Porque Defendo A Revitalização Do Cais Mauá, por Fernanda Barth

Cais_MauaPorto Alegre, cidade de todos. Cidade democrática. Cidade politizada. Uma cidade que poderia ser bem mais do que é, mas sofre na mão de minorias organizadas e barulhentas, cujos interesses não são nada republicanos. Longe disto. São interesses egoístas, interesses políticos. Infelizmente enquanto a maioria que é simpática ao projeto de revitalização do Cais Mauá permanece silenciosa, por não ter aptidão para a cidadania ativa ou por falta de tempo mesmo, as minorias barulhentas seguem ganhando no grito e nossa cidade permanece estagnada e decadente. Foi por esta razão que resolvi expor aqui porque defendo a revitalização.

Sinto que transformaram a questão da revitalização em um debate político ideológico, antecipando as eleições municipais do ano que vem. A maioria das “lideranças” culturais que estão a frente de movimentos contrários a revitalização já fizeram ou fazem campanha para o PT e para o PSOL. Temos vereadores de ambos os partidos envolvidos até os cabelos na luta contra o projeto. Seria uma tremenda ingenuidade não percebermos que o verdadeiro propósito disto que está sendo feito é enfraquecer o prefeito Fortunati e seu governo, não deixando que a importante obra comece. Não sou uma defensora do Fortunati, nem sei em quem vou votar ainda, mas tentar barrar o projeto com este propósito mesquinho só favorece os grupos políticos de esquerda que querem, desesperadamente, voltar ao poder.

Os motivos citados para impedir a obra de ser realizada beiram o absurdo e estão recheados de ranço, mentiras e falta de visão. Não existe nada mais ultrapassado do que querer que o projeto apenas restaure os galpões, alguns literalmente caindo. O projeto urbanístico prevê uma verdadeira DEMOCRATIZAÇÃO do espaço, trazendo acessibilidade, segurança, espaços de lazer e convivência, atrações e negócios variados para todos os públicos, de todas as idades. Com visão cosmopolita. Restaurantes e barzinhos, centro comercial e bodegas. Para todos os bolsos e gostos. Não é nada elitizado, mas se a elite quiser frequentar será bem vinda também. Por que não? A cidade não é de todos? Parece que há um preconceito em relação a isto por parte dos grupos contrários ao projeto. Chimarródromo, cachorródromo, local para piquenique, bicicletário e hotel. Quem for contra isto está pensando apenas em seu umbigo. Como fizeram (os mesmos) com a ponta do Estaleiro Só, que hoje já poderia ser um local maravilhoso mas está entregue ao lixo e aos ratos.

Vamos falar das “torres da discórdia”. O argumento é de que shopping é ultrapassado e que ninguém mais quer. Meu deus! Entrem em um shopping no sábado e no domingo! Quem mais frequenta são os jovens, a periferia e os moradores das vilas vem em peso. Pura inclusão social. Isto se fosse um shopping, coisa que não é. As torres serão edificadas lá perto da rodoviária, quase no quarto distrito, bem ali onde tem um cemitério de barcos enferrujados e que a vista fica horrível para quem entra na cidade, e não perto da chaminé do gasômetro, como alguns mal intencionados querem fazer pensar. Aquela região também precisa de revitalização, investimentos, desenvolvimento e o projeto de revitalização do Cais Mauá proporciona justamente isto, fazendo renascer aquela “zona morta” da cidade.

Outro ponto positivo é o apoio majoritários dos comerciantes de “porta de rua” do centro, que sabem que com isto vão ter mais segurança e que o movimento vai aumentar. Os imóveis da região central também vão valorizar e a cidade que cresceu de costas para o rio-lago Guaíba vai ganhar muito com isto. O turismo nas ilhas também irá desenvolver, com novos empreendimentos, trazidos pelas balsas. A geração de novos postos de trabalho, empregos diretos e indiretos, mais fornecedores, mais frequentadores. Detalhes como o numero de arvores retiradas, quantas serão replantadas, a passarela que haverá, não podem ser impeditivos para que o projeto que a cidade já esperou durante décadas finalmente aconteça. São questões que precisam ser resolvidas com diálogo e sem radicalismos.

Com a revitalização do Cais Mauá teremos uma cidade mais humanizada, mais orgânica, integrada com seu centro, que será como um coração pulsante. Eu fico imaginando quando cair a noite, após um lindo por do sol, todas as luzinhas acessas, os barzinhos com as mesas na beira do rio, as pessoas conversando, os casais namorando, uma música ao fundo. Teremos todos os dias um espaço que só pudemos vislumbrar como pode ser maravilhoso quando aconteceu a Bienal do Mercosul ou quando rolou a Copa do Mundo.

Viva Cais Mauá

link para página de Fernanda Barth:

http://fernandabarth.com.br/2015/10/15/porque-defendo-a-revitalizacao-do-cais-maua/

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Nunca vi um texto tão lúcido!!  Parabéns Fernanda !!!



Categorias:Artigos, Projeto de Revitalização do Cais Mauá

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22 respostas

  1. Saiu uma noticia na RBS, onde pesquisas revelam que carros e motos são responsáveis por 70% da poluição no centro de POA.
    E ainda querem construir um estacionamento para 4.000 carros? poluir ainda mais o centro da cidade?
    Cada vez mais vejo os pontos negativos desse projeto.

    Link:

    http://gaucha.clicrbs.com.br/rs/noticia-aberta/carros-representam-70-da-emissao-de-gases-toxicos-no-centro-de-poa-150883.html

  2. Acho que este ano o Guaíba mostrou porque é Rio e não é Lago, estamos discutindo algo que pelo visto em mais dois ou três anos serão favas contadas, o aproveitamento da zona do cais do porto para obras mais qualificadas do que armazéns e depósitos.
    Se olharmos com cuidado toda a zona mais baixa da cidade de Porto Alegre há mais de uma centena de anos é ocupado por instalações portuárias, industriais ou residências de baixo custo, nunca foi uma zona nobre.
    O motivo que leva a isto é simplesmente a memória histórica que havia até a década de 80 a 90 das cheias periódicas que o nosso Rio Guaíba nos presenteava periodicamente nos séculos XVIII, XIX e XX.
    As cheias dos séculos XVIII e XIX não temos registros exatos pois os moradores das vilas ocupavam as zonas mais altas (principalmente os mais ricos) enquanto os pobres alguns com suas poucas posses se mudavam a cada cheia que passava.
    No fim do século XIX e até 1972 tivemos uma série de cheias que atingiram cotas altas culminando na cheia de 1941. Após 1972 entramos numa época seca, e apesar de ser consenso até meados dos anos 70 e 80 a não ciclicidade do clima aos poucos a ciência do clima embalada com as preocupações sobre as variações climáticas evoluiu muito e passou a verificar fenômenos cíclicos nas condições de clima na Terra.
    Desde a influência das manchas solares, assunto ainda controverso sobre o clima, como os grandes ciclos dos oceanos que apresentam variações de quente e frio em dados pontos com determinadas frequências.
    O fenômeno do El Niño é um destes ciclos de curtíssima duração que se sucede, porém como sendo um fenômeno de curta duração (no máximo dois anos) não interfere em grandes períodos de variação climática.
    Porém alem do El Niño temos mais oscilações com períodos mais londos como a Pacific Decadal Oscillation (PDO), a Atlantic Multidecadal Oscillation (AMO), e mais outras que estão parcialmente vinculadas a estas duas últimas.
    Conexões com do clima com temperaturas dos mares já são feitas há muito tempo.Sampaio Ferraz, o primeiro grande climatologista brasileiro já em 1933, no número 3 do primeiro volume da Revista Brasileira de Geografia, com os poucos dados que ele tinha, já fazia uma associação das condições do Atlântico Sul desde 1880 até 1938 com o clima na região sudeste brasileira.
    Com uma quantidade maior de dados disponíveis, porém distraídos com outros interesses os climatologistas deixaram de lado este tipo de estudo por algum tempo, porém como a ciência também tem seus ciclos a interconexões com os oceanos voltaram a moda.
    Como nossa região está numa zona de passagem de frentes frias que algumas vezes são bloqueadas sobre o nosso estado, o regime de chuvas é regido pela permanência ou não desta frente fria sobre o estado.
    Lançando a hipótese que talvez estejamos passando numa situação de ciclos oceânicos que correspondem a uma maior quantidade de chuvas no Rio Grande do Sul, talvez a frequência de cheias irá aumentar, e com estas o sonho de ocupar o cais do porto com restaurantes, hotéis e shoppings finos seja um sonho impossível de se realizar.

  3. Não concordo com o texto. Penso apenas na minha querida Porto Alegre. E nada tem haver com politica, penso apenas em Porto Alegre, minha cidade.
    Poderiam apenas revitalizar a área histórica que é o Cais Mauá. Se é histórico, é para deixar como está e preservar, sem ficar apaulistando, criando shoppings e prédios, que além de enfeitar a cidade, irão atrapalhar os pequenos comerciantes e gerar mais lucro as grandes empresas, que são em sua grande maioria, de outros estados ou países. Também irá atrair muitos carros para o centro e piorar ainda mais a situação, em uma época que tentamos fazer de tudo para diminuir a circulação de veículos, ainda mais nos centros das cidades.
    Sinceramente, o projeto é ridículo.

    • Concordo. Não há necessidade de um shopping e prédio comercial.

      • Então paguem vocês dois a revitalização. Quem investiria em um projeto sem retorno? O estado falido? Preservar o que é histórico não significa (ainda bem!) deixar tudo como está! Se libertem desse pensamento bairrista e conheçam o que realmente dá certo mundo afora! Ou fiquem com essa Porto Alegre que ainda não saiu do século passado.

  4. Muito bom o texto.
    Esse projeto está há anos sendo discutido, teve de ser aprovado nas esferas federal e estadual, e sempre o mesmo povo contra, com todo tipo de argumento possível.
    Defendiam até manter a atividade portuária no local!
    Argumentavam sem conhecer nada do projeto, sem apresentar proposta possível na prática. Se não sair esse, vai passar décadas até que algo novo surja. Quero lembrar que não foi o Fortunati que entrou com a licitação, mas o governo estadual. Esse pessoal ataca o Fortunati porque não sabe nada de nada, apenas vomita argumentos sem base na realidade.

    Concordo com a autora que muitos agem com interesses políticos, mas a maioria é uma mistura de ideologia esquerdóide com ignorância sem limites.

  5. Pessoal, vamos usar argumentos e não ofensas. Tô de olho e não libero comentários ofensivos, ok ?

  6. Texto ridículo. Não conheço ninguém que seja contra revitalizar a orla, mas “revitalização” não quer dizer construir shoppings e espigões. Por sinal, um shopping center ali prejudicaria ainda mais o comércio de todo o centro. Uma revitalização do Cais aliado a uma revitalização da Mauá, com acalmia de tráfego, arborização e instalação de mobiliário, e incentivos ao comércio de porta de rua, seria mais barata e traria muito mais benefícios para todos do Centro.

    • Não conheço um único lugar de Porto Alegre em que o comercio foi prejudicado pela construção de um shopping.
      Muito pelo contrario, melhorou.

      • Toda a degradação do comércio do centro tem a ver com a construção de shoppings. O fechamento de todos os cinemas de rua.

        Isso é um fenômeno mundial, documentado, que a contrução de shoppings degrada o comércio de rua, não é algo da minha cabeça. Isso acontece por que quando um shopping abre não brotam milagrosamente do chão novos consumidores, mas as pessoas que antes compravam em outro lugar, passam a comprar no shopping.

  7. Sério, vergonha alheia desse texto… Opinião muito limitada.
    Classificar os contrários ao projeto como esquerdistas?? Agora não podemos mais ter opiniões divergentes na cidade que somos classificados em esquerda ou direita?? Por favor!
    Essa politização não ajuda em nada! E isso vale para os dois lados…
    Tenho diversos amigos que não são nem um pouco esquerdistas e que odiaram a atual proposta, assim como eu. Não sou contra a parceria público privada, mas esse projeto é ridículo em termos de urbanismo e arquitetura. Péssimo gosto!
    Acho que pelos 500 milhões que pretendem investir, poderiam oferecer mais coisas como contrapartidas para o projeto…

    • “Sério, vergonha alheia desse texto… Opinião muito limitada.
      Classificar os contrários ao projeto como esquerdistas?? Agora não podemos mais ter opiniões divergentes na cidade que somos classificados em esquerda ou direita?? Por favor!”
      É o que eu vivo dizendo. Mas o pessoal acha que o mundo de hoje ainda se resume à polarização da Guerra Fria…

  8. É o pessoal estilo Manuela, mete o pau em tudo aqui de Porto Alegre mas acha NY lindo demais…bla bla bla povo podre

    • Estilo Manuela é sério isso?só ler uma opinião contrária já mete politica no meio!!!depois reclamam que nada vai para frente nessa cidade!!!

  9. Projeto cheio de irregularidades!!!Por isso não saiu ainda.Como sempre querem empurrar,atropelar as leis para beneficiar interesses privados!!!

    • Desculpe, mas não é por causa de eventuais irregularidades que grupos políticos estão tentando barrar a revitalização do cais.

    • interesses privados? e como isso exatamente acontece se o projeto se trata de um espaço publico? ou o problema é pelo fato de ser iniciativa privada ou publica? isso fere sua ideologia?

  10. kkkk que ingenua, acha que se não fossem as opiniões contrárias o fortunatti já teria começado a obra. Aceitem, a opinião pública é irrelevante nessas empreitadas, se a obra não começou ainda, é por orçamento e burocracia.

    • Cara, queira tu ou não, foi brilhante o que ela falou.

      • concordo que quem frequenta shoppings é maioria periferia e jovem, é ilusão do século passado achar que shopping é pra burguesia. Nem as novelas se passam mais na burguesia.

      • brilhante porque?
        Falou apenas os pontos que ela acha positivo no projeto, mas deixou de lado os pontos negativos, que são a grande maioria. Coloque o projeto na balança e pense em todos, não apenas em si.

      • Daniel, quais são os ponto negativos que segundo você são a grande maioria? especifique se você realmente tem argumentos pra isso

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