Estudo aponta benefícios econômicos e ambientais de ônibus elétricos em Porto Alegre

A Prefeitura recebe os resultados de uma pesquisa sobre o impacto ambiental e a economia de recursos públicos que a mudança da matriz energética de diesel para eletricidade da frota de ônibus pode gerar na Capital. A apresentação do estudo será feita durante a Conferência Mundial do Clima (COP27), que acontece no Egito. Foto: Sérgio Louruz/SMAMUS PMPA

A prefeitura recebeu, nesta quarta-feira, 9, os resultados de uma pesquisa sobre o impacto ambiental e a economia de recursos públicos que a mudança da matriz energética de diesel para eletricidade da frota de ônibus pode gerar na Capital. A apresentação do estudo foi feita durante a Conferência Mundial do Clima (COP27), que acontece no Egito, onde estão o secretário do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus), Germano Bremm, e a diretora de Políticas e Projetos de Sustentabilidade, Rovana Reale Bortolini. O vice-prefeito Ricardo Gomes acompanhou a divulgação dos resultados em Porto Alegre, por videoconferência.

O estudo, encomendado pela Smamus, foi elaborado pelo Centro Brasil no Clima e Instituto Augusto Carneiro, financiado pelo projeto Action Fund do Google.org e gerido pelo ICLEI América do Sul. Acesse aqui a íntegra do levantamento. 

“Quando assumimos o compromisso de zerar as emissões de carbono até 2050 na COP26, buscamos instrumentos para atingir nosso objetivo. Realizamos o Inventário de emissões de gases de efeito estufa, que apontou que a principal fonte poluidora na nossa cidade é o transporte, com 67% das emissões, sendo 11% de ônibus. Agora, contratamos esse estudo para avaliar a viabilidade econômica de mudarmos nossa matriz energética no transporte público de Porto Alegre”, explica o secretário Germano Bremm.

Resultados – No cenário em que toda a frota seria eletrificada em 2023, haveria uma economia de R$ 3,7 bilhões até o ano de 2050, e R$ 9 bilhões se considerados os custos inerentes da poluição na saúde da população de Porto Alegre, entre atendimento a doentes e mortes. Seriam evitadas ainda emissões de, ao menos, 3,5 milhões de toneladas de CO2 no período 2023-2050.

Já no cenário que considera a eletrificação total da frota em 2036, quando os atuais contratos de concessão se encerram, seriam economizados R$ 1,5 bilhão e R$ 4,25 bilhões se somados custos relacionados ao sistema de saúde local até o ano de 2050. Nesse caso, seriam evitadas emissões de 1,7 milhão de toneladas de CO2.

“Em todos os cenários analisados, foi possível observar que, além de reduzir em grande medida as emissões de gases de efeito estufa, a transição da frota de ônibus do transporte público a diesel para elétrico mostra-se economicamente viável e positiva”, afirma o diretor de projetos do Centro Brasil no Clima, William Wills.

A prefeitura, por meio da Secretaria de Mobilidade Urbana (SMMU), tem percorrido o país para conhecer projetos de eletrificação de frota com o foco no desenvolvimento de um piloto. “Já visitamos São José dos Campos, São Paulo e a Feira Latbus com esse objetivo. Conhecemos experiências exitosas para um posterior estudo e desenho do projeto. Em paralelo, buscamos formas de financiamento, pois no modelo atual de remuneração o custo do sistema é rateado por todos os usuários do ônibus mais parte de subsídio”, explica a diretora geral da SMMU, Maria Cristina Molina Ladeira.

Zero Carbono – Em paralelo ao estudo da eletrificação dos ônibus, a prefeitura trabalha para reduzir as emissões de carbono das fontes estacionárias (energia consumida diariamente pelo cidadão) que, segundo o Inventário de Emissão de Gases de Efeito Estufa, representam 23% das emissões, seguido dos resíduos, com 8,8%.

“Também com recursos do projeto Action Fund, financiado pelo Google.org, instalamos painéis fotovoltaicos e biodigestores em duas escolas no Morro da Cruz. Conseguimos uma redução de mais de 90% na conta de energia elétrica e 16 toneladas de CO2 deixaram de ser emitidas. A ideia agora é levar o projeto-piloto para todas as escolas municipais da Capital”, declara a diretora da Smamus, Rovana Reale Bortolini.

Link: https://prefeitura.poa.br/smamus/noticias/estudo-aponta-beneficios-economicos-e-ambientais-de-onibus-eletricos-na-capital



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21 respostas

  1. eletrificar os onibus para nao tirar o poder da atp com bondes, vlt e até metrô e aeromovel…

  2. Sobre a eletrificação vejo várias criticas (vozes solitárias e dissonantes ao mainstream) aos potenciais custos de troca de baterias (elas tem vida útil), a pegada ambiental referente à mineração de cobre, níquel, lítio e terras raras (essencial para produção de baterias, além do que se faz em termos de deposição destas baterias velhas.

    Verdades incovenientes que todo o mundo está colocando para baixo do tapete.

    • além disso, eletricidade também é um recurso finito (as barragens para hidrelétricas assoreiam com o tempo e soluções eólicas e solares ainda não garantem energia em escala). A Califórnia é o estado no US que está forçando a mão com a troca de matriz energética ao mesmo tempo que incita a população a racionar o uso de energia elétrica pois sucateou e não expandiu a capacidade de geração e distribuição de energia.

    • O carro elétrico consome mais energia em sua produção (incluindo bateria), porém quando se leva em conta o uso por um longo período a vantagem do elétrico acaba sendo significativa para o ambiente. Só acho que há muito lobbying envolvido, não dá para entrar nessa onda de países ricos e querer começar a estipular metas irrealistas para agradar a patrulha.

      • Exatamente, RicardoUK. A forçada de barra de governos em mudança de matriz energética está sendo vendida por políticos como a panacéia de todos os males. Sabemos que políticos tem mais interesses pessoais e de grupos do que pelo bem geral, e via de regra suas ações não são pautadas por decisões racionais, mas por interesses e narrativas.

    • As baterias têm vida útil, mas são feitas majoritariamente de material metálico, que é facilmente reciclável após o uso. Todos os minérios que você citou, são caros o suficiente para que ninguém os deixe jogados em aterros. Pode até ser que haja um pico de mineração em um primeiro instante, mas quando essas primeiras baterias começarem a chegar ao fim da vida útil, certamente haverá um mercado de reciclagem para a troca dessas baterias, seja por força econômica ou mesmo regulatória.

      Permita-me fazer um questionamento: Na indústria, que é onde deseja-se ter o melhor rendimento, menor desperdício e o maquinário está fixo (ou seja, pode-se usar a matriz energética que preferir, seja eletricidade, carvão, gás natural, diesel), usa-se qual força motriz? Os equipamentos industriais são majoritariamente elétricos, eletro-hidráulicos ou eletropneumáticos, pois são os acionamentos mais eficientes existentes.

      Com os veículos, sejam comerciais ou particulares, o uso majoritário do motor elétrico é só questão de tempo, visto que as baterias estão cada vez mais eficientes, permitindo maiores autonomias e com recargas mais rápidas.

      • Concordo com o que escreveste. Acho que tudo vai nos levar a eletrificação, mas o que causa estranheza é forçar a barra de cima para baixo ao invés de deixar as soluções teconlógicas evoluirem para naturalmente resolver a questão de demandas, descarte, reciclagem etc. Sempre que se empurra algo como forma de acelerar um processo, pode ter certeza que a médio-longo prazo teremos problemas muito maiores para resolver como sociedade enquanto um grupo no curto prazo ganhou muito dinheiro.

        • Mas não se está empurrando nada, inclusive Porto Alegre até agora não tem sequer um plano de eletrificação da frota, só um ou outro teste feito pela Carris. Fora que, nenhuma tecnologia evolui sem antes estar sendo usada. A evolução tecnologica só é possível descobrindo falhas do uso, com sugestões do usuário e é viabilizada na escala.

  3. Avanço.

    Mas antes, Porto Alegre ainda está precisando resolver o básico no seu transporte público. a) reformulação das linhas. E depois disto, b) estabelecer piso baixo para toda frota. Tem ônibus que a gente precisa pegar que são verdadeiras carroças, e o motorista arranca enquanto as pessoas estão subindo a escada, ainda por cima.

    • Exatamente. Em cidades mundo afora, já utilizam ônibus com piso baixo há muito tempo. Não sei qual a dificuldade de ser assim aqui. Não faz sentido fazer pessoas de idade ou mesmo mais novas “escalarem” os ônibus.

      • A Carris foi a única que investiu de forma mais ampla em veículos de piso baixo na cidade, mas essa prática foi abandonada nos últimos 10 anos. Nos consórcios foram poucos veiculos de piso baixo, mais concentrados na Zona Leste, reunidos em linhas especificas.

        No início dos anos 2000 a Carris comprou (+/-)112 veículos carroceria Caio Millennium Low-Entry (Piso Baixo), todos motor traseiro e com ar condicionado. Modelo bastante revolucionario pra época.

        No inicio da década de 2010, esses carros foram substituídos por (+/-)106 veículos carroceria Marcopolo Gran Viale Low-Entry, todos com motor traseiro e ar condicionado (maior parte ainda em está em operacão).

        Cabe destacar ainda que, em 2008, foram comprados 12 veículos menores, carroceria Neobus Mega 2006 Low- Entry para as linhas circulares do Centro, todos com motor traseiro e ar condicionado. Esses carros, entretanto, já foram retirados antes mesmo de completarem a vida util.

        Fonte de dados: planilhas de relações de frotas de ônibus de Porto Alegre, site Viacircular.

  4. Benefícios ambientais por conta de não emissão de gases, e isso é ok. Mas porque já não se avança para a implantação de um novo modal pô, que bem poderiam ser os VLTs -veículos leves sobre trilhos, que são aqueles bondes elétricos atuais, modernos, seguros, confortáveis e eficientes.

    • Plenamente de acordo. Tem lugares, como Milão por exemplo, que ainda utilizam VLTs antigos e funcionam muito bem. Um novo modal de transporte é urgente e só assim salvará o transporte público de POA.

    • 100%. Uma das maiores dificuldades pra criar bons sistemas de VLT é achar um traçado onde haja espaço/geometria adequada. Porto Alegre tem esse problema praticamente resolvido já, basta usar o alinhamento dos corredores de ônibus. Dá pra fazer.

      • Concordo fmobus, se conseguiu-se implantar VLT em cidades européias (muito mais orgânicas em seus traçados – visto que muitas mantém o seu design originário de tempos medievais – e em alguns casos mais antigos que isso), como não conseguiria-se achar traçados em cidades mais novas, principalmente aqui no Brasil?

      • Não vamos nos esquecer que boa parte das ruas de Porto Alegre foram projetadas junto com o trajeto dos bondes, dadas as devidas proporções, nossas ruas já tem geometria adaptada para o uso de VLTs.

      • Seria possível e viável fazer utilização mista? Corredores com com trilhos de VLT somados com linhas de ônibus?

    • Um modal não elimina o outro, mas concordo que nós corredores seria interessante implantar VLT ou mesmo o BRT eletrificado.

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