Moradores de capitais brasileiras demoram mais no trajeto de casa para o trabalho

Da Agência Brasil

O estudo mostrou que, dentre as principais capitais do mundo, São Paulo (42,8 minutos) e Rio (42,6 minutos) só ficam atrás de Xangai (50 minutos) | Foto: Marcelo Camargo/ABr

O estudo mostrou que, dentre as principais capitais do mundo, São Paulo (42,8 minutos) e Rio (42,6 minutos) só ficam atrás de Xangai (50 minutos) | Foto: Marcelo Camargo/ABr

O tempo médio que os moradores das principais capitais brasileiras demoram no trajeto casa/trabalho é relativamente maior, na comparação com regiões metropolitanas com mais de 2 milhões de habitantes de outros países. Em São Paulo e no Rio de Janeiro o cidadão gasta 31% a mais de tempo no percurso. Os dados constam de estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que analisou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no período entre 1992 e 2009.

O estudo mostrou que, dentre as principais capitais do mundo, São Paulo (42,8 minutos) e Rio (42,6 minutos) só ficam atrás de Xangai (50 minutos). No mesmo ranking, Recife e Distrito Federal ficaram à frente de capitais como Nova York, Tóquio e Paris, com demora de 35 minutos em média para a população se deslocar de casa para o trabalho. Em Porto Alegre, por sua vez, o deslocamento é de aproximadamente 27,7 minutos. As análises também mostraram uma queda na qualidade dos serviços de transporte público no país.

“Os dados apontam que tem havido piora nas condições de transporte urbano das principais áreas metropolitanas do país desde 1992, com um aumento nos tempos de viagem casa/trabalho. Esta piora nas condições de transporte parece estar relacionada a uma combinação de fatores, incluindo o crescimento populacional, a expansão da mancha urbana e o aumento das taxas de motorização e dos níveis de congestionamento”. Um exemplo recente se deu no Distrito Federal. O governo local passou a administrar várias linhas de uma empresa privada em razão de uma série de queixas da população.

O pesquisador Rafael Pereira, responsável pelo estudo, acredita que a grande quantidade de dados apresentados seja útil para que os governos possam pensar em formas de diminuir o tempo gasto pelos cidadãos no trânsito. Ele acredita, porém, que tais informações sejam apenas um ponto de partida. “Esperamos que esses dados sejam incorporados no debate sobre o tema nesses núcleos mais específicos. Eles seriam úteis para saber, por exemplo, se a as obras para a Copa do Mundo e a Olimpíada seriam eficazes na resolução do problema de mobilidade urbana. Porém, não pode ser a única fonte de dados. É necessário um estudo específico em cada região”.

Na última terça-feira (12), o ministério das Cidades publicou a Portaria nº114/2013, criando um grupo de trabalho voltado para a criação de um Sistema de Informações em Mobilidade Urbana. De acordo com a portaria, o objetivo é “ser referência nacional para a formulação de políticas públicas na área de mobilidade urbana”. O grupo de trabalho deverá contar com representantes da Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana, do Ministério das Cidades, do Ipea e da Associação Nacional de Transportes Públicos, dentre outras entidades. O grupo deve ser instalado em, no máximo, 45 dias.

SUL 21



Categorias:Meios de Transporte / Trânsito

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15 respostas

  1. A situação só poderia piorar, porque de 1992 para cá (até antes, mas a pesquisa cotempla esse período) não tivemos nenhum investimento relevante na infraestrutura da cidade. Agora, teremos corredores de ônibus modernizados e talvez uma linha de metrô.

    Além de ser pouco, fica a questão: e depois, para tudo e espera mais 30 anos por novos investimentos? É preciso um fluxo constante de receuros públicos sendo aplicados na infraestrutura das grandes cidades brasileiras. E esse fluxo não pode ficar a mercê das conjunturas políticas, da situação econômicas, da preferência “del rey”.

    Já propus usarem parte dos impostoss arrecadados sobre o setor automobilístico ou os recursos dos royaltieso ou que se faça uma Reforma Federativa desconcentrando para Estados e Municípios os recursos da União. O que não pode é se manter não resolvida por mais tempo essa questão, deterioriando cada vez mais a qualidade de vida dos cidadãos que moram nas grandes metrópoles brasileiras.

    • Olha, sem uma reforma federativa acho que fica complicada, principalmente os grandes investimentos como metrô. Infelizmente moramos em um país onde 75% dos impostos ficam a esfera federal mas quem provê saúde, educação e mobilidade é a cidade ou o estado. O resultado é que precisamos de um “favor” federal pra investir pesado.

    • JULIÃO
      .
      Deveríamos ter um escritório formado por pessoas competentes (é difícil, mas não impossível) dedicadas a formatar o futuro. Algo de Estado não de Governo, para que os próximos governantes, independente de partido, pudessem tirar deste grupo projetos prontos para a mobilidade urbana.
      .
      Só uma ressalva, não poderiam ser pessoas que só pensassem no rodoviarismo.

  2. Que bom que voltou os “curti” / “não curti”.

  3. POA quase batendo no mesmo tempo de cidades do porte de NY. E trabalhando para piarar visto que não não investe adequadamente em transporte de massa.

    • Era isso que eu ia comentar… o transporte coletivo de PoA é tão ruim, mas tão ruim que o tempo gasto não é tão diferente quanto cidades como Tóquio. Agora compare os tamanhos? Compare a complexidade das cidades!

      • É simples, sem metrô não há solução.

        • Olha, eu adoro o metrô, mas não espero que POA tenha uma vasta rede logo. Temos que procurar outros caminhos.

        • Metrô é apenas uma parte da solução. O metrô vai custar R$ 2.5 bi e vai resolver só um eixo da cidade, atendendo as necessidades de no máximo dos máximos 240 mil pessoas por dia (60 mil por hora, dois sentidos, duas horas de “rush”).

          Porto Alegre precisa de uma solução compreensiva de transporte, uma malha de soluções de média capacidade (VLT, Aeromóvel, BRT) e alta capacidade (trem de superfície, metrô) atendendo todos os eixos com integração tarifária.

          Às vezes eu penso se não faria mais sentido trocar o investimento que constrói uma linha de 14km de metrô por um investimento que construísse 7km de metrô e 30km de VLT ou aeromóvel, e depois ir incrementando essa rede aos poucos. Essa rede inicial, para vocês terem uma ideia, poderia cobrir Centro-Obirici (7km de metrô), Centro-Cristal (9km de VLT), Centro-Antônio de Carvalho (9km de VLT) e Cristal-Assis Brasil (13km de VLT).

        • Mobus, Cristal – Assis Brasil ? Acho q tem erro …

        • Apesar do Mobus adorar VLT, eu não colocaria VLT em POA, exceto talvez na orla, onde não existem cruzamentos. No resto eu adotaria aeromóvel, por ser segregado. VLT circulando com trilhos no meio dos carros não me parece uma ideia boa com o nível de civilidade das pessoas que trafegam nas nossas ruas.

        • Gasparetto, também gosto do aeromóvel, mas temos que ver se queremos ter essa estrutura espalhada na cidade toda. Andei em VLT que andava em pista segregada (tipo nosso BRT, mas menor) em Melbourne e achei excelente, gostaria de ver por aqui.

          Em relação a civilidade das pessoas, isso tem que ser melhorado independente de termos VLT ou não 🙂

        • Pois é… sobre essa questão da civilidade. Isso vai ter que melhorar cedo ou tarde. Em algum momento isso terá que ser levado a sério.

        • Felipe.
          Concordo, mas temos que ver tudo além do metro como soluções paliativas ou como modais intermediários.

  4. Mas tambem…

    Nossas cidades não tem estrutura viaria que preste, o transporte publico quando existe é podre, só resta ir de carro nas vias podres e desorganizadas, ai a situação fica bem pior.

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