Empresas de ônibus questionam Uber Juntos

Uber Juntos. Empresas de transporte de passageiros da região metropolitana dizem que o funcionamento desse tipo de tecnologia compete com os ônibus, o que seria ilegal

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Outdoor mostra silhueta de carro com interior de ônibus | MAICON BOCK/METRO

O Uber Juntos, modalidade via aplicativo que permite o uso de um mesmo carro por até quatro passageiros, é questionado por entidades de transporte coletivo da região metropolitana. O Setergs (Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários do Estado do RS) e a ATM (Associação dos Transportadores Intermunicipais Metropolitanos de Passageiros) consideram que o modelo compete com os ônibus, prejudicando as empresas, e pedem a suspensão do serviço.

As entidades encaminharam um documento sobre o assunto à Metroplan solicitando que o Ministério Público seja notificado. O entendimento das empresas é que, da forma como opera o Juntos, a Uber realiza transporte ilegal de passageiros.

Para o presidente do Setergs, Fabiano Rocha Izabel, o aplicativo cumpria seu papel ao ocupar uma lacuna do transporte individual. No entanto, isso mudou ao passar a atuar com mais passageiros. “Por isso, as empresas passaram a entender que o direito de mercado ficou afetado. Quando recebe três ou quatro pessoas em determinado ponto e circula em uma rota, tem características de transporte público”, questionou.

A Uber nega que o Juntos atue como ônibus. Conforme a companhia, o Juntos não tem ponto fixo nem tarifa determinada, ou sequer um itinerário pré-programado. “[…] o serviço complementa e incentiva o uso do transporte público por facilitar o acesso das pessoas às linhas de ônibus ou de trens, seja para ir de casa à estação, seja para ir do último ponto até a porta de casa”, respondeu a empresa, por meio de nota. Curiosamente, em outdoors na capital gaúcha, a modalidade Juntos é destacada com a silhueta de um carro com o interior de um ônibus.

Medida preventiva

Um detalhe sobre o caso é que o Uber Juntos ainda não chegou a municípios cobertos pelas entidades de transporte que criticam o modelo. A ATM, por exemplo, conta com nove empresas filiadas, como Vicasa (Canoas), Soul (Alvorada) e Guaíba. Segundo o presidente do Setergs, a medida é “mais preventiva do que qualquer outra coisa”. “Assim como em Porto Alegre, há muitas gratuidades no sistema de transporte coletivo da região metropolitana. Quanto menos passageiros, mais cara fica a conta da gratuidade. E se cria um círculo vicioso”, afirmou.

Conforme a Uber, um estudo realizado em São Paulo desfaz a ideia de que o transporte coletivo possa ser prejudicado. “A recente pesquisa Origem Destino do Metrô paulista apontou que o sistema metroferroviário teve aumento de viagens no mesmo período em que surgiram os aplicativos, mais um indício da complementaridade dos sistemas.”

Jornal Metro Porto Alegre – 05/02/2019



Categorias:Outros assuntos, Uber

10 respostas

  1. O sistema de onibus precisa se adequar a nova realidade, poderia ser como na Australia, sem cobrador, o passageiro passa o “TRI” quando entra e quando sai, é cobrado apenas o custo do seu trajeto.
    Poderiam ter veículos menores e mais economicos, variando o tamanho de acordo a linha, e deixando os maiores apenas pro horário de pico.
    A maioria dos onibus circula quase vazio o dia inteiro.
    Desde que aderi a bicicleta ano passado não uso mais onibus, apenas aplicativo pra trajetos que fogem da rotina.

    • Não diga que você substituiu o ônibus pela bicicleta ou a ATM vai dar um jeito de proibirem o uso de bicicleta em Porto Alegre.

    • Muito bem colocado. Segundo a EPTC 50% do custo operacional das empresas é pessoal. Logo, a forma mais efetiva de se reduzir a passagem, ou manter o preço da passagem melhorando a qualidade, é reduzir o pessoal, em especial os cobradores.

  2. Fato curioso. Hoje fiz duas viagens de Uber juntos da zh da Ipiranga até a Santa casa e na volta o caminho oposto.

    A viagem custou 4,10 outra 4,01. Ambas as viagens me deixaram e pegaram na porta dos estabelecimentos.

    De ônibus além de ser mais caro me faria caminhar algumas quadras para fazer um caminho quase próximo aos meus destinos

  3. Vergonha! A máfia dos ônibus fazendo ameaça de usar o poder Estado contra uma empresa privada extraordinária, que revolucionou o transporte individual no Brasil, só porque não querem concorrência num setor do transporte público que está absoleto. Absurdo! Porque a máfia dos ônibus não usam o poder de Estado para reduzir os impostos sobre o custeio e acabar com as gratuidades, para que o valor da passagem diminua e concorra com a uber.

  4. “a ATM considera que o modelo compete com os ônibus” – Isso mesmo e é assim que tem que ser. Ou a ATM acha que não existe competição entre dentistas, padeiros, supermercados ou engenheiros? Além disso não existe “direito de mercado”. Imagine que eu sou técnico eletricista e exijo do governo que só eu possa fazer instalações porque tenho “direito de mercado”? Que gente nojenta que acha que o governo tem que garantir lucro para eles.

  5. Aliás, se tivesse um bike Poa perto de casa, daria pra voltar tranquilamente pedalando. Uma pena não ter. 😦
    E tem espaço de sobra pra isso.

  6. E o choro é livre.
    Não tem ônibus que me leve ao trabalho, os que passam próximo eu teria de subir algumas quadras pra chegar todo suado no trabalho. Uber juntos que me salvou, consigo ir pro trabalho tranquilamente, o máximo que caminho é uma ou duas quadras. Ainda assim, quase sempre pago menos que o valor de uma passagem.

    Eu não posso reclamar, onde eu moro realmente tem opções de ônibus para tudo que é lugar, não crítico as empresas, mas para o meu trabalho é realmente complicado.

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