Polêmica no projeto dos outdoors

Entidades de profissionais e empresários de mídia exterior estão preocupados com o projeto de lei em discussão na Câmara

Sindicatos defendem publicidade nas ruas argumentando que não há excessos em Porto Alegre como há em SP Crédito: vinícius roratto

O projeto de lei que prevê a retirada de outdoors de Porto Alegre, em discussão na Câmara de Vereadores, poderá resultar na redução de postos de trabalho. A preocupação é compartilhada pelos sindicatos de trabalhadores e empresas. Hoje, o mercado de mídia exterior é responsável pela geração de 4 mil empregos diretos e 20 mil indiretos só na Capital.

O presidente do Sindicato dos Publicitários, Agenciadores de Propaganda e Trabalhadores em Empresas de Publicidade do RS (Sinpaptep/RS), Jurandir de Oliveira Maciel, ressaltou que, caso a proposição venha a ser aprovada, poderá haver redução de até 50% na mão de obra. “Milhares de famílias dependem do salário desses trabalhadores”, diz.

Segundo Maciel, o sindicato pretende procurar nos próximos dias a Câmara para discutir o assunto. “O país precisa de leis que protejam o trabalhador e não que causem desemprego”, destaca. De acordo com o presidente do Sindicato das Empresas de Mídia Exterior do Rio Grande do Sul (Sindipainéis), Paulo Garcia, as empresas foram pegas de surpresa com a proposta. “É uma iniciativa que vem na contramão da economia brasileira, que é a da geração de emprego e renda”, acrescenta. Segundo ele, as grandes empresas que atuam na Capital e são responsáveis por 80% do mercado respeitam as regras. “Não somos uma cidade como São Paulo, que tem excesso de painéis”, destaca.

O diretor de uma empresa de mídia João Pedro Silveira também argumenta que a propaganda de mídia exterior na Capital não é tão agressiva quanto a de São Paulo. Segundo ele, as empresas têm respeitado as normas estabelecidas pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente. Por outro lado, Silveira destaca que a lei poderá ajudar a retirar do mercado os clandestinos que prejudicam o trabalho de empresas que geram milhares de empregos. Outra preocupação do diretor da empresa é com a formação de novos publicitários, que a cada semestre deixam as universidades gaúchas. “O mercado de mídia exterior é mais uma opção para esses jovens. Temos que respeitar a legislação, mas é fundamental que não ocorra a redução de empregos”, assinala.

Correio do Povo

Capital tem mil painéis sem licença

Levantamento da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smam) aponta a existência, em Porto Alegre, de 1,5 mil peças de outdoors. De acordo com Oscar Azevedo Neto, técnico da Equipe de Combate e Controle à Poluição Visual da Smam, somente 509 equipamentos têm licença definitiva e 200 já foram retirados por estarem inadequados. Segundo Neto, as empresas têm preferência por regiões como o Centro, Nilo Peçanha, Azenha e Ipiranga, em função do grande fluxo de pessoas nestes locais.

“É preciso disciplinar, porque hoje existe uma quantidade exagerada de painéis e temos dificuldade de realizar a fiscalização”, acrescenta o técnico da Smam. Conforme o representante da secretaria, existe hoje uma disputa de espaço das empresas responsáveis pela colocação dos painéis com o mobiliário urbano da cidade, no caso as paradas de ônibus. Neto destaca que em breve será necessária a discussão de um projeto de lei na Câmara de Vereadores de Porto Alegre sobre a fachada de prédios e de lojas, que, segundo ele, também existem em quantidade exagerada pela cidade. Em abril, o Ministério Público do RS entrou na Justiça com um pedido de liminar para a regularização dos outdoors em Porto Alegre. Para isso, o pedido estipulava 60 dias de prazo para que o poder público municipal tomasse providências. No entanto, a Justiça concedeu novo prazo para a medida. No caso da não apresentação dos documentos das peças consideradas irregulares, deverão ser retiradas 434 peças instaladas no município.

De acordo com Neto, a colocação de outdoors nas vias de grande movimento resulta em poluição visual e causa desconforto aos moradores, porque ficam muito próximas dos prédios. “A nossa ideia é evitar um descontrole em Porto Alegre. Não queremos que a cidade vire São Paulo, que foi agredida pela colocação destes equipamentos”, observa. CP

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Acho um exagero estas leis que querem “acabar com tudo” sem um meio termo. Vivemos num país capitalista, em que a propaganda tem papel fundamental para a economia. Esta iniciativa de retirar os outdoors é tremendamente radical. Sou totalmente contra. Há uma necessidade, sim, de regulamentar a colocação dos outdoors. Sabe-se que grande quantidade deles estão nos locais de forma irregular. Mais uma vez quem se mostra incompetentes são os órgãos fiscalizadores. Uma vez bem fiscalizado, não seria necessário a retirada de todos os outdoors. Não é assim que se legisla. Não é assim que se resolvem problemas. Espero que a Câmara discuta o suficiente esta questão e não cometa o erro de ser radical.  Gilberto Simon



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24 respostas

  1. Concordo!

    Outdoors só poluem visualmente a cidade, além de ser um meio de publicidade bastante inadequado nos dias atuais.

    Poderiam substituir esse tipo de publicidade por telões em pontos específicos da cidade, que podem concentrar várias publicidades de alguns segundos em um mesmo local, ao mesmo tempo em que é mais bonito esteticamente.

    • Yuri, os telões por sua variabilidade de anúncios até possibilitando imagens em movimento, poluem muito mais, possibilitando distrações no transito. Por isso acho mídia perigosa. Os espaços em outdoors são vendidos a partir de uma semana de exposição o que acho muito efêmero e poluente. Geralmente são mensagens produzidas na perna, com minima criação e a um baixo custo de produção.Nesses casos são os “teasers” usados para chamar atenção às mensagens sequentes e das produções lixo, que se concentram em texto. Para as mensagens de painéis ou outdoor o tempo de exposição também deveria ser uma variável a ser regulamentada. Por exemplo se tivéssemos cartazes em painéis ou outdoors por no mínimo 2 meses, essas produções, pelo custo de veiculação obteria uma produção e criação mais elaborada, mais cuidados e qualidade poderiam ser obtidas para uma veiculação mais longa. A qualidade da imagem e mensagem deveria ser boa para continuar atraindo e persuadindo os consumidores por um longo período. Se não fosse assim a mensagem ficaria velha fundindo-se com a paisagem do cotidiano. Mas pelo que entendo de publicidade, isso é difícil de ocorrer. Muito dinheiro e “lobby” de interesses estão no jogo desse negócio!

  2. Maior regulamentação seria uma boa, e como critérios sugiro uma distancia minima entre painéis, e a quantidade de texto por metro quadrado.

  3. Sou a favor. O dinheiro investido em outdoors vai ser investido em outros meios de propaganda menos poluidores visualmente. Isso não é totalitarismo, é regulaçāo. Se coloca regras no jogo, não se acaba com ele.

    • perfeito. é a minoria prejudicada pela regulamentação que privilegia 99% da população que sai berrando “totalitarismo!” Não é a publicidade que está sendo proibida, apenas um tipo de publicidade que é prejudicial a cidade.

      • A questão é o precedente. Hoje se proíbe “um tipo”. Amanhã dois, três, quatro… E sempre vai ser a coisa certa a fazer. Sempre vai ser pelo bem da população.
        Como já foi comentado antes, existem soluções muito mais inteligentes do que banir totalmente os painéis. Leis que visam eliminar totalmente alguma coisa são sempre totalitárias.

  4. Aqueles Outdoors de madeira são ridículos. Não sei como existe aquela porqueira ainda. Tem que ter padronização isso.

  5. Alguem multa os outdoores irregulares?
    Na publicidade é normal pagar a multa e continuar anunciando.
    Quem sabe ir aumentando o valor da multa?
    E quem sabe, propor lugares para anuncios?

    Mas não em outdoores de madeira, deveriam fazer algo bonito, por que não nos paredões podres do centro?

  6. Um alarmismo e exagero esse número de 24 mil empregos. Acho boa a medida. Uma das coisas que amigos estrangeiros notam quando chegam é a profusão de outdoors, tanto na cidade quanto nas estradas. Uma coisa que pode ser feita são os outdoors móveis, que podem ter até 4 anúncios num só outdoor.

    • É desse tipo de soluções que precisamos. Em SC eu vi um outdoor da Coca em forma de lata de refrigerante. Os painéis giravam e mudavam a lata entre coca normal, light e zero. Achei muito inteligente.

  7. Concordo com o Gilberto. Essas leis que querem banir completamente alguma coisa são totalitarismo puro. Esse projeto de lei quer retirar TODOS os painéis da cidade. Não é assim que se legisla. Se o excesso de outdoors incomoda a população, então que se faça um censo pra confirmar isso, e que se definam dimensões e número máximo de anúncios por logradouro. Depois disso: fiscalização.
    Sobre esses painéis sem licença, como o próprio nome diz, eles não respeitam a lei de qualquer jeito… Falta fiscalização, não legislação. Quanto ao número de empregos diretos e indiretos eu não posso opinar porque não tenho conhecimento da dimensão desse mercado, mas não acho que 4 mil empregos diretos sejam exagero.
    Dito isso, também estão tentando “banir” o plantio de tabaco no Brasil, e a ausência desse sim, vai gerar um desemprego gigantesco. Tudo por uma boa causa, claro.

    • Concordo com o Gabriel. Essas leis que querem banir completamente as drogas são totalitarismo puro. Nãodimensões é assim que se legisla. Se o excesso de drogas incomoda a população, então que se faça um censo pra confirmar isso, e que se definam quantidades que um usuario possa portar e número máximo de pes de maconha por domicilio. Depois disso: fiscalização.

  8. Por que tem de ser tudo 8 ou 80?

  9. Acho que antes de se preocupar com outdoors, deveriam se preocupar com quem cola cartazes nas ruas.
    Como multar quem cola cartazes em locais publicos não gera grana né, preferem partir pros outdoors, que eu sei que enfeiam a cidade, mas na minha opinião, não chega nem perto do que os milhares de cartaze em paradas, paredes e bla bla bla fazem…

  10. Lembrei disso

  11. A solução definitiva estaria na realidade aumentada: paisagens limpas e publicidade massiva. Pena que isso ainda é ficção.

  12. Começou o terrorismo! “Milhares de famílias dependem dessa renda”? Por favor!

    Se o setor gera 20 mil empregos diretos e 4 mil indiretos e a retirada de mil outdoors irregulares acarretará a perda de 50% dos postos de trabalho no setor, então isso significa que CADA outdoor gera DOIS empregos diretos e DEZ indiretos! Pelo amor de Deus!

    A sorte é que (1) estamos muito próximos do pleno emprego, e não vai faltar oferta para quem tiver que sair do setor, e (2) publicitários são pessoas criativas por excelência, e não tardarão em encontrar alternativas inovadoras para essa “catástrofe” que será a limpeza visual da cidade.

  13. Ainda quero ver esse documentário:

    Essa daqui é o site oficial: http://thisspaceavailablefilm.com/

    Tem gente se mexendo, será que por causa dessa choradeira vamos ficar para trás em relação às grandes cidades como aconteceu no caso dos cobradores de ônibus?

    • Documentário do grande Marc Gobé. Sou publicitário e completamente a favor de tirar de Porto Alegre todos os outdoors. Tomara que seja aprovado. Em São Paulo deu certo.

  14. Pô! Já começou a choradeira… “4 mil empregos diretos” é de toda mídia exterior, outdoor e placas feias são minoria dessa mídia exterior, dizer que vai deixar milhares de famílias sem emprego é muita cara de pau.

    Em Florianópolis, que começou tarde o plano diretor criou um slogan muito legal: “A cidade é como um criança, cresce melhor quando tem limites”. Precisamos de limites para propaganda, isso enfeia a cidade! Digo mais, se estão com medo é porque estão fazendo errado!

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