Trensurb: o desafio de ampliar estações sem prejudicar o atendimento

Estação Rio dos Sinos, em São Leopoldo, já está pronta e aguarda inauguração oficial para entrar em funcionamento | Foto: Trensurb

A presidente Dilma Rousseff (PT) deve vir ao Rio Grande do Sul na próxima segunda-feira (21) para inaugurar a extensão da linha 1 da Trensurb. São cinco novas estações que ficarão prontas até o final do ano, sendo que duas delas já entrarão em funcionamento na semana que vem: a Rio dos Sinos, em São Leopoldo, e a Santo Afonso, em Novo Hamburgo – cidade que ainda não contava com o serviço.

Ao mesmo tempo em que a ampliação representa um ganho para a mobilidade urbana na Região Metropolitana e desafoga a estrangulada BR-116, pode se tornar uma dor de cabeça para os cerca de 170 mil passageiros que circulam diariamente pelos trens. A empresa estima que as cinco novas estações e a inclusão de Novo Hamburgo na rota acrescentarão mais 30 mil usuários ao sistema.

O problema é que, apenas com os 33,8 quilômetros atuais de percurso, os passageiros já enfrentam a superlotação dos vagões nos horários de pico, entre as 6h e às 8h e das 18h às 20h. Com a expansão para 43 quilômetros, a procura tende a ser ainda maior.

O Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Metroviários e Conexos do Rio Grande do Sul (Sindimetrô-RS), denuncia que o atual efetivo (1.088 servidores) não dará conta da nova demanda. “Haverá um incremento de milhares de usuários e continuaremos com o mesmo número de funcionários. É impossível manter a qualidade”, lamenta o presidente da entidade, Luís Henrique Chagas.

A falta de previsão para a compra de novos trens também preocupa o sindicato. Atualmente, são 25 veículos com quatro vagões cada – em funcionamento desde 1985 – para atender as 17 estações dos municípios de Porto Alegre, Canoas, Esteio, Sapucaia e São Leopoldo.

“A empresa vem com um discurso de longa data sobre a compra de novos trens. Mas é um processo muito demorado. Se decidirem isso hoje, vai demorar no mínimo dois anos e meio para os equipamentos chegarem”, critica o presidente do Sindimetrô-RS.

Procurada pela reportagem do Sul21, a Trensurb não se manifestou sobre as providências que estão sendo tomadas para garantir o bom atendimento dos serviços com a ampliação do percurso. Por meio de sua assessoria de imprensa, a empresa informou que o diretor-presidente Humberto Kasper está em Brasília e que somente ele poderia se pronunciar sobre os projetos da estatal. A assessoria informou, ainda, que já foi solicitado ao governo federal repasse de recursos para a compra de mais trens, através do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

As obras para a ampliação do Trensurb até Novo Hamburgo e a criação das cinco novas estações começaram em fevereiro de 2008 e são executadas pelo consórcio Nova Via, formado pelas empresas Norberto Odebrecht, Andrade Gutierrez, Toniolo/Busnello e T’Trans. O custo é de R$ 939,6 milhões, com recursos diretos do governo federal.

“É uma notícia muito aguardada”, diz prefeito de Novo Hamburgo

O prefeito de Novo Hamburgo, Tarcísio Zimmermann (PT), lembra que a chegada da Trensurb à cidade é esperada há pelo menos 25 anos. “A extensão até o município integrou o projeto de criação da empresa no início das operações na Região Metropolitana”, comenta.

O petista diz que a inauguração da primeira estação na cidade “é uma notícia muito aguardada” pela população e assegura que as obras das demais unidades estão em bom andamento. “As obras nas outras estações estão num bom ritmo, não há descontinuidade”, avalia.

Além da facilidade com que os hamburguenses poderão chegar à Capítal – num trajeto estimado em 55 minutos, no máximo – o prefeito cita outros benefícios dos investimentos federais que geraram a ampliação da Trensurb. “Essas obras trazem uma série de melhorias urbanas, como a canalização de arroios e a construção de pontes”, elogia.

SUL 21 – Samir Oliveira



Categorias:Meios de Transporte / Trânsito, Trensurb

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19 respostas

  1. expansão sem o mínimo de planejamento, onde estão os novos trens? Que garantissem a compra dos novos trens para depois fazer a expansão. Vamos ver no que vai ser, é esse o pensamento deles.

    Sonho com um trem expresso de Porto Alegre a Caxias.

  2. Terminou a pouco a assembléia dos metroviários da Trensurb quando foi decretada a paralisação por 24 horas no dia 21 de maio. Dia da inauguração de duas novas estações. Estavam presentes alem dos trabalhadores, dois assessores da empresa, Sr. Edson e Sr. Pazin que compactuam com as reivindicações dos trabalhadores. Até porque, como disse o presidente do Sindicato, se as funções gratificadas receberam um aumento de 15%, porque os trabalhadores não poderiam receber o mesmo tratamento. Estes assessores é que são corretos e éticos, o resto é o resto.

  3. Muita gente vem de Novo Hamburgo, por exemplo, de ônibus até São Leopoldo, e então pega o trem. Agora, virão direto. Aliás, tomara que seja isso mesmo, pois então a quantidade de passageiros adicionais não será tão grande.
    Embarco na estação São Luis, onde o trem já chega lotado às 7 da manhã. O que irá acontecer é que ninguém conseguirá embarcar pois não haverá espaço físico. Como explicar isso ao empregador que nos cobrará por conta de um atraso, resultado da espera de um trem que permita o embarque ? Obra tipicamente eleitoreira. O sistema todo será prejudicado por conta desta extensão. Se já era ruim, ficará muito pior. Menos para os que embarcarem no início da linha …

  4. Isso sim é o que eu chamo de uma inauguração bem pensada..

    haha

    A cara do Brasil..

    Sera que vamos ver quebra quebra no trensurb?
    Pessoas saindo das janelas do trêm como anda acontecendo em Sampa e RIo?

  5. Acho que ainda tem muito espaço para expansão… poderiam vender os bilhetes também nos estabelecimentos em torno das estações, como é feito em Paris.

  6. Eles próprios dizem que leva mais de dois anos pra entregarem os trens, mais um motivo pra comprar logo. 🙂

    • Sim, esses trens novos deveriam ter sidos comprados, pelo menos, quando se estivesse no meio da obra ou houvesse uma correta previsão do prazo de conclusão.

  7. Falta um planejamento a longo prazo, talvez agora se comece a pensar nisto. Eu sou engenheiro, mas o meu conhecimento de ferrovias é limitado, não sei o que seria possível fazer, porém deve ser feito algo antes que a cidade se expanda em torno da linha!

  8. deveriam construir uma via paralela, para trens expressos.

  9. Deste jeito a linha do Trensurb vai até Caxias!

  10. O triste é que esse modelo de expansão “espicha a linha” é o padrão dos metrôs brasileiros. Em São Paulo só se espicha a linha amarela agora, mesmo que já esteja saturada. No Rio vão criar uma linha 4 para a Barra como uma continuação da linha 2 na Zona Sul, como se as estações entre o centro e a zona sul já não estivessem abarrotadas. Aqui na província, espicham e espicham a linha 1 sem comprar um veículo a mais sequer, e a linha 2 continua no papel.

    A impressão que dá é que o pessoal que planeja isso nunca sequer olhou para os mapas das redes das outras cidades mundo afora. Alguns estudiosos do assunto começaram a reparar que as redes de metrô (de sucesso) seguem alguns padrões [1], e que possivelmente existem bons motivos urbanístico-sociais para isso. O Brasil segue na contramão disso e depois se pergunta porque seu transporte urbano continua uma merda.

    De nada adianta termos linhas gigantescas de metrô em direção aos subúrbios e cidades conurbadas se não houver uma malha interna à cidade para os deslocamentos internos. Pessoalmente, eu preferia ter três linhas de quatro quilômetros próximas ao centro do que ter uma linha de quinze indo em uma direção só.

    Não estou dizendo que devamos ignorar o subúrbio; eles devem ser o destino final de qualquer linha construída de forma incremental. Em outras palavras, você constrói um trecho inicial da linha relativamente curto, com umas quatro ou cinco estações em pontos de alta demanda que tenham conexão com outras linhas (de metrô ou mesmo ônibus). Bota isso em operação, e vai buscar os próximos financiamentos com mais calma, expandindo uma ou duas estações por vez. É assim que se faz em qualquer lugar do mundo.

    [1] http://gizmodo.com/5910764/all-the-worlds-subways-are-converging-to-a-single-optimal-layout

    • Concordo plenamente. Acho que a região de São Leopoldo/Novo Hamburgo, a 30/40 km de Poa, seria muito melhor atendida por uma linha expressa ou regional de trem e não prejudicaria o sistema atual.

      Mas claro, isso custaria mais caro e, no Brasil, a opção sempre será pelo alternativa mais fácil e mais barata, mesmo que não funcione.

      • Julião.

        Não discordo quanto ao resultado final, entretanto o que falta é planejamento. Nós não temos, principalmente pela praga dos CCs em todos os níveis, uma continuidade no planejamento de obras e engenharia que antecipe os problemas.

        A previsão de uma nova linha em paralelo a outra, utilizando a infraestrutura de estações passageiros e de sub-estações elétricas, não encarecem tanto o projeto inicial, porém o projeto inicial é feito sem um planejamento de expansão, tornando cada demanda justa de um prefeito ou da população um novo projeto acima de algo que não tinha a mínima previsão.

        O que ocorre no Brasil (e em muitos outros países) é que realmente não temos uma ENGENHARIA DE PROJETO nos órgãos estatais, não para fazer o projeto executivo (que pode alterar com o tempo) mas para fazer um projeto de longo prazo (30 anos, por exemplo). Em engenharia sanitária, por exemplo, havia o hábito de dimensionar as estruturas moduladas para um horizonte mais longo de tempo, e se construía somente o necessário para um prazo mais curto. Este procedimento fazia com que estações de tratamento de água, construídas em 1930 pudessem ser ampliadas até os dias de hoje.

        Por estas e por outras, insisto em dizer que um dos maiores males da administração pública brasileira é reservar os cargos melhores para os CCs, enquanto os funcionários de carreira vão ficar limitados (e desmotivados) a cargos secundários, tendo que obedecer um idiota qualquer que se torna o seu chefe sem saber nada sobre o assunto. Além de uma ação como esta não permitir planejamentos a prazos maiores do que um mandato eletivo (quatro anos) tira por completo a motivação dos funcionários de carreira, transformando pessoas que quando entraram tinham motivação e conhecimento em verdadeiros funcionários fantasmas.

      • Aliás, não sei se custaria tão mais caro assim uma linha expressa de trem para São Leopoldo/Novo Hamburgo, se usasse as obras da Estrada do Parque para estabelecer junto a nova rodovia os trilhos dessa linha de trem.

  11. Olhando assim nem parece aquelas estações mal cuidadas que temos aqui. Tá parecendo as de Chicago.

    Quanto tempo pra começarem a jogar lixo no chão e sujar?

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