Porto Alegre é capital menos violenta no trânsito brasileiro

Índice de 11,7 mortes por 100 mil habitantes é um terço do registrado por líder, Recife

Jéssica Mello

Índice de 11,7 mortes por 100 mil habitantes é um terço menor que líder, Recife | Foto: Ricardo Giusti / CP Memória

Índice de 11,7 mortes por 100 mil habitantes é um terço menor que líder, Recife | Foto: Ricardo Giusti / CP Memória

Entre as dez capitais mais populosas do Brasil, Porto Alegre foi considerada a cidade menos violenta no trânsito. A Capital tem uma média de 11,7 mortes para cada grupo de 100 mil habitantes. Os dados constam do estudo Retrato da Segurança Viária, elaborado pelo Observatório Nacional de Segurança e Falconi Consultores de Resultado, divulgado nesta segunda-feira. A Capital tem menos da metade dos óbitos das líderes em violência:  Recife (34,7), Fortaleza (27,1) e Belo Horizonte (22,5). Famosa pelo trânsito complicado, São Paulo ficou logo atrás de Porto Alegre, com média de 11,8 mortes por 100 mil habitantes. O relatório leva em conta as mortes ocorridas de 2001 a 2012.

Se a Capital gaúcha tem um tráfego razoavelmente calmo, a região Sul do país não acompanha a tendência. Segundo o estudo, ela é a segunda com maior número de óbitos em acidentes de trânsito, com 27,6 mortes por 100 mil habitantes. Os três estados do Sul ficam abaixo apenas da região Centro-Oeste, que soma 31,8 óbitos.

Um dado preocupante no estudo é o crescimento de mortes com motocicletas. Foi feito um levantamento dos dados de 2012, que indicaram um aumento de 140% nas mortes de motociclistas. A tendência começou em 2010. Para o professor de transportes da Faculdade de Engenharia da UFRGS, João Fortini Albano, os condutores desse tipo de veículo são muito vulneráveis. Geralmente, são motoboys que trabalham com prazos e tendem a acelerar mais e andar no meio dos carros. “O perfil é de direção perigosa, sempre no limite”, analisa Albano. “Este comportamento exige maior fiscalização e uma formação melhor, com exames e aulas em cenário real”, comenta.

Segundo o diretor-presidente do Detran-RS, Ildo Mario Szinvelski, a autarquia gaúcha enviou sugestões ao Denatran e à Associação Nacional dos Detrans para a qualificação de motociclistas. “Acreditamos que a formação deveria ocorrer em duas etapas”, afirma. “Uma em espaço fechado, como é atualmente, e outra no espaço real, além do uso de simuladores”. No entanto, Szinvelski acredita que o principal meio para uma mudança é a conscientização da população. “Todo acidente é precedido por uma infração”.

A análise apontou que o trânsito é a 8ª causa de morte no mundo. Os números aumentam a cada ano. No Brasil, 45,7 mil pessoas morreram nas estradas e ruas em 2012 e 177,4 mil ficaram feridas. O gasto do país em decorrência dos acidentes foi de R$ 16 bilhões. No RS, o custo atingiu a cifra de R$ 653 milhões. A cidade gaúcha com a maior taxa de mortes por 100 mil habitantes é Soledades, com índice de 79,8. Alvorada tem o número mais baixo, com 3,5.

Dados do Detran gaúcho,  de 2014, revelam que o número de mortes teve uma elevação de 1,9% em relação a 2013. Elas passaram de 1.985 para 2.023. Neste período, a variação não acompanhou o crescimento da frota (6,6%) e do cadastro de condutores, que apresentou um crescimento de 3,7%. Os jovens continuam sendo as vítimas mais vulneráveis. Enquanto a faixa etária dos 18 a 39 anos representa 34% da população, ela é responsável por 43% das vítimas de trânsito. Pelo menos um terço dos acidentes, em 2014, ocorreu entre 18h e meia-noite. Quase 40% dos óbitos aconteceram nos finais de semana.

Correio do Povo



Categorias:acidentes de trânsito, Meios de Transporte / Trânsito

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9 respostas

  1. Não acho que Porto Alegre tenha um transito ruim, poderia ser melhor se tivesse um transporte publico de qualidade, mas não chega a ser ruim, conheço outras cidades, muitas até menores, que tem um transito muito pior, e não falo apenas em congestionamento, mas na maneira de dirigir, entre outras coisas.

    E concordo sobre a EPTC, eles fazem milagres.

  2. Para aqueles que falam mal da EPTC, tá aí a resposta. Em tempo: não trabalho na EPTC, apenas admiro o ótimo trabalho que eles tem feito pelo trânsito.

  3. Eles fizeram essa estatística sem englobar as regiões metropolitanas, porém, grande parte da dinâmica de uma rede urbana envolve os municípios vizinhos. Esse estudo ignorou os acidente que ocorrem fora dos limites da capital. Mas é só pegar os dados do IBGE (2009) e a história é bem diferente. Recife mata menos que POA. As regiões metropolitanas das capitais com mais fatalidades são Goiânia (28 por cada 100 mil) e Florianópolis (23,9 por cada 100 mil). Porto Alegre tem 16 mortes por cada 100 mil. A RM com menos mortes é Salvador com 5 mortes a cada 100 mil. Só conferir: http://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?no=4&op=2&vcodigo=MS10&t=obitos-causas-externas-acidentes-transportes-taxa

    • O estudo é este, fera. Porto Alegre é a capital menos violenta. Região Metropolitana é outra história. A propósito, regiões metropolitanas são, muitas vezes, delimitações arbitrárias e sem sentido. Uma morte na rodovia em Taquara ou Glorinha não significa nada para se entender a violência do trânsito da capital.

      • Justo o contrário, são os municípios que tem delimitações arbitrárias, já as regiões metropolitanas são definidas pela continuidade do núcleo urbano. Agora pensa, como comparar capitais tão diferentes sem considerar que, por exemplo, Vitória recebe um fluxo enorme de pessoas dos municípios vizinhos, será que é só pegar o numero de acidentes e dividir pela minúscula população de Vitória?, Curitiba tem o setor industrial dentro do município e é muito mais centralizadora que PoA, onde a indústria esta fora. Já Brasília é um território gigante, fazer estatística comparando maçã com laranja é fácil, pena que elas não dizem nada.

      • Sério que tu acha que ao pensar na violêcia de trânsito de POA tu não deve considerar Canoas por exemplo?

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