Ciclista é ameaçado de agressão após impedir tráfego de veículos em ciclovia de Porto Alegre

Frame retirado de vídeo mostra ciclista deitado na ciclovia sendo ameaçado por dois homens | Foto: Reprodução

Frame retirado de vídeo mostra ciclista deitado na ciclovia sendo ameaçado por dois homens | Foto: Reprodução

Circula nas redes sociais um vídeo de um ciclista deitado com sua bicicleta em uma ciclovia na Av. Guaíba, no bairro de Ipanema, na Zona Sul de Porto Alegre. Ele está bloqueando o tráfego de veículos que invadem a ciclovia para se desviarem de uma obra que impede o trânsito normal na via. O vídeo mostra o ciclista discutindo com motoristas, moradores do bairro e operários da obra e sendo ameaçado de agressão (confira aqui).

Eduardo Candraia Costa, 44 anos, cozinheiro profissional, é o ciclista do vídeo. Morador do bairro, ele diz que estava se deslocando para o bairro Tristeza pela ciclovia. Quando chegou próximo à esquina da Av. Guaíba com a rua Déa Coufal – trecho em obras que ocupa cerca de uma quadra -, avistou carros vindos na direção oposta. Indignado com a situação, decidiu parar na ciclovia e impedir a passagem dos carros.

“É o único espaço que nós (ciclistas) temos. Eu me senti acuado quando vi carros, motos e um caminhão de gás vindo na minha direção. Sentei na ciclovia e bati o pé. É uma ciclovia, não é uma via pública. Onde eu vou andar, se eu não posso andar na ciclovia?”, questiona Costa, que diz ser ciclista há mais de 30 anos e é membro da Associação Ciclística da Zona Sul (ACZS).

Segundo ele, a obra (a substituição de uma adutora de água tratada) começou há cerca de 45 dias na Déa Coufal e vem avançando desde então em direção à Av. Guaíba, mas a sinalização não está adequada sobre o desvio que os veículos devem tomar para não passarem pela ciclovia.

“A obra foi avançado para a beira da praia e eles deixaram o trânsito invadir. Não há nenhuma informação, não há nenhuma placa impedido”, afirma o ciclista. “Os moradores locais conhecem, quem é de fora só se depara com a obra quando chegam na avenida e as pessoas sem noção invadem a ciclovia”, afirmou.

De acordo com a (EPTC), o desvio dos carros pela ciclovia é o adequado e a sinalização no local está satisfatória. “A Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) informa que, momentaneamente, em razão das obras, o desvio do trânsito está sendo feito pela ciclovia, para permitir uma melhor acessibilidade a região. Há sinalização indicativa de obras no local. No trecho, o tráfego é misto e o ciclista tem prioridade na circulação”, informou a entidade.

Discussão e a ameaças de agressão

O vídeo foi feito por João Adures Pich, amigo de Costa que passava pelo local, com o objetivo de proteger o ciclista de agressões. As imagens mostram primeiro ele discutindo com uma mulher, que seria moradora do bairro. Ele chega a se levantar para reagir aos insultos dela, mas volta a se sentar. Nesse momento, a mulher o acusa de ameaça de agressão. Posteriormente, dois homens se aproximam de Costa, que está de novo sentado, e começam a insultá-lo. Claramente, também o ameaçam de agressão.

“A postura que eu tomei não foi a melhor possível”, reconheceu Costa. “Mas, como eu era o único, tive que tomar uma atitude defensiva. Se eles são loucos para querer me agredir, vou mostrar que sou mais louco para me defender”, afirmou

Costa diz que a situação só foi resolvida após cerca de 20 minutos com a chegada de um oficial da Brigada Militar. “Quando a BM chegou, coloquei para eles o que estava acontecendo, que estavam tirando o meu direito. O oficial entendeu assim, pediu uma barreira da EPTC e fez com que todos os carros dessem ré. O brigadiano me salvou fazendo com que as pessoas tirassem os carros”, relata o ciclista.

Segundo ele, cones foram então colocados no local para impedir que carros passassem pela ciclovia.

Luís Eduardo Gomes – SUL21

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O vídeo:



Categorias:Bicicleta, ciclovias

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16 respostas

  1. Pelo que entendi a pista de rolamento estava toda bloqueada e só restava a ciclovia de espaço utiliável, não? Assim sendo me parece razoável que passe a ser compartilhada, esse ciclista está errado mas faltou sinalização mesmo.

  2. E eles pregam “menos motor e mais amor”

    Mas a parte não-motorizada , sempre que tem a oportunidade de demonstrar tudo isso o que prega, nunca nos demonstrou esse amor. Os ativistas sem-motor nunca mostram gentileza, simpatia. Nunca usam discursos que conquistam pelas coisas positivas.

    E não me venham dizer que, como os sem-motor são oprimidos, são quase atropelados, etc, etc, então por isso a truculência está justificada e legitimizada.

  3. acho que faltou orientação (placas no mínimo) para orientar pedestres, ciclistas e motoristas sobre o impacto da obra. Sem falar no bom senso de todos os envolvidos.

  4. Não tem o menor cabimento alguém se achar no direito de sentar na via pra impedir o tráfego. Não passei por lá, mas conhecendo o trabalho porco da EPTC tenho certeza que a sinalização está mal feita, mas está claro que é por motivo da obra, uma situação temporária, nessas situações o bom senso deveria falar mais alto!

  5. convenhamos que uma ciclovia do tamanho de uma pista inteira é um exagero tremendo.
    As ciclovias estão sendo implantadas aqui com uma mentalidade totalmente errada, as ciclovias europeias que todos almejam são muito mais “humanas” e menos burocráticas, funcionais.

    • Eu concordo que há muito burocracia e regras nas ciclovias portoalegrenses em relação as ciclovias europeias…. entretanto, no caso da ciclovia de ipanema… não é uma avenida de alta velocidade de veículos, o foco é o lazer… então eu acho que o tamanho da ciclovia ali tem que ser grande mesmo… e para os carros uma pista esta ótimo, principalmente no final de semana, tem muito transito e velocidade baixa diminui o risco de acidentes…

    • Exagero sob qual critério/aspecto? Não te esquece que ela é de duas vias e tem uso intenso, principalmente nos finais de semana. Além do mais, deixar ela mais estreita não ajudaria em muita coisa, certamente não daria espaço para mais uma pista de rolamento.

  6. Mais vale um covarde vivo… dizia minha mae

  7. Se a EPTC liberou, ele é quem esta errado.
    É uma obra, pra que o escândalo?
    Em certos momentos vale mais manter o respeito, fazendo isso, só vai queimar o filme dos ciclistas.

  8. Pô, a cidade inteirinha já é toda projetada para os carros, daí quando fazem algo para favorecer o ciclista / pedestre o pessoal simplesmente não respeita e acham que estão certos.
    Até no centro o pessoal de carro quer andar passando por cima dos pedestres e ignoram completamente o fato de que aquele é praticamente o único local onde o pedestre mais deveria ter prioridade.
    Mas esperar o que desses motoristas, quando nem mesmo a prefeitura respeita isto?

    • Pressuponho então que o dia que houver obra nas ciclovias os ciclistas não poderão utilizar as pistas de tráfego? Afff
      O objetivo a ser atingido é a CONVIVÊNCIA e não a INTOLERÂNCIA por ambas as partes!

      • Esse ciclista está errado, mas isso que falaste sobre as ciclovias já acontece. Vai no trecho interditado da ciclocoisa da Ipiranga e vê o que um ciclista pode fazer (além de chorar) ao chegar no trecho fechado.

      • Disse tudo! Uma coisa é protestar quando ambos tem liberdade de circular em suas vias e um deles avança sobre o percurso do outro. Outra coisa é, de forma errada, querer ser dono do pedaço incondicionalmente e de olhos vendados protestar. Protestos são válidos mas não podemos esquecer que certas situações requerem uma reflexão antes de simplesmente serem implementadas. Eu não vi o video apresentado ai mas, mesmo assim, pra um cidadão ficar assim, ele deve ter passado por outras situações diárias onde deparou com o avanço da ciclovia. Da mesma forma, me deparo com centenas de pedestres que param sobre a ciclovia na hora de atravessar a rua. A faixa de pedestre está ali, em ambas as vias, mas na ciclovia o pedestre para em cima. Temos que praticar a convivência. Quando vejo isso, simplesmente digo para o colega pedestre que a faixa está aberta para o ciclista igualmente está aberta para os carro. Paralelamente, o ciclista para na faixa impedindo o transito dos pedestres para “segurar-se” no poste onde tem o acionador do semáforo. TODOS temos que nos adequar. A CIDADE tem públicos mistos e que tem os mesmos direitos. E SOMOS TODOS pedestres, ciclistas e motoristas! Sejamos amigos para fazermos uma cidade melhor. 🙂

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