By Priscila Kichler Pacheco

O redesenho das ruas tem papel fundamental na redução do número de mortes e acidentes (Foto: Fast Company/Reprodução)
Em fevereiro deste ano, o prefeito de Nova York, Bill de Blasio, anunciou o plano Visão Zero. Baseado no homônimo programa sueco, o projeto inclui 63 iniciativas – entre as quais a redução do limite de velocidade nas áreas urbanas e o redesenho das vias – voltadas para um grande objetivo: reduzir a zero as mortes no trânsito da cidade em dez anos.
Em artigo no New York Times, Leigh Gallagher, editora da revista Fortune, ressaltou a importância de rever o traçado da cidade para alcançar a meta:
Qualquer abordagem mais ampla a respeito das fatalidades no trânsito precisa ter em mente o redesenho das ruas. Nós temos vias que foram desenhadas em torno do carro, em uma cidade repleta de pessoas caminhando – cada vez mais. (…) É um erro colocar a culpa nos motoristas por dirigir rápido demais em ruas que foram feitas para que eles fizessem exatamente isso, e não é justo culpar os pedestres por não serem cautelosos o suficiente quando eles estão se comportando exatamente como pedestres sensatos e inteligentes fariam.
O artigo de Gallagher enfatiza a importância de se repensar o desenho das ruas. É importante que existam leis de trânsito impedindo, por exemplo, que um carro avance sobre um pedestre, mas muitas vezes o problema é uma questão de design urbano. Poucas pessoas entram em seus carros com a intenção de matar ou atropelar um pedestre ou dois no caminho. Replanejar o desenho das ruas e as próprias políticas de planejamento é essencial para diminuir o número de acidentes com mortes. Como na Suécia, onde ruas e estradas são pensadas com prioridade total à segurança, em detrimento de espaço ou conveniência. Por lá, contam-se por ano apenas três mortes a cada 100 mil habitantes.
Colocar uma faixa de segurança ou pintar uma ciclofaixa ao lado de uma rodovia de doze pistas não é suficiente. Inspirada na Visão Zero da Suécia, Nova York quer trazer para suas ruas os elementos que garantem segurança para todas as partes, motoristas, pedestres e ciclistas. Quanto mais “obstáculos” os motoristas tiverem de evitar, mais cuidado e atenção eles tendem a ter. Árvores, ciclovias, sinalização de pedestres, quebra-molas, cruzamentos pintados – todos fazem a diferença quando se trata de criar um ambiente urbano e viário mais seguro.
Leia mais sobre o assunto no artigo publicado pela Fast Company.
TheCityFixBrasil
Categorias:Meios de Transporte / Trânsito
Ué, o certo não era o Brasinha, que queria aumentar o limite urbano para 80k/h?
Pelo visto tu nunca foi ao RJ né; ia sair “horrorizado” pela velocidade algumas vias da cidade…
Seria fantástico mesmo andar a 80km/h até o próximo engarrafamento por causa das sinaleiras dessincronizadas.
Numa cidade com 270 km de metrô da pra propor qualquer coisa.
Aqui em Porto Alegre não adianta querer desestimular o uso do automóvel, pois não há opção minimamente confortável e ágil. O que se entende de um pais em que os usuários de ônibus diminuem ano a ano, onde carros custam 3x o preço internacional e em que 70% dos modelos vendidos são populares? Que a imensa maioria das pessoas usa carro por necessidade.
Sobre a violência do trânsito, minha análise é que é resultado da baixa educação da população e na infraestrutura precária.
Baixa educação dos motoristas não significa desconhecimento das leis e trânsito, mas sim falta de conhecimento de conceitos abstratos (filosofia, história, psicologia) que dão subsídios para que se respeite o próximo caso isso não seja um valor pessoal.
Infraestrutura precária que não torna confortável ao motorista seguir a sinalização. Por exemplo, linhas continuas que mudam de posição ou não existem. A delimitação perfeita da faixa de rolagem acostuma o motorista a segui-la sempre, e também estimula ele a seguir outras sinalizações.
Falou tudo, Adriano. Países de primeiro mundo e com qualidade de vida integram todos os modais de transporte, com vias bem pavimentadas e sinalizadas para automóveis, ciclovias em boas condições, além de metrô e trens urbanos de qualidade.
Mas para a cabeça pequena do grupo de bicichatos comandados pelo vereador ciclista é querer ferrar com a vida dos motoristas de automóveis e criar apenas ciclovias, como se isso fosse um passe de magica para melhorar a qualidade de vida em Porto Alegre.
Pelo jeito o outro Adriano achou a outra metade do cérebro dele.
Leu o link sobre curitiba ali em cima?
Mas enfim, a questão não é exatamente “desestimular o automóvel” mas sim habilitar a pessoas a usarem outros meios também com conforto e sensação de segurança. Não que todo mundo vai virar ciclista, mas muita gente não é por medo do trânsito.
15 mph se anda só dentro de fábricas.
Quais os limites aqui em POA nas principais ruas, alguém sabe dizer?
Principais avenidas (Ipiranga, Borges, etc) são 60km/h a não ser em áreas de intenso fluxo de pedestres, como a Borges no centro. Se não me engano baixa para 40 km/h.
Valeu!
Se todo mundo andasse a 60 km/h na Ipiranga, ninguém cairia no Dilúvio.
40 entra na faixa dos 25 mph. Não da pra bobear ao atravessar a rua.
fora capelari.
e sua turma.
(complementando)
Nova Iorque vem tomando uma série de medidas extremamente boas para reduzir a violência. E adivinhem: não é cercar os pedestres em todas travessias.
Mas sobre o “acalmamento” em si, até nossa velha conhecida Curitiba está fazendo o que ativistas aqui dizem há tempo (Mobicidade, por exemplo): fazer travessias de nível.
http://www.mobilize.org.br/noticias/6310/curitiba-prepara-ruas-calma-para-pedestres-e-ciclistas.html
Pena que isto se passa em Nova York. Infelizmente nossos governantes somente pensam em si mesmos, e nunca na coletividade
“o projeto inclui 63 iniciativas – entre as quais a redução do limite de velocidade nas áreas urbanas e o redesenho das vias – voltadas para um grande objetivo: reduzir a zero as mortes no trânsito da cidade em dez anos.”
Na minha opinião, aqui consta a principal – e mais assertiva – diferença entre o que rola lá, e o que rolá aqui. Primeiro, em um “projeto de 63 iniciativas” aqui, seriam 63 no papel e menos de 10 na prática. Aposto ainda que desses 10, quase todos seriam projetos mal executados ou na prática mal fiscalizados. E desses projetos poucos com baixa qualidade, a maioria não seria para dez anos. Seria para 4 ou menos (até a próxima eleição).
A minha sugestão para melhorar a mobilidade e segurança de pedestres em POA é fazer o que aparece nesta foto:
https://www.google.com/maps/place/Hillsboro,+OR/@45.5236623,-122.6832119,96a,35y,90h/data=!3m1!1e3!4m2!3m1!1s0x5495055f56bce579:0x7d29ff866a33ed86
Acabaria com vários problemas:
– Carros fazendo curvas fechadas em alta velocidade não dando tempo de ver o pedestre na faixa
– Falta de visibilidade para motoristas ao dobrar devido a carros estacionados na esquina (menos de 5m)
– Menor distância para o pedestre atravessar, aumentando a segurança
– Menor tempo das sinaleiras de pedestres, aumentando a fluides do trânsito (não precisaria de 30s)
– Maior espaço para mobilidade do pedestre
Outra vantagem, olhem onde fica a placa de pare nesta foto:
https://www.google.com/maps/@45.531966,-122.698688,3a,90y,191.25h,75.86t/data=!3m4!1e1!3m2!1sYMUwDH3y-TvvZO09mcDYiw!2e0
Fica na cara do motorista, e não escondida na linha da calçada atrás de uma árvore.