou Maringá, e sim, tenho acompanhado o SSC e várias fotos. O que vejo lá são pombais sem classe para neo-classe média. Não é o que se quer para POA.

    • Infelizmente não é tão simples assim. O arquiteto nem sempre pode construir o que deseja nem como gostaria. Os empecilhos e os agentes envolvidos são muitos, não é só o poder público por meio das regulamentações de ocupação do solo ou do empreendedor do negócio, a lista é longa. Numa época de grandes investimentos imobiliários muitos profissionais, desenvolvem projetos para atender esse mercado e os interesses que envolvem atualmente essa produção arquitetônica.
      Muitas vezes esses edifícios não garantem uma ocupação de qualidade, com áreas livres no terreno nem recuos frontais assegurando insolação e ventilação adequada nos apartamentos como deveriam. O ideal seria que o empresariado da construção civil se empenhasse na melhoria da qualidade das construções, evitando que elas interferissem negativamente na paisagem das nossas cidades.
      Por outro lado, cada vez mais é possível observar uma série de construções aqui no RS e pelo Brasil afora, projetadas por arquitetos preocupados com uma ocupação urbana mais humana e sustentável. O Edifício 360º em SP é um bom exemplo de arquitetura residencial com melhor qualidade de vida, em sintonia com as necessidades que vivemos.

  7. Poderia ser pior…
    Garanto..
    haha

  8. Com caixote o lucro é maior. Simples.

    • Será que uma construtora estatal seria a solução já que não tem o problema do tal do lucro?

      • sim, seria a solução pra DESVIAR dinheiro, assim como todas estatais.

        meu amigo… olhe os prédios lindos q existem ao redor do mundo, e me diga qtos deles foram construídos por empresas estatais.

  9. texto fraco, que compara alhos com bugalhos. de qualquer forma, vamos lá:

    primeiramente, uma grande confusão entre riqueza e dimensão do produto interno bruto. O Brasil é a sexta maior economia do mundo com 200 milhões de haitantes; o Líbano tem menos da metade da população do Rio Grande do Sul. assim sendo, os brasileiros não necessariamente podem pagar pelos custos de uma arquitetura mais sofisticada.

    em segundo lugar, essa foto do Líbano é claramente um projeto. se vou me basear em projeto, pego o original da reforma do Beira Rio: contemplava dois prédios sofisticadíssimos, cuja construção nem seria permitida pela nossa legislação esquizofrênica. projeto é projeto.

    em terceiro lugar, com o mercado de imóveis aquecido, as construtoras tendem, por razões de preço dos insumos e rapidez, a simplificar os projetos. isso não é novidade. aumenta a demanda, tu pode fazer a mesma porcaria ou pior e cobrar mais ou o mesmo pelo pior. é regra de mercado.

    em quarto lugar, é preciso avaliar as condições e as leis do local onde se vive. não sou engenheiro, mas imagino, e seria bom se alguém esclarecesse, se um prédio como o da última foto poderia ser edificado por essas bandas.

    em quinto lugar; tem aquela regra – em time que está ganhando não se mexe. num mercado aquecido, não vejo o porquê de a construtora inovar (o brasileiro é apenas aparentemente aberto à novidades nessa área) arriscando diminuir seu mercado. assim sendo, a ousadia dá lugar ao tradicional e neutro. eu faria o mesmo: eu penso mais no meu bolso antes de pensar na beleza da cidade.

    • vou dar um like em meu comentário. li e está muito bom.

    • Poder ser construído, pode.
      Mas como $ é o que comanda, é muito mais simples um prédio com formas simples. Além do mais, a mão de obra daqui não é tão preparada para esses projetos quanto os destes países.

    • Mesmo se o fator for PIB per capita o Libano está perto do Brasil, com 14mil dolares por cabeça – o nosso é 11mil. Além disso, há sim gente endinheirada nesta cidade suficiente para ter bom gosto e pagar por designs de apartamentos fora do estilo caixote.

      Uma foto do skyline da cidade aqui:

  10. Gostaria de escutar a opinião de algum arquiteto ou de alguma empresa. Será questão de custo? Falta de ousadia dos arquitetos? Ou será falta de capacidade dos engenheiros?

    São poucos os prédios fora do padrão em Porto Alegre. O Karpathos é um interessante.

    • Trabalhei com projetos prediais já. Mitas vezes tinhamos idéias boas, mas como o empreendedor quer rentabilizar ao máximo o terreno (ninguém investiria o dinheiro pra não poder ter o máximo de rentabilidade) não dava muita margem pra ousar muito nas formas. Além do fato de sacadas entrarem em área computável quando ultrapassam uma proporção em relação à área do apartamento, Então não dá mais pra lidar com sacadões e volumes como o do segundo exemplo. Estas projeções estariam tirando áreas que seriam destinadas à quartos ou salas…
      Outra coisa é que temos um limite ridículo de altura. Acho que temos regiões de Porto Alegre que comportariam prédios mais altos tranquilamente, mas não é adotado isso.
      Caso tenha algum arquiteto mais experiente nisso que eu por favor me corrija ou complemente.
      Abraços

      • Cidades como Curitiba, Recife e São Paulo permitem prédios residenciais bem mais altos que Porto Alegre e isso, de forma alguma, quer dizer que a qualidade dos residenciais dessas cidades é menos pior que os daqui. Não acho que falta de altura seja um problema.

        • Exato, não entendi a relação entre altura e qualidade.
          Se o objetivo é unicamente rentabilizar ao máximo, farão caixotes de 50 andares do mesmo jeito que fazem os de 20.

    • Falta de capacidade dos engenheiros, não.
      Um prédio residencial não é nada perto do cálculo de uma cobertura, como a do Inter.

      Não sei se é falta de ousadia dos arquitetos ou pão durice das construtoras. Investigue a sua classe, Marcelo.

    • Sou arquiteto e conheço o mercado. A resposta é simples. Pão durice das construtoras e incorporadoras. São empresas que não tem visão de cidadee não percebem que projetos qualificados melhoram o entorno e criam um ciclo virtuoso.

      A legislação tem uma parcela de culpa (e não é pela questão da altura) mas é por impor um modelo de “torrezinha isolada” com pilotis que dá uma característica disforme à cidade.

      O Bjarke Ingles por exemlo tem projetos incríveis de quateirões inteiros, de excelente qualidade com até 4-6 pavimentos.

      Para ser bom não precisa ser alto. Precisa ser bem projetado e o incorporador precisa ter visão de cidade.

  11. O Brasil não é e nunca foi mais rico que o Líbano, caro Marcelo. E Beirute sempre foi uma das melhores cidades do Oriente. Dito isso, também acho que POA poderia se espelhar em cidades desse tipo.

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