A Faixa de Segurança É DO PEDESTRE

Comentário extremamente interessante, feito por uma leitora do Adeli Sell:

A FAIXA É DO PEDESTRE

Oi Adeli,

A faixa de segurança é DO PEDESTRE. Ao ter que levantar o braço pra pedir PERMISSÃO, o pedestre está perdendo o domínio de sua ‘casa’. É como você bater na porta pra entrar em seu próprio lar.

Estive em Brasília algumas vezes e lembro que os automóveis paravam e nos davam passagem.

Em Porto Alegre ainda temos muita gente bem educada. Eu mesma quando estou à direção dou a vez ao pedestre sempre, pois está no código que ele é prioridade (e mesmo que não estivesse, o respeito à vida é o principal).

novo-sinalBem, SOU CONTRA esta regra que relega o pedestre a um pedinte.

Finalmente quero te relatar o que aconteceu comigo a coisa de uns 15 dias:

Estava uma chuva danada na capital gaúcha e eu fui ao centro comprar coisinhas no nosso querido Mercado Público pra levar pro Rio, pois se tu avisa que está indo o povo já pede erva-mate, ruedas e café do mercado…
Bem, naquela chuva infernal eu atravessei na faixa, ao lado da prefeitura (coincidência o que me aconteceu ser logo ao lado do prefeito?). Cheia de sacolas e com a sombrinha, eu não tinha uma mão livre (e nem lembrei desta bobagem nova) e fui caminhando na faixa. Um burguesinho num carro importado destes altos que estão na moda, foi tocando o carro pra cima de mim. As pessoas gritando pra ele parar e ele nao paroua até praticamente encostar em mim. Eu quase caí, fiquei super nervosa e todos começamos a falar pra ele que ali era a faixa de pedestres e ele parou e ainda ficou me xingando. Quando um senhor falou em Código de Trânsito ele simplesmente respondeu:
– Não tem essa de Código em Porto Alegre. Se ela não levanta a mão eu não paro mesmo!
E lá se foi ele, feliz da vida, quem sabe tomar um cafezinho com o prefeito.

E é isto, Porto Alegre de uns tempos pra cá está vivendo para e pelos mais ricos. Me sinto dentro de uma gestão deslumbrada e cega a cantar ‘porto alegre é demais’ com um vestido de tafetá bem brega.

BIA



Categorias:Cultura, Meios de Transporte / Trânsito

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5 respostas

  1. Fmobus,
    é claro que uma campanha não vai mudar a cabeça da população de uma hora pra outra. Mas os índices melhoraram. Isso é fato.
    Quanto a ver funcionar em países civilizados, tu sabia que o gesto é originário da Alemanha? Que há cidades lá que utilizam?
    Isso não foi inventado aqui, foi importado. Começou com Brasília no Brasil e no Espírito Santo virou LEI ESTADUAL e as pessoas respeitam e funciona. Em todo o estado, não só na capital.
    Outra coisa, recentemente recebi uma visita de uma amiga que mora na Europa e que, sem saber que eu tinha criado a campanha, estava elogiando a iniciativa. Quando eu disse a ela, ela me contou que várias vezes quase foi atropelada lá, porque foi morar na europa “acreditando no que ouvia” de que lá se respeita a faixa, que são civilizados, etc.
    Enfim, discussão que dá pano pra manga.
    Mas eu sou Motorista e Pedestre todos os dias. Motorista na ida e volta do trabalho e pedestre durante o dia. E não como criador e sim como cidadão estou vendo que funciona pra mim e funciona pros outros. Sendo eu motora ou pedestre. Ou, no mínimo, estou fazendo funcionar.
    A aprovação da população, tanto de pedestres como de motoristas é altíssima. E os índices, depois de 2 meses de campanha falam por si só:

    Redução de 32% de acidentes
    Redução de 20% de atropelamentos
    Redução de 17,43% de feridos em acidentes.

    Nunca antes qualquer ação ou campanha de trânsito teve números tão positivos.

  2. Anderson

    Você diz “Melhorou tudo no trânsito”. Pra mim, continua tudo a mesma coisa. Os motoristas continuam prepotentes, a fiscalização continua nula, a estrutura viária continua insegura.

    Bruno,

    Se Brasília precisou e ainda precisa disso, então falhou miseravelmente. É perfeitamente possível o respeito a faixa SEM o tal do gesto. Cansei de ver funcionar nos países civilizados.

    No Brasil só não dá certo por falta de fiscalização.

    Não ao gesto da submissão!

  3. sou de porto alegre e vivo em brasília há 2 anos (morei em porto por 24 anos). engana-se quem pensa que aqui é só chegar atravessando a rua na faixa de segurança… temos sim que parar, olhar para os lados e, caso esteja vindo carros, fazer o sinal… não me sinto pedinte fazendo isso. como comentado acima, entendo como um sinal de que quero atravessar… inclusive, nas faixas de pedestre há o desenho do sinal pintado, indicando aos pedetres que deve ser feito o sinal caso queiram atravessar…

  4. Bom, permitam-me discordar, até porque eu faço parte da equipe que criou a campanha e sugeriu a adoção dessa idéia.
    Em primeiro lugar, se em Brasília aconteceu isso que a leitora está dizendo é porque foi em Brasília que o gesto começou. Sim,no início dessa década Brasília adotou o mesmo sinal. E as pessoas fazem quando não estão conseguindo atravessar. A questão é que o simples fato de existir isso, ajuda a despertar a lembrança que a faixa é do pedestre. Em Porto Alegre isso já está acontecendo. Em várias faixas os motoristas já começam a parar sem precisar do sinal. A campanha começou no início de setembro e os números falam por si só. Melhorou tudo no trânsito.
    É claro que situações isoladas irão acontecer. A gente sabe que existe muito animal no trânsito e nada nem ninguém vai fazer com que eles mudem.
    Outra coisa, o sinal na FAIXA é apenas um elemento de comunicação entre o pedestre e o motorista. Ele não é obrigatório e o que vale é o que está na legislação. A preferencial é do pedestre. O que acontece é que muitas vezes ficava aquela falta de comunicação no trânsito entre o pedestre e o motorista. Ontem aconteceu isso comigo no trânsito e eu abri o vidro e falei “pode passar” ao que duas meninas disseram que não queriam passar. Estavam simplesmente na esquina, decidindo se iam uma quadra mais abaixo ou voltavam pelo caminho que vieram. E o que aconteceu? Esses segundos em que eu decidi parar, abrir o vidro e peguntar fez com que muitos carros se amontoassem atrás de mim, atrapalhando o trânsito de um grande cruzamento.
    O sinal é só um elemento. Não substitui nada. O motorista que quase atropelou a leitora estava completamente errado. Não existe isso de precisar do sinal pra atravessar.
    Não se muda a cabeça de um povo inteiro só com uma ação isolada.
    É preciso insistir. Não entendo como uma coisa que anda fazendo tão bem pra uma sociedade toda possa ainda incomodar muita gente.
    Aí que se percebe que “xiitas” existem em todos os lados.

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