O novo projeto para o Pontal

Imagem: Divulgação.

Imagem: Divulgação.

Temos uma ótima notícia da cidade: está sendo apresentado publicamente o novo projeto do Pontal.  Antigamente chamado de Pontal do Estaleiro, agora é o Parque do Pontal.

Atualmente, a região não passa de um monte de mato e terra onde ninguém tem acesso, uma parte da nossa cidade totalmente desaproveitada, onde não há acesso pelo cidadão e não gera riqueza alguma para nosso município.

Matéria no Jornal Já divulgada ontem deu detalhes sobre o projeto, e existiu algo assombroso:os comentários.

Pessoas atacaram o projeto que chamaram de absurdo com os argumentos que:

  • Não pode construir prédios tão próximos da orla
  • Vai destruir o patrimônio histórico
  • Tirará o acesso do cidadão a uma área pública
  • Beneficiará apenas os ricos

É uma reciclagem dos mesmos argumentos de 2009, quando a consulta popular, feita por um prefeito fraco e sem pulso, derrubou a projeto original. Naquela época, escrevi um texto mostrando que não havia como rebater os argumentos de quem era contra o projeto porque não havia argumento algum.

E agora voltam-se os mesmos “argumentos”, que na verdade não passam de um punhado de falácias repetidos ou porque age deliberadamente de má fé ou por quem desconhece completamente o projeto e está sendo manipulado.

Dizer que vai tirar o uso público da área: é mentira. Atualmente, não há uso algum.  E eu corto meu braço direito se alguem me disser “não é verdade, Filipe, eu e minha família sempre vamos passear e olhar o pôr-do-sol na área do estaleiro só, tomamos um chimarrao por lá, fazemos um piquinique”.

Além disso, a área vai ser tornada pública. A área pública do novo projeto será próxima da orla e ainda vai ter toda uma estrutura preparada para isso.

Eu gostaria de que algum crítico do projeto viesse aqui e me respondesse com base em quê sustenta o argumento de que vai tirar do povo algo que é de todos se atualmente ninguém frequenta aquela área.

O argumento de que vai destruir o patrimônio histórico dispensa comentários. Não há mais nada no terreno! Também convido quem defende esse ponto de vista a defendê-lo no blog.

Os dois “argumentos” restantes – de não poder construir prédios na orla e beneficiar apenas os ricos, vou deixar para responder juntos novamente, abrindo espaço para que quem os defenda possa se manifestar.

Essas pessoas – em geral, membros da ONGs, associações de bairros, pessoas formadoras de opinião que atacaram o projeto anterior com os mesmos argumentos do atual são ricos. Alguns dos braços anti-prédios em nossa cidades são movimentos como Moinhos Vive, e dispensa comentários a situação econômica de quem mora no Moinhos de Vento. São membros da elite dizendo que o projeto só beneficiárá as elites.

Prefiro algo que possa ser frequentado somente pelas elites do que para ninguém. Tenho certeza que uso gerará emprego e renda para quem não pertence às mesmas elites do que algo uma área da cidade que, atualmente, está morta. E ainda que fosse assim, pode ter certeza que o cidadão de classe mais baixa não terá bloqueado acesso à área pública. Ele pode não ir ao shopping fazer compras, pode não ter condições de levar sua família para ir jantar à beira do Guaíba, mas poderá desfrutar do área do parque como qualquer outra pessoa com maior poder aquisitivo.

Em relação a ser contra “prédios” próximos da orla, volta e meia aparece alguém que disse isso tirando “selfies” no Puerto Madero e achando lindo.

BMPA_ESTALEI_EIA_TX10_EIA_COMPLETO-1118-2Para este escritor e este Blog, a cidade de Porto Alegre tem um potencial turístico latente e abandonado, e deve investir pesadamente em recuperá-lo. E que não pare por aí, que sejam desenvolvidos projetos em lugares como Belém Novo ou na Praia do Lami, atualmente, apenas um calçadão, alguns bares e difícil acesso. O governo não tem como manter tudo isso sozinho, e para isso, é necessário abrir espaço para a iniciativa privada , que lucrará gerando renda,emprego e desenvolvimento, ao invés de argumentos retrógados demonizando o capital e preferindo a cidade abandonada e recebendo em seu aeroporto turistas do centro do país que vai imediatamente entra numa van e ir direto para a Serra.

Uma vez, estive nos EUA e peguei um livro turístico sobre os Brasil. Procurei por Porto Alegre, havia alguns dados sobre população e clima, e um texto pequeno, dizendo “em Porto Alegre, não há muito o que ser visto. Apenas uma parada para seguir para a Serra Gaúcha ou para Montevidéu e Buenos Aires”. Ponto.

E agora, novamente, convido os críticos do projeto para virem aqui e me responderem: estão satisfeitos com isso?

BMPA_ESTALEI_EIA_TX10_EIA_COMPLETO-1118-3Nós queremos uma cidade desenvolvida, pujante, ousada, referencia nacional e internacional em turismo, shows, congressos, feiras científicas, urbanismo, mobilidade. Não queremos uma cidade acomodada, se contentando com o médio, com a mediocridade. E por isso vamos defender projetos que contribuam para isso. Acreditamos que o Parque do Pontal será uma contribuição importante, e por isso o defendemos, não só ele, como também o Cais Mauá, o projeto Orla do Guaíba, o sistema BRT e a linha 2 do metrô, que, saindo todos do papel, teremos uma mudança para melhorar na cidade dentro de alguns anos.

Por Filipe Wels (Porto Imagem)

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Veja mais informações sobre o projeto aqui na ZH.



Categorias:Arquitetura | Urbanismo, Plano Diretor, Pontal do Estaleiro, Prédios, Shopping Centers

62 respostas

  1. Caro Simon

    Belíssimo texto do Filipe. Vocês poderão ir às duas audiências públicas?

    Abraços

    Rui

    • Entendo que não seja o modelo de cudade que tu desejas, mas por que? Sei que alhos nada tem a ver com bugalhos, mas façamos uma comparação com os calçadões das cidades litorâneas do Brasil. Quem tem condições de comprar um ap de frente para o mar realmente é a elite, mas isso impede que esses locais sejam frequentados por toda a populaçao? Por pessoas de todas as classes sociais? Pelo menos é o que vi no Rio, Recife, Fortaleza, etc, onde todo mundo usufrui de um calçadão publico e de seus equipamentos.

      E outra, tu comentou que não se veem pobres circulando no Moinhos, Padre Chagas, etc. Mas onde está o problema? Ninguém é impedido de andar por lá. Se não vão porque não se sentem à vontade, aí é um problema pessoal. Muitas pessoas acreditam numa utopia onde todo mundo frequentará os mesmos lugares, num lindo clima de igualdade. Isso nunca acontecerá… As pessoas são diferentes entre si, tem gostos diferentes. Por exemplo, eu não frequento nem ctg, nem pagodeiras, pois não me identifico com nenhum dos dois, e isso não significa segregação. Vai quem tem vontade. Com uma orla publica com equipamentos de qualidade é o mesmo.

  2. Filipe, acho que vale um debate civilizado aqui neste post, se em breve ele não descambar para a agressão gratuita.

    Primeiro é importante dizer que sou totalmente a favor de se fazer alguma coisa com aquela área que esta abandonada há anos e tem potencial para ser um lugar bonito e que seja largamente utilizado pela população.

    Agora , particularmente, eu sou contra um projeto assim e o teu próprio argumento de “Prefiro algo que possa ser frequentado somente pelas elites do que para ninguém” resume o por que. Pensar uma cidade apenas para uma parcela da população ou apoiada apenas em uma solução é um erro comum em urbanismo em que muitas cidades já incorreram (apenas para citar dois exemplos: Detroit e Pedro de Valdivia) e nesse ponto recomendo a leitura de um clássico sobre o assunto: “Morte e vida de grandes cidades”. Claro que tudo isso guarda relação com o conceito de cidade que cada um acha melhor. Eu prefiro uma cidade onde todo mundo possa ter acesso a infraesrutura de lazer e cultura de maneira equanime do que realizar uma estratificação social aceitando que existe “lugar da elite” e “lugar da plebe”(e escreve alguém aqui que tranquilamente, no atual conceito de classes brasileira classificada apenas por renda, é elite). E é por isso que acho o debate importante. Será que é necessário construir toda essa infraestrutura público-privada de concreto em um dos pontos mais bonitos da cidade ou uma revitalização de qualidade que transformasse aquilo num parque público não seria suficiente para devolver o espaço a população? Sei que muitos vão argumentar que a prefeitura não tem como investir nisso, não tem como cuidar, etc. A questão é: quando isso foi tentando por algum prefeito de POA nos últimos 16 anos (tempo que moro aqui)? Desde que me mudei para Porto Alegre todas as soluções que vejo a cidade encontrar visam a privatização de espaços públicos e a construção de grandes espaços comerciais fechados. Será que esse é o único modelo de cidade/urbanismo possível de funcionar? Na verdade não, tanto é que Porto Alegre não funciona, como tu mesmo disse.

    E, para terminar, eu acho Puerto Madero um lugar chato e sem graça, totalmente elitizado e sem nenhum atrativo. Prefiro atravessar ele e usar como exemplo a reserva ecológica “Costanera Sur”, um parque de mata nativa preservada, com trilhas e infraestrutura social sem agredir a natureza na beira do Rio da Prata.

    Desculpem os erros de português, escrevi correndo.

    • Só gostaria de saber como vão controlar o tipo de pessoa que vai entrar no local, se vai ser aberto ao publico, sem cobrança nem nada.
      Vão verificar as contas pra definir se é rico ou pobre?
      Queria saber como vão selecionar a elite dos pobres mortais.

    • Por que as pessoas mais pobres não poderão frequentar o l ocal? Onde esta escrito que sera uma área fechada? Qual o problema de haver uma área do projeto privada e outra pública? Eu era inclusive a favor de prédios residenciais na área, porque isso manteria o local sempre vivo. Veja o que são os calçadões e orlas das grandes cidades brasileiras. A população frequenta de dia e de noite… Olha o que são os parques de poa na orla à noite. As pessoas parecem se esquecer que ja temos gasometro e marinha às margens do guaíba. Ta na hora de ter algum diferencial (que toda a populaçao possa usufruir, o que é a intenção do projeto).

      • Bruno, quem citou a questão da elite foi o autor do texto. Mesmo assim é impossível negar que a segregação social acontece em vários locais (não estou dizendo que vai realmente acontecer no pontal), ou é comum vermos pobres circulando no Moinhos de Vento, Padre Chagas e adjacentes? A segregação social é muito mais forte do que queremos acreditar que seja. Mas esse não é o debate neste caso. Mas podemos continuar essa conversa se tiver interesse.

        Em relação a dicotomia público/privado voltamos a questão de modelo de cidade que queremos: entregar tudo a iniciativa privada que pode, digamos de maneira rasa, “fazer as coisas do seu jeito” ou uma cidade pública onde todos tenham acesso a tudo igualitariamente? Ninguém expulsa pobre de shopping ou supermercado, mas duvido que tu já não tenha visto seguranças deste estabelecimentos cuidando de longe pessoas que aparentemente são desfavorecidos. A iniciativa privada tem esse poder: escolher que pode ou deve frequentar seus recintos.

        Entendo teu ponto de vista sobre residencias no local, respeito, mas discordo. Fazer uma área com grande potencial de lazer e cultural ficar entregue a algumas famílias com muito dinheiro (vamos combinar, uma torre residencial ali, com vista eterna, ia ser bem cara) não é o modelo de cidade que eu quero.

  3. Sou contra pois ficará muito bonita a orla e isso agride meu desejo de uma cidade moderna e mais bonita. Vai retirar minha visão do mato todo sujo quando eu passar de bus, ou apé por ali. Onde mais poderei largar lixo?

  4. Agora pessoal, falando sério… vamos nas audiências? Vamos lá dizer que queremos o projeto?

  5. Reclamaram dos “espigões” do antigo projeto, agora vão tomar “espigões” maiores.
    hahaha

    Eu achava o projeto antigo muito mais bonito, mas né, ao menos é um tapa na cara de quem saiu criando mentiras por todos os cantos.

    • Pois é, eu falei para muita gente que estava votando contra que a consequência seria que a cidade ia receber algo pior. Agora tá aí o resultado. Mas ainda é melhor que aquele terreno abandonado.

  6. 1) Que façam uma área pública no projeto então.
    2) Esse render tá muito utópico pra acreditar.
    3) Beleza não apoiar quem discorda do projeto, mas Ad Hominem é feio.

  7. Agora..o que eu não entendi no projeto é o shopping. Seria um shopping de construção e móveis ao estilo Centerlar? Pois caso seja um shopping de compras no estilo mall, aí eu fico meio sem entender a proposta; um shopping ao lado de outro. Aguardando maiores informações.

    • Pois é, não dá para culpar viés esquerdista nem eco chato pelo teu questionamento.

      Acho que poderia ser mais elitista este shopping, o espaço é propício e perto de clubes de velejadores. Se eu não estou mau informado, em Auckland, Nova Zelândia, a revitalização incorporou um tipo “shopping náutico”, que atrai muita gente com poder aquisitivo além das etapas de vela. Seria até uma forma de “proteger a história do lugar”. É difícil fazer isso no cais do porto que é parada do Catamarã, obrigando a ter estabelecimentos comerciais mais baratos para os transeuntes.

      Mas voltando a realidade, o projeto tem tudo para dar certo: tem orla aberta, xópis (que os ‘jihadistas do progresso’ adoram em terreno público) e duas torres. Ninguém pode reclamar.

      • Só não é terreno público.

        • Faz um bom tempo que não vou a Buenos Aires,mas a ultima vez que fui dei uma volta no Porto Madero que é um espaço de livre circulação de pessoas e fui ate a reserva que tem como vizinhos altos espigoes nada demais.Eu pessoalmente não gosto de paisagem de espigôes mas não sou hipocrita o plebiscito sobre a ponta do estaleiro foi uma palhaçada e por traz não tinha nada a ver com ecologia e sim interesse imobiliário.Agora parece que os ventos mudaram não entendi muito bem o que aconteceu.

  8. Enquanto criaturinhas detestáveis como a Fernanda (Metadona) estiverem por aqui, Poa continuará uma pocilga.

  9. É que Porto Alegre é a cidade de laboratório da ralé artística e da esquerdalha de boteco. Um bando de tipinhos chulos e rasteiros que, nada de produtivo tendo a fazer (além de encher a cara e fumar um baura), vivem enchendo o saco de todo mundo. Poa foi escolhida como cobaia para eles provarem que a utopia comunista é viável. Não há surpresa alguma que tivessem transformado isso aqui numa várzea de undécima categoria. A cidade mais atrasada, vandalizada e abandonada do Brasil.

    • Tem muita gente que sabe falar mal dos outros cheio de chavões e “senso comum” mas na hora de agir não vão nem votar para defender uma ideia, né?

      Mas são seres iluminados, acho que torcem para que dê errado para poderem continuar falando com esse ar de superioridade, e para poder seguir rotulando os outros a ponto de querer saber melhor que eles em quem estas pessoas votaram.

      • Sossega Felipe, tu só tá falando por birra que tens com o Oscar. Ele falou tudo certo. Sou aluno da UFRGS e o que presencio no campus do Vale não o deixa mentir.

        Esse projeto está incrível e pelo visto as apresentações públicas é só pra cumprir tabela, ainda bem. Construam de uma vez!

      • “Birra com o Oscar” é algo que nunca achei que ia ouvir haha.

        Não sei o que ele falou de certo e nem o que a UFRGS tem a ver, nem ele mencionou isso.

        Mas enfim, se tu acha legal essa postura de ficar ofendendo os outros e não tomar nenhuma atitude para defender o que acha certo, é teu direito.

  10. Sinceramente, eu não acredito que as pessoas que fazem esse tipo de comentario sejam maioria. Bem pelo contrario, são minoria, mas minoria barulhenta. Vide a consulta popular do pontal há alguns anos… Se não me engano, apenas 2% do eleitorado de poa compareceu. Imaginem se eleições, que são pra decidir o futuro do país já tem uma abstinência absurda, o que esperar de algo tão pontual como aquele projeto. O problema está quando os governantes resolvem dar ouvidos a essa meia duzia de gente.

    No Rio, a população chiou muito com a derrubada da perimetral. Após a implosão do primeiro trecho, já tinha gente exigindo reconstrução. A diferença é que lá o prefeito não é um molenga como foi o Fogaça.

  11. Mais um render… Acho que esses políticos vivem no Second Life.

  12. Que comece logo as obras, e pé na b**** desse PSOL e eco*****
    Já ta torrando essa ladainha.

  13. Vamos em frente antes que os “CONTRAS”…se dem conta…..Muito lindo e útil o projeto, eu vou comprar um escritório la….

  14. Impressionante os comentários mesmo, retrato do atraso dessa cidade.

  15. Que saia de uma vez essa obra, a área ali está abandonada!!!!!!!!!!

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