Grupo CCR arremata o bloco Sul de aeroportos por R$ 2,1 bilhões, incluindo os de Pelotas, Uruguaiana e Bagé, no RS

Aeroporto Internacional de Pelotas. Foto: Scheridon – Wikipédia

Em leilão realizado nesta quarta-feira (7) na B3 (Bolsa de Valores de São Paulo), foram concedidos 22 aeroportos em 12 estados, arrecadando-se R$ 3,3 bilhões em outorgas. A concorrência foi feita pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) em três blocos: Norte, Sul e Central. A Companhia de Participações em Concessões, parte do grupo CCR, arrematou o bloco Sul, por R$ 2,1 bilhões, e o lote Central, por R$ 754 milhões. No total, sete companhias participaram do certame.

Os lances representam, respectivamente, ágio de 1.534% e 9.156% em relação aos lances mínimos. A Vinci Airports ficou com o bloco Norte, pagando R$ 420 milhões, um ágio de 777% sobre o preço mínimo estipulado. A CCR é o maior sócio privado no aeroporto de Confins, em Minas Gerais, como também possui operações nos terminais do Equador, da Costa Rica e de Curaçao, no Caribe. As vencedoras devem assumir a gestão no próximo ano.

No bloco Sul foram concedidos os terminais de Curitiba (PR), Foz do Iguaçu (PR), Navegantes (SC), Londrina (PR), Joinville (SC), Bacacheri (PR), Pelotas (RS), Uruguaiana (RS) e Bagé (RS). O valor mínimo para esse lote era de R$ 130,2 milhões. O Ministério da Infraestrutura espera que os terminais, por onde circulam cerca de 24 milhões de passageiros por ano, recebam aproximadamente R$ 6,1 bilhões em investimentos. Devem, segundo o ministério, ser investidos R$ 2,85 bilhões no bloco Sul, R$ 1,8 bilhão no Central e R$ 1,4 bilhão no Norte. Os contratos de concessão têm validade de 30 anos.

O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, lembrou que a rodada envolvendo os aeroportos abre na B3 a “Infra Week”, uma semana dedicada a leilões de concessão que incluem também uma ferrovia e cinco áreas portuárias. Na quinta-feira (8) acontece o leilão de um trecho da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (BA) e na sexta-feira (9) de áreas dos portos de Itaqui (MA) e Pelotas (RS). “Temos de celebrar os resultados que alcançamos no início da nossa ‘infra week’, pois fomos ousados em realizar esses leilões em um cenário de pandemia onde o setor aéreo foi totalmente atingido. Parabéns para a CCR e seu apetite”, declarou. “O Bloco Sul foi muito importante nessa negociação, porque tem o Aeroporto Afonso Pena, que é bastante movimentado e antes da pandemia recebia 10 milhões de passageiros por ano. O Aeroporto de Foz do Iguaçu também tem sua relevância, é o segundo principal destino turístico do Brasil hoje”, acrescentou logo após o final da disputa.

Ao responder uma pergunta de AMANHÃ, Freitas negou que o leilão tenha atraído a atenção de poucos concorrentes, pois a média foi menor que os cinco arremates aeroportuários anteriores. “A participação foi extremamente qualificada. Somos um vendedor exclusivo [de ativos no mundo neste momento] e estamos aproveitando o excesso de liquidez. Teremos players novos entrando no mercado futuramente. E mais importante que o valor arrecadado será o aporte que será investido nos aeroportos. Veja os seis lotes de rodovias integradas do Paraná, por exemplo [cujo leilão ainda será marcado]. Serão R$ 42 bilhões em investimentos”, afirmou.

Na visão de Marco Cauduro, CEO do Grupo CCR, o ágio do valor pelos blocos Sul e Central está adequado ao risco dos projetos. “Nossa oferta nada mais foi que o reconhecimento desses riscos e de todas as possibilidades [de ganho] envolvidas. Somos investidores e, talvez, os anos inicias da concessão, em razão da pandemia, pouco explicarão a demanda futura que teremos nas próximas três décadas”, avaliou. O conglomerado, que também é dono de rodovias no Sul, projeta atração de novas rotas e companhias aéreas, a começar pelo Paraná. “Temos uma série de planos, entre eles a integração entre os aeroportos do Sul onde o Paraná será o pioneiro. Com certeza, conseguiremos fazer isso logo após passada a pandemia”, adiantou Cristiane Alexandra Lopes Gomes, presidente da divisão de aeroportos da CCR. Ela também negou que os terminais gaúchos sejam deficitários. “Não acho que eles sejam patinhos feios, pois o bloco Sul como um todo é bastante relevante. Entendemos como uma estratégia bastante acertada e que estudamos a fundo. Temos uma operação multimodal no Brasil e os aeroportos farão parte disso”, concluiu.

Revista Amanhã



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  1. “Os lances representam, respectivamente, ágio de 1.534% e 9.156% em relação aos lances mínimos. A Vinci Airports ficou com o bloco Norte, pagando R$ 420 milhões, um ágio de 777% sobre o preço mínimo estipulado”

    Ou seja, nossos valorosos administradores do país sub-avaliaram o potencial dos aeroportos e seu valor.
    Ainda bem que a iniciativa privada fez seus calculos de valor de mercado e pagou um preço justo, mesmo que desejassem fazer o menor lance possivel, pagaram um bom valor, nao por sua benevolencia mas por medo de nao ganhar da concorrencia no leilão.

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