Impasse na travessia do Guaíba

Prevista para começar até abril, a operação dos catamarãs precisa de licenciamento ambiental e enfrenta outros entraves 

Transporte hidroviário depende da abertura de um canal de navegação entre Porto Alegre e Guaíba Crédito: mauro schaefer

 
A travessia hidroviária entre Porto Alegre e Guaíba não começará nos próximos dias, como estava previsto. A projeção, anunciada no final de 2010 pelo governo passado, era de que o início do transporte em catamarãs ocorreria entre 20 de março e 20 de abril. Medidas fundamentais para a realização do trajeto fluvial ainda não saíram do papel.

Conforme o diretor da Superintendência de Portos e Hidrovias (SPH), Vanderlan Vasconselos, o projeto não recebeu licenciamento ambiental, o que já serviria como impedimento suficiente. Outros processos indispensáveis para a habilitação da travessia também estão encalhados. “Não foi feita a licitação para a dragagem do Guaíba nem para a compra dos equipamentos de sinalização”, alerta.

Vanderlan explica que o traçado do transporte está definido, mas um canal de navegação precisa ser aberto para que as embarcações consigam passar. “Será necessário dragar um canal com 1,7 quilômetro de comprimento e 80 metros de largura no traçado da travessia.”

O diretor da SPH afirma ainda que o transporte de passageiros só poderá ocorrer de forma segura com os equipamentos de sinalização instalados. “Precisamos colocar boias com sinais luminoso, radar e GPS. Agora no verão o céu costuma estar limpo, há pouco vento e as condições de navegação são mais favoráveis. Imaginemos no inverno, quando o Guaíba fica tomado de neblina, o risco que pode ser carregar pessoas no catamarã”, diz.

Outro desafio, segundo Vanderlan, será construir a estação de partida e chegada de passageiros. “A área destinada ao projeto, no lado de Porto Alegre, está ocupada pelo Grêmio Náutico União, que já foi notificado sobre a necessidade de desocupa-lá para o usufruto público”, informa. Ainda segundo o diretor da SPH, dezenas de empreendimentos e entidades públicas e privadas estão sendo notificadas para desocupar os ambientes nos cais Mauá, Navegantes e Marcílio Dias, cujas áreas são de interesse público para o serviço portuário ou destinadas à revitalização. A meta imediata da SPH é ampliar a capacidade do porto. A Metroplan, gestora do projeto, ainda não tem diretor nomeado. A Secretaria de Obras do Estado não quis se manifestar.

Novo terminal está em obras

Crédito: mauro schaefer

Enquanto o terminal hidroviário não fica pronto, o antigo atracadouro das barcas segue como atrativo histórico-cultural em Guaíba. O aposentado José Duarte, 64, recorda quando as barcas chegavam e eram carregadas com mercadorias e víveres para abastecer a Capital.

O terminal em Guaíba precisará de cerca de 30 dias para ficar pronto. Na Capital, esperamos a liberação da área no cais.

Expectativa pelo resgate histórico

Para a Prefeitura de Guaíba, a população nutre forte expectativa pela reativação da travessia histórica, interrompida há mais de 50 anos, após a construção da ponte sobre o Guaíba. “Se for uma espera razoável, a comunidade irá entender, pois o desejo e a satisfação pela retomada da travessia são muito grandes”, declara o secretário municipal de Governo, Paulo Alberto Scalco.

Segundo ele, Guaíba ficou de fora do planejamento e da confecção do edital; portanto, não tem meios formais de interceder na execução do processo. Contudo, a cidade determinou o local da estação de chegada e saída de catamarãs. O local, conta Scalco, também representa um resgate histórico: “É o mesmo onde havia o terminal no século passado, no Centro, próximo da Estação Rodoviária”. Para o secretário, o que deve ser levado em conta é a segurança do transporte, mesmo que isso acarrete atraso.

Para a empresa Cat Sul, vencedora da licitação e responsável legal pela travessia, o andamento do trabalho ocorre normalmente. “Estamos trabalhando para que os prazos sejam cumpridos”, afirma o diretor operacional, Carlos Bernaud. Ele acredita que com esforço das partes envolvidas será possível cumprir a meta de prazo. Bernaud garante que etapas importantes como a preparação das embarcações e a contratação dos funcionários estão adiantadas.

As travessias ocorrerão 28 vezes por dia, metade em cada sentido. As partidas, que terão intervalos de 30 minutos no pico de movimento, deverão ocorrer entre 6h e 20h. A tarifa está definida no contrato em R$ 7,00, mas a empresa pretende estudar um preço promocional para estimular as primeiras viagens na hidrovia, de R$ 5,00 a R$ 6,00.

Conforto será diferencial

Para o diretor da Cat Sul Carlos Bernaud, o valor dos passes da nova travessia não é motivo para receio. “Nosso trunfo é o tempo de 20 minutos.” A Cat Sul I possui bancos confortáveis, com material estofado no assento e no encosto e apoios para os braços. Haverá duas telas de LCD, de 42 polegadas.

 

Correio do Povo
 



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10 respostas

  1. Tudo muito bom….tudo muito bonito…..Tomara que dê tudo certo,e esse projeto saia realmente do papel para a população usufruir.Um meio de transporte mais rápido,com uma linda vista,mas infelizmente para o público que apenas passeia,pois para trabalhadores desembolçar um valor diário de R$ 14,00 é um absurdo….Façãm a média de um salário para pagar esse deslocamento.Sendo que o embarque e desembarque vai gerar também outra condução até a própria residência e local de trabalho.Realmente…..é só para os que podem $ ou para passear como o cisne branco.Moradora de Guaíba.OBRIGADA

  2. isso é apenas mais uma amostragem do por que vivemos em uma cidade/país de quinto mundo. Nação rica em recursos naturais, privilegiada pela ausência de grandes catástrofes naturais..porém historicamente colonizada e administrada por uma ralé.
    [x2]

    Infelizmente é isso que vem acontecendo. Se esse país fosse administrado com seriedade pelo menos 90% do esgoto lançado no Guaíba estaria sendo tratado (e o gás metano poderia estar sendo coletado nas estações de tratamento e aproveitado para uso em táxis e ônibus), o crack não teria se transformado nessa praga que é hoje e bandido teria medo de sair dos esconderijos…

  3. Meu colega trabalhou no SPH. Para que uma licença ambiental seja concedida, mesmo que não haja problema algum após a vistoria, o tempo médio para a liberação é de 10 meses. Só que nesse caso, além da vistoria ainda não ter sido realizada, haverá um custo muito elevado para a abertura do canal de navegação para o catamarã. Ou seja…é DEFDINITIVO; Não tem hidrovia em 2011. Se tudo ocorrer bem (licença, dragagem do canal, contrução de trapiches), esse projeto só sai em meados de 2012. Isso na melhor das hipóteses. Isso não é opinião. É informação.

    Agora a minha opinião: esse projeto NÃO sairá do papel. Foi mais uma propaganda enganosa e a população embarcou na maior canoa..digo, catamarã furado.

  4. DE fato tenho que concordar que o projeto fique parado, pois não é só por um catamarã com tv de 42 polegadas e bancos estofados para garantir a segurança dos usuários. Como vai funcionar se nem ao menos tem local adequado para partida e chegada? dragagem da rota? por favor!

  5. Acho que o preço da passagem foi calculado em cima da passagem de ônibus na real. Não é uma questão que realmente custe isso para fazer a travessia.

  6. hahahahhaha. isso é apenas mais uma amostragem do por que vivemos em uma cidade/país de quinto mundo. Nação rica em recursos naturais, privilegiada pela ausência de grandes catástrofes naturais..porém historicamente colonizada e administrada por uma ralé.

    Nem pra colocarem uma mísera linha de barco entre cidades vizinhas há organização e capacidade. Imaginem fazer uma ponte! Discutiram isso até agora, anunciaram com pompa e circunstância..e nem sequer tinham liberação técnica nem ambiental. Foi tudo propaganda enganosa. Sabem quando vão realizar o tal canal? Nem trapiche tinha em Guaíba. Se o Brasil é o país da piada pronta, em Poa nem a piada vem pronta. Não dá nem pra rir.

  7. A “máfia” vai tentar impedir de qualquer maneira o desenvolvimento desse transporte alternativo aos ônibus e automóveis.

  8. Mas esse valor de passagem para transporte público tb é lamentável…tem q ser repensada ou até subsidiado pelo poder público…é inadimissível esse valor mesmo tendo 20 min como o tempo desse transporte. Isso é comum em alguns lugares no Br e em vários em alguns países do mundo e não tem esse valor de passagem…
    Quanto as obras acho que devem ser feitas o mais rápido possivel para viabilizar a possibilidade dessa travesia como alternativa de transporte dos moradores de Guaíba para POA.

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